Uma santa que
dedicou a vida a fomentar a fidelidade e unidade da Igreja em torno do Santo
Padre numa era de desunião.
Santa Catarina
nasceu em Sena, Itália, em 1347. Ainda bem jovem, entrou na Ordem Terceira de
São Domingos, sobressaindo pelo seu espírito de oração e penitência.
Levada pelo amor a
Deus, à Igreja e ao Pontífice Romano, trabalhou sem descanso pela paz e unidade
da Igreja nos tempos difíceis do desterro de Avignon.
Chegou a ir pedir ao
Papa Gregório XI que voltasse quanto antes a Roma, de onde o Vigário de Cristo
na terra deveria governar a Igreja.
“Se eu morrer, sabei que morro de paixão pela
Igreja”, declarou poucos dias antes da sua morte, ocorrida no dia 30 de Abril
de 1380.
Santa Catarina
escreveu inúmeras cartas, das quais se conservam cerca de quatrocentas; algumas
orações e elevações, e um só livro, o Diálogo, que relata as suas conversas
íntimas com o Senhor.
Foi canonizada por
Pio II e o seu culto estendeu-se rapidamente por toda a Europa.
Santa Teresa diz
que, depois de Deus, devia a Santa Catarina, muito singularmente, o progresso
da sua alma.
Pio IX nomeou-a
segunda padroeira da Itália e Paulo VI proclamou-a Doutora da Igreja.
Sem particular
instrução, aprendeu a escrever quando já era crescida.
Para nós, é um
modelo de amor à Igreja e ao Romano Pontífice, a quem chamava: “O doce Cristo
na terra” (S. Catarina de Sena, Cartas, III), e de clareza e valentia para se
fazer ouvir por todos.
Os papas residiam
naquele tempo em Avignon, França, enquanto Roma, o centro da cristandade, se
transformava numa grande ruína; como é evidente, tal situação acarretava
inúmeras dificuldades à Igreja universal.
E o Senhor levou
Santa Catarina a compreender a necessidade de que os papas voltassem à sede
romana para darem início à ansiada e imprescindível reforma.
Ela correspondeu:
orou incansavelmente, entregou-se à penitência, escreveu ao papa, aos cardeais,
aos príncipes cristãos…
Proclamou ainda, por
todo o mundo, a obediência e o amor ao Pontífice Romano, sobre quem escreveu: “Quem
não obedece a Cristo na terra, àquele que está no lugar de Cristo no Céu, não
participa do fruto do sangue do Filho de Deus” (idem, Carta 207, III).
Com vigor imenso,
dirigiu prementes exortações a cardeais, bispos e sacerdotes, implorando-lhes a
reforma da Igreja e a pureza dos costumes.
E não deixou de os
censurar gravemente, embora sempre com humildade e respeito pela dignidade de
que estavam revestidos; pois “são ministros do sangue de Cristo” (cfr. Paulo
VI, Homilia na proclamação de Santa Catarina de Sena como Doutora da Igreja,
04/10/1970).
Estava convencida de
que a saúde espiritual do rebanho dependia da conversão e do exemplo dos
pastores da Igreja.
Peçamos a Santa
Catarina de Sena a graça de sabermos alegrar-nos com as alegrias da nossa Mãe,
a Igreja, e de sofrer com as suas dores.
E perguntemo-nos
como é a nossa oração pelos pastores que a governam; se oferecemos diariamente
algum sacrifício, horas de trabalho, contrariedades suportadas com serenidade,
pelas intenções do Santo Padre; desejosos de o ajudar a enfrentar a imensa
carga que Deus colocou sobre os seus ombros.
Peçamos também a
Santa Catarina que nunca faltem bons colaboradores ao lado do “doce Cristo na
terra”.
Ao mesmo tempo, era
extraordinariamente enérgica, tal como são as mulheres que amam o sacrifício e
permanecem junto à Cruz de Cristo; e não permitia desfalecimentos nem fraquezas
no serviço a Deus.
Estava convencida de
que, em se tratando da salvação própria e das almas, resgatadas por Cristo com
o seu Sangue; não tinha cabimento enveredar por caminhos de excessiva
indulgência, adoptar por comodismo ou covardia atitudes de débil filantropia, e
por isso gritava: “Basta de unguentos! Pois com tanto unguento estão a apodrecer
os membros da Esposa de Cristo!”
Foi sempre
fundamentalmente otimista e não desanimava se, depois de ter feito o que estava
ao seu alcance, os assuntos não se resolviam à medida dos seus desejos.
Durante toda a vida,
foi uma mulher profundamente delicada.
Os seus discípulos
recordaram sempre o seu sorriso aberto e o seu olhar franco; andava sempre bem
arrumada, amava as flores e costumava cantar enquanto caminhava.
Quando um personagem
da época, incitado por um amigo, a procurou para conhecê-la, esperava encontrar
uma pessoa de olhar oblíquo e sorriso ambíguo, mas teve a grande surpresa de
encontrar uma mulher jovem, de olhar claro e sorriso cordial; que o acolheu
“como a um irmão que voltava de uma longa viagem”.
