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Se Deus conhece as nossas necessidades, por que rezamos?
- 13-07-2020
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A resposta a esta pergunta pode parecer simples: porque Deus nos convida a orar! Mas não é só isso.
No Evangelho de Mateus, Jesus deixa-nos um ensinamento: “Pedi e recebereis” (Mateus 7, 7). Portanto, se queremos alguma coisa de Deus, devemos pedir. E Jesus reforçou a importância da perseverança na oração na parábola do juiz iníquo (Lucas 18, 1-8).
Nesta parábola, um juiz não temia a Deus nem respeitava as pessoas. Uma viúva que vivia na mesma cidade insistia com o juiz para que lhe fizesse justiça contra um adversário. Por muito tempo o juiz se negou. Mesmo diante das seguidas recusas, a viúva continuou a insistir, até que o juiz pensou: “Eu não temo a Deus, nem respeito os homens; mas, porque esta viúva me importuna, far-lhe-ei justiça, senão ela não cessará de me molestar” (v. 4-5).
Na sequência do Evangelho, Jesus completa: “Por acaso não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que estão clamando por Ele dia e noite? Porventura tardará em socorrê-los?” (v. 7).
Portanto a nossa oração tem que ser perseverante. Deus, nosso Pai, sabe das nossas necessidades, antes mesmo de fazermos os nossos pedidos.
Mas se Deus sabe o que precisamos, então por que devemos fazer as nossas orações?
Porque Deus nos convida a orar. É na oração que o nosso coração se aproxima do céu. Através da nossa oração conseguimos viver uma vida de intimidade com Deus, um verdadeiro relacionamento pessoal.
Na 1ª carta aos Tessalonicenses, São Paulo diz-nos: “Orai sem cessar! Em todas as circunstâncias dai graças, porque esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo” (Tessalonicenses 5, 17-18).
Busquemos intensificar a nossa oração, a nossa conversa com Deus. É com fé e perseverança que vamos receber a graça que pedimos a Deus. Afinal, Jesus prometeu que “tudo o que pedirdes na oração, crede que o tendes recebido e ser-vos-á dado” (Marcos 11, 24).
REZAR SEMPRE
Muita gente não consegue parar no meio do dia para rezar. Mas há algumas estratégias para se manter sempre com os pensamentos em Deus
Quantas vezes já disseste: “Estou muito ocupado para rezar”?
Então, calma! Vou te dar uma mão…
É verdade que algumas pessoas, diante das exigências dos deveres diários e das distracções dos enganos mundanos, fugiram para o deserto, para uma caverna ou mosteiro (sejamos claros: este não é o caminho mais fácil!). Em silêncio e solidão, eles construíram as suas vidas em torno de um ritmo de oração ao longo do dia.
São Bento, um dos grandes pais do monaquismo ocidental, é conhecido pelo seu lema, “Ora et labora“. (“Ora e trabalha”.) Este lema precisa de ser contextualizado. Ele também disse: “Nihil Operi Dei praeponatur.” (“Nada se anteponha ao Ofício Divino”). Por outras palavras, a vida monástica é uma maneira de viver um ritmo constante de oração (ou seja: Missa e Liturgia das Horas), pontuada por um trabalho diligente, com uma rotina diária bem definida e altamente regulamentada.
Muitas pessoas boas lerão isto e dirão: “Isto não é para mim. Eu não tenho essa opção! Tenho refeições para cozinhar, contas a pagar, pais idosos para cuidar, filhos para vigiar e uma esposa que é tão teimosamente humana como eu… ”, e assim por diante.
É claro que muitas pessoas, sem culpa alguma, não podem imitar os monásticos e parar o que estão a fazer em determinado horário e cantar louvores divinos.
Então, se as pessoas muito ocupadas não rezam, elas são boas candidatas à invasão do inimigo, que está ansioso demais para plantar a sua bandeira nas mentes e nos corações humanos. Certo?
Mas com um pouco de esforço, alguma esperança e um pouco de prática qualquer pessoa pode estabelecer algumas rotinas de oração para permanecer conectado a Deus. Às vezes, o plano precisa de ser de curto prazo. Não há tempo para uma hora santa ou o rosário. Mas, em vez disso, apenas posso rezar a Ladainha de Nossa Senhora ou dizer algumas jaculatórias: Jesus, eu confio em Vós, Nossa Senhora, valei-me, santificai-me, etc.
A segunda estratégia requer um pouco mais de planeamento. É verdade que algumas pessoas simplesmente não podem parar em intervalos regulares e, digamos, fazer uma Hora Santa ou rezar (individual ou comunitariamente) a Liturgia das Horas. No entanto, podes separar trechos de sabedoria e das Escrituras para ter em mãos ao longo do dia. Aqui estão três citações de santos que eu anotei em pedaços de papel e levo comigo sempre bolso da camisa. Ao longo do dia, quando tenho tempo (ou pouco tempo) refeitos sobre estas frases:
“A verdade sofre, mas nunca morre.” (Santa Teresa de Ávila)
“Encontramos descanso naqueles que amamos e proporcionamos um local de descanso para aqueles que nos amam.” (São Bernardo de Claraval)
“É melhor ser filho de Deus do que rei do mundo inteiro!”. (São Luís Gonzaga)
Mesmo que eu tenha apenas tempo para rezar uma delas enquanto tomo uma xícara de café ou aguardo a impressão de um documento, consigo ter a minha mente e o meu coração, atraídos pela sabedoria santa e longe das vozes irritantes, queixosas e com pena de si mesmas, de tentação e distracção que formam uma constante barragem do mundo, da carne e do diabo. Manter essas frases em pedaços de papel é um lembrete tangível de que não estou sozinho as minhas lutas e que tenho a comunhão dos santos e todo o céu a interceder por mim.
Qualquer pessoa pode adoptar uma prática semelhante. E, claro, é sempre uma boa ideia ter alguma arma das Escrituras à mão, caso o inimigo faça um ataque directo contra a nossa mente e coração.
Nem todos temos que ser monges e monjas para seguir o mandamento de Cristo de “orar sempre e não desanimar”.