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Violência psicológica, sabes o que é?
- 21-09-2020
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Violência psicológica é um tipo de agressão que, em vez de magoar
o corpo da vítima, traz danos ao seu psíquico e emocional, fere o equilíbrio
afectivo, a capacidade de tomar decisões e o estado de bem-estar necessário que
para que o indivíduo possa viver com dignidade.
Este tipo de hostilidade não deixa sinais físicos, por isso
não é tão perceptível, mas, por vezes, imprime marcas negativas tão profundas
em quem a sofre, que abalam e traumatizam pelo resto da vida.
Um factor que está geralmente ligado à violência psicológica
é a dependência afectiva da vítima. De alguma forma, o agredido vê, na brutalidade
do agressor, um tipo de segurança para ele. A carência afectiva o faz manter
uma certa cumplicidade com tais sofrimentos, associa que o parceiro com
temperamento explosivo é o protector, o ciúme patológico como demonstração de
quem quer manter o relacionamento a todo o custo e as ameaças como que gestos
desesperados de amor.
Outro ponto é que a pessoa dominada, na maioria das vezes,
tem baixa autoestima, um provável reflexo de opressões e angústias vivenciados no
seu histórico.
Não somente os casais vivem este tipo de problema, mas
crianças, pessoas deficientes e idosos que dependem dos cuidados de outros.
Estes, não raramente, sofrem por negligência, impaciência e intolerância dos
seus responsáveis. Também eles podem sofrer os tipos de violência relatados a
seguir.
Os tipos de agressões
– Violência verbal:
caracteriza-se por proferir obscenidades ou palavras que desclassificam e
julgam o outro incapaz.
– Indiferença: é o comportamento neutro, a omissão ou o
descaso com a vida e as necessidades do outro, o que, por vezes, magoa mais do
que o ódio declarado.
– Intolerância ou discriminação: despreza as características,
a cultura, os valores e a crença do outro.
– Perseguição: disposição em causar dano ou mesmo só o
escárnio a alguém de forma sequencial, quando não basta agredir ou
ridicularizar apenas uma vez. Numa palavra mais moderna, é o famoso bullying.
– Chantagem: condicionar o bem que se pode fazer ao outro,
isentá-lo de punição ou suprir uma das suas necessidades mediante uma
retribuição ou satisfação imoral para o agressor.
– Causar dependência do outro: acontece quando uma pessoa
identifica (ainda que inconscientemente) a carência afectiva do outro e usa
disso para oprimir, sufocar e impor as suas vontades na vida dele.
– Económica: Sustentar o outro em necessidades básicas ou os
seus apegos e vícios; em troca, tirar a sua liberdade e impor condições para
satisfazer a vontade própria.
– Exposição pública: constranger, desrespeitar, causar medo
ou vergonha, divulgar factos da intimidade de alguém, de forma que muitas
outras pessoas possam ver ou ter acesso. Também, denunciar em público o que
deveria ser levado a uma autoridade.
– Impor condição privilegiada: O agressor argumenta que a sua
condição está acima da da vítima e, por isso, ninguém vai acreditar nele ou
considerá-lo.
– Ameaça ou intimidação: Quando o agressor impõe uma
vantagem, força ou instrumento de força (uma arma, por exemplo) apenas como
forma de intimidar, ameaçando de agressão física ou obrigando a vítima a ceder
algo contra a sua vontade.
Há também a violência psicológica institucionalizada, como é
o caso do terrorismo, dos governos ditatoriais e da acção de organizações
criminosas, verdadeiros organismos que se articulam para impor os seus ideais a
um povo ou localidade.
Provavelmente, todos nós, ainda que num nível superficial,
vivenciamos algum destes tipos de violência psicológica. Na escola, em casa, no
trabalho, entre conhecidos, na rua, fomos vítimas ou quem sabe agressores. Daí
a importância de tomarmos consciência do mal que podemos fazer e renunciar a
este tipo de atitude.
Num mundo em que, cada vez mais, vive a violência de tantos
tipos, precisamos, a partir de nós, de romper com todo o tipo de agressão,
desde os nossos mais simples gestos.
Sandro Arquejada