Pouco tempo depois
do retorno a Roma, o papa morreu. A eleição do sucessor deu início ao cisma que
tantas dilacerações e dores provocaria na Igreja.
Santa Catarina falou
e escreveu a cardeais e réis, a príncipes e bispos… Em vão.
Exausta e cheia de
pena, ofereceu-se a Deus como vítima pela Igreja.
Num dia de Janeiro,
quando rezava diante do túmulo de São Pedro, sentiu sobre os ombros o imenso
peso da Igreja, como aconteceu com outros santos. Mas o tormento durou poucos
meses: em 29 de Abril, por volta do meio-dia, Deus a chamou para a Sua glória.
Do leito de morte,
dirigiu ao Senhor esta comovente oração: “Ó Deus eterno, recebe o sacrifício da
minha vida em benefício deste Corpo Místico da Santa Igreja. Não tenho nada
para te oferecer senão o que Tu mesmo me deste” (S. Catarina de Sena, Carta
371, V).
Alguns dias antes,
tinha dito ao seu confessor: “Eu lhe garanto que, se morrer, a causa única da
minha morte será o zelo e o amor à Igreja que me abrasa e me consome…”.
Os nossos dias
também são de provações e dor para o Corpo Místico de Cristo. Por isso, “Temos
de pedir ao Senhor, com clamor incessante (cfr. Is 58, 1); Que os abrevie, que
olhe com misericórdia para a sua Igreja e conceda novamente a luz sobrenatural
às almas dos pastores e às de todos os fiéis”.
Ofereçamos a nossa
vida diária, com as suas mil pequenas incidências, pelo Corpo Místico de
Cristo.
O Senhor nos
abençoará, e Santa Maria, Mãe da Igreja, derramará a sua graça sobre nós com
particular generosidade.
Santa Catarina nos
ensina a falar com clareza e valentia quando se debatem assuntos que afectam a
Igreja, o Sumo Pontífice ou as almas.
Não serão poucos os
casos em que teremos a grave obrigação de esclarecer a verdade e, nessas
ocasiões; Podemos aprender de Santa Catarina, que nunca retrocedeu diante do
fundamental porque tinha a sua confiança posta em Deus.
O Apóstolo São João
nos diz: “Eis a mensagem que ouvimos de Jesus e vos anunciamos: Deus é luz e
nele não há nenhuma espécie de trevas” (1 Jo 1, 5). Aqui estava a origem da
força dos primeiros cristãos, bem como da dos santos de todos os tempos:
Não ensinavam uma
verdade própria, mas a mensagem de Cristo que nos foi transmitida de geração em
geração.
É o vigor de uma
Verdade que está por cima das modas, da mentalidade de uma época concreta.
Devemos aprender
cada vez mais a falar das coisas de Deus com naturalidade e simplicidade; Mas,
ao mesmo tempo, com a segurança que Cristo nos pôs na alma.
Diante da campanha
sistematicamente organizada para obscurecer a verdade ou silenciar toda obra
boa e recta; Que às vezes mal têm eco nos grandes meios de comunicação, nós,
cada um no seu ambiente, temos de actuar como porta-vozes da verdade.
Alguns papas falaram
da conspiração do silêncio (cfr. Pio XI, Enc. Divini Redemptoris, 10/03/1937)
que se tece em torno das boas obras; Literárias, cinematográficas, religiosas,
de benemerência social, promovidas por bons católicos ou por instituições
organizadas por católicos.
São silenciadas ou
deixadas na penumbra justamente porque são promovidas por católicos; Enquanto
se orquestram louvores a obras ou iniciativas que atentam contra os valores
humanos; Que pregam uma falsa liberdade e a antissolidariedade, ou que apagam
do horizonte do homem as ânsias de Deus.
Podemos fazer grande
bem neste apostolado da opinião pública.
Às vezes, só
conseguiremos esclarecer os vizinhos, os amigos que visitamos ou nos visitam,
os colegas de trabalho…
Em outros casos,
poderemos ir um pouco além, por meio de uma carta aos jornais, de uma ligação
telefónica a uma emissora de rádio ou de televisão; Não nos furtando a
responder ao questionário de uma pesquisa de opinião pública…
Devemos afastar a
tentação do desalento, o sentimento de que “pouco podemos fazer”.
Um rio caudaloso é
alimentado por pequenos riachos, que, por sua vez, se formaram gota a gota.
Que não falte a
nossa.
Foi assim que os
primeiros cristãos começaram.
Peçamos hoje a Santa
Catarina que nos comunique um pouco do seu amor à Igreja e ao Sumo Pontífice; E
que tenhamos o anseio de divulgar a doutrina de Cristo em todos os ambientes,
por todos os meios ao nosso alcance; Com imaginação e com amor, com optimismo e
de modo positivo, sem negligenciar uma única oportunidade.
E, com palavras da
santa, peçamos também a Nossa Senhora: “A ti recorro, Maria!
Ofereço-te a minha
súplica pela doce Esposa de Cristo e pelo seu Vigário na terra; para que lhe
seja concedida luz para governar a Santa Igreja com discernimento e prudência”
(Santa Catarina de Sena, Oração, XI).