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Uma grávida morre num acidente. Onde está Deus?

 

Uma grávida morre num acidente. Onde está Deus numa experiência sem sentido como esta?

 

“Não fique triste, a mamã está no céu”. É uma frase bonita, mas não o bastante para consolar alguém que não encontra sentido em certos acontecimentos

 

Ser honesto com uma pessoa desesperada ou sem esperança pode ser uma falta de tacto ou certa amostra de crueldade.

 

 “A verdade vos fará livres”, diz o Evangelho. Mas Sófocles também argumentou: “É terrível saber a verdade quando ela não serve à pessoa informada”.

 

Há pessoas extremamente justas na sua integridade; tão honestas que se tornam desonestas. A honestidade não depende do sentido. Quem poderia imaginar que se alguém é muito focado na integridade é capaz de causar dano a si mesmo?

 

Sim, uma honestidade exagerada pode amargar a vida de alguém e até destruir relações. No entanto, uma pessoa íntegra quer ser honesta, ou seja, conhecer o outro de verdade.

 

A existência do sentido exclui o sem sentido? E o sem sentido pode ter sentido?

 

Uma mulher jovem morre e dizemos ao filho dela: “não fiques triste, a mamã está no céu, ela está bem ali”. É uma boa frase, mas não o bastante para um consolo verdadeiro.

 

Com muita facilidade e rapidez, tratamos de dar sentido a todas as experiências. E não é em tudo que se pode encontrar. Há acontecimentos e decisões humanas que não fazem sentido, e não é certo tentar buscá-lo.

 

Foi impressionante o caso de uma mulher jovem que morreu quando estava no último mês de gravidez. Foi terrivelmente absurdo: morreu num acidente automobilístico causado por dois jovens, devido à irresponsabilidade e descuido deles. Eles também presenciaram a morte da mulher e ficaram atordoados.

 

O que não tem sentido cria mais ideias sem sentido. A maneira imprudente de dirigir dos jovens causou uma tragédia. A pessoa que vive ou age de forma que não tem sentido pode provocar um incidente sem sentido.

 

Onde está Deus quando alguém passa por uma experiência sem sentido?

 

Ele está perto de quem sofre esta experiência. Deus apresenta-se em forma de um sentido. O acontecimento em si não tem sentido, mas o significado acompanha o homem, pois Deus nunca abandona um ser humano. Nem a mulher que morre no meio do caminho.

 

Ele viajou com Edith Stein a Auschwitz. Deus esteve na câmara de gás com ela. Matar uma mulher só porque ela era judia foi o cúmulo do sem sentido. No entanto, desta morte sem sentido surgiu um sentido. Este é o grande mistério.

 

Na cruz, Jesus experimentou a maior insensatez que se poderia imaginar. Mas Ele mesmo demonstrou que o sentido é maior que o sem sentido. O sentido derivou daquilo que não tem sentido. No entanto, creio que é preciso ser cuidadoso ao tentar encontrar o sentido no que não tem sentido.

 

Deve-se buscar sentido no pecado?

 

O pecado é uma negação do sentido. E vai além: choca-se contra o sentido, trata de o destruir.

 

Cristo é como nós em tudo (menos no pecado). Ele não está no nosso pecado, mas está perto dos que pecaram. Está no sofrimento que conduz à falta de sentido. Está na nossa dor. Está no seu núcleo. Talvez, o próprio Cristo seja a nossa dor.

 

Cristo não anula a inutilidade do pecado e não menospreza o seu lado maligno. Mas também não vira as costas ao pecador, não lhe tira o sentido.

 

Pelo contrário, Ele dá a esperança de que a vida, apesar do mal que foi cometido, pode ter sentido, pode voltar a ficar imersa no sentido.

 

Do livro: P. Krzysztof Grzywocz, Hubo sentido al principio, Editorial WIĘŹ, 2018.

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