É preciso aprender a ser feliz
O amor aprende-se e, além disso, necessita de esforços, renúncias e sacrifícios. Para isso, é fundamental: começar sempre de novo, não ficar lembrando ofensas, ter respeito mútuo (fala, ação, gestos), dinamizar a vida conjugal, não discutir por coisas e nada, ter vida sexual saudável, educar a vontade: objetivo, determinação, persistência, ter senso de humor, superar os momentos difíceis, saber escutar, aprender a dialogar, adquirir a graça da comunicação, ter cortesia, tato, procurar agradar ao outro, não viver num mundo de sonhos e de ideais angelicais, expulsar o pessimismo da vida e das palavras (críticas e acusações, opiniões pejorativas, danificar a imagem do outro, generalizações negativas, centralizar detalhes negativos e aumentá-los, antecipar-se no negativo…)
É preciso aprender a ser feliz. Amar é algo que ninguém nasce já ensinado. Ninguém ama por geração espontânea. O amor verdadeiro exige aprendizagem, treino, começo e recomeço. O lar cristão precisa de ser uma escola onde se aprende a amar verdadeiramente. Esta aprendizagem é impossível sem a vivência e a prática de uma espiritualidade conjugal encarnada. Espiritualidade conjugal é para ser vivida na carne, situada no tempo e no espaço. Podemos falar em espiritualidade conjugal exatamente porque foi o próprio Deus que, ao longo das páginas da Sagrada Escritura, se apropriou desta imagem para expressar e manifestar o seu infinito amor pela humanidade. O amor conjugal precisa de ser anúncio explícito do amor apaixonado de Deus pela humanidade.
Não existe nenhum amor mais intenso e profundo do que o amor conjugal. O envolvimento amoroso de um casal é o mais pleno que existe, pois implica corpo, alma, coração, sentimentos, emoções, sangue e sonhos. Tudo isto porque Deus o fez instrumento de revelação do seu amor por nós.
A espiritualidade conjugal, e, como consequência, a espiritualidade familiar, tem a grande missão de ajudar o ser humano moderno a encontrar os caminhos para essa ajuda do Alto. A espiritualidade conjugal precisa de ajudar no processo de compreensão e superação dos desafios modernos que se tornaram ameaças à fidelidade e à convivência. É preciso combater a cultura do provisório, compreender as diferenças entre homem e mulher, ajudar a criar estruturas de apoio à família, achar caminhos para vencer a ideia de que tudo é fácil, sem esforço, e que a vida pode ser vivida na superficialidade.
O cuidado pelo próprio amor deveria ser a mais importante missão de um casal cristão.