Violência... em nome de Deus?
Todos os dias somos confrontados com actos de violência extrema, em nome da religião. Mas será que Deus pede mesmo isto?
Uma história de violência
Cristianismo
Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei. Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, (Jesus Cristo)
As cruzadas
Na Idade Média os Papas, com o apoio de alguns reis, organizaram as Cruzadas com a finalidade de recuperar a Terra Santa onde Jesus viveu. Os exércitos cristãos julgavam estar a fazer a vontade de Deus quando matavam os ocupantes. Todas essas guerras cristãs semearam a destruição e a morte. Acabaram num grande fracasso.
A Inquisição
A Inquisição vem também da Idade Média. Era um tribunal que julgava as pessoas hereges e as condenava por vezes à morte. Não havia tolerância nem liberdade religiosa. A Inquisição foi instaurada em Portugal em 1536 por D. João III e durante séculos houve pessoas mortas por quem, em nome de Deus, julgava fazer uma obra boa.
Islamismo
Vós que acreditais, vivei todos em paz.
Corão
A guerra santa
Maomé fundou no século VII uma religião, cujo centro é Meca. Pregava a “jihad”, que consistia no empenho de impor o islamismo, a todos os povos. Os califas, seus sucessores, encarregam-se de submeter os povos pela violência. Faziam-no em nome de Deus (Alá). Chegaram ao norte de África e à Península Ibérica.
O Estado Islâmico
Esta organização terrorista, que prega a guerra santa em nome de Alá, nasceu recentemente e tem como finalidade obrigar as pessoas a seguirem o Islamismo. O “Estado Islâmico” já controla grande parte do Iraque e da Síria. Quem não aceita nesta religião as suas leis, corre o risco de ser morto.
Porquê a violência em nome de Deus?
As contradições
Todas as religiões têm como ideal a paz. Mas em todas as épocas da história há geralmente crentes que interpretam de maneira diferente os textos sagrados: a Bíblia para os cristãos e o Corão para o islamismo. De facto, nestes textos, ao lado de muitas palavras de paz, há textos guerreiros.
Os cruzados cristãos gritavam: “Deus o quer!” Hoje sabemos que Deus não quer a morte de ninguém, mas que todos vivam.
Os maus muçulmanos, ao semearem o terror, julgam que esta é a vontade de Alá e que terão o Céu como recompensa.
Os fanáticos
Em todas as religiões há sempre alguns fanáticos. Julgam-se possuidores de toda a verdade e querem impô-la aos outros através da violência.
Actualmente este “fundamentalismo” é mais visível nos líderes do Estado islâmico. O fanatismo é tão forte que leva os crentes seguidores de Maomé a sacrificarem a própria vida, persuadidos que serão recompensados por Deus!
Podem existir também fanáticos no cristianismo, embora se limitem a utilizar a arma da palavra e da murmuração. O papa Francisco já denunciou várias vezes este fanatismo, que é contrário ao Evangelho.
A violência religiosa é excepção
As religiões vivem pacificamente
Apesar de ter havido ou haja quem pratique a violência em nome de Deus, a verdade é que a imensa maioria dos crentes nada tem a ver com o fanatismo ou com o fundamentalismo.
A grande maioria dos muçulmanos e dos cristãos acreditam que Deus gravou no coração de cada pessoa o mandamento “Não matarás!” Por isso, para os crentes a vida humana é um valor a respeitar. Todas, em excepção, condenam o assassínio.
Igualmente todos os crentes afirmam que não devemos fazer aos outros aquilo que não queremos que nos façam a nós. E para todos a paz é um bem precioso.
Existe o diálogo inter-religioso
Apesar de ter havido ou haja quem pratique a violência em nome de Deus, os responsáveis religiosos reúnem-se para dialogar acerca daquilo que une as religiões.
O Papa Francisco, em Maio de 2014, ao visitar Jerusalém, encontrou-se com líderes religiosos e, junto ao Muro das Lamentações, abraçaram-se fraternalmente. Pouco tempo depois, reuniram-se no Vaticano, onde plantaram uma oliveira, como sinal de paz. Nas suas viagens pastorais, está habitualmente no programa, um encontro com os líderes das outras religiões, num grande respeito pelas diferenças. Porque o Deus é Amor, Deus é Paz.
O cristianismo
Cerca de 2,2 biliões de pessoas.
Um quarto dos cristãos vive na Europa, o outro na América central e do sul, o terceiro na África. 12% na América do Norte e 13% na Ásia. É a religião mais dispersa.
Origem: Jesus foi um judeu nascido na Palestina. Os seus discípulos reconheceram-no como o Filho de Deus, que veio à Terra para salvar a humanidade. Foi morto e ressuscitou.
Os cristãos estão divididos: católicos (50%), ortodoxos e protestantes.
O Islamismo
Cerca de 1,5 biliões de pessoas.
62% dos muçulmanos vive na Ásia (sobretudo na Indonésia e Paquistão) e 205 vivem nos países árabes (África do Norte e Médio Oriente).
Origem: Maomé nasceu por volta do ano 570 depois de Cristo, na actual Arábia Saudita. Acreditam num Deus único, Alá, que revelou os preceitos que todos os muçulmanos devem seguir. Acreditam que o Corão foi ditado a Maomé por Deus.
Os muçulmanos estão divididos por duas correntes: os sunitas e os chiitas.