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Qual a maior virtude do ser humano?

O ser humano é dotado de virtude e dons, mas entre todos qual é a maior?

“Por hora subsistem a fé, a esperança e a caridade – as três. Mas, a maior delas é a caridade” (I Coríntios 13, 13). Nesta leitura da Carta de São Paulo aos Coríntios encontramos um belo e conhecido texto, o hino à caridade. O apóstolo não somente nos apresenta conceitos sobre esta virtude, como também é direto e prático ao falar desta riqueza da vida cristã, à qual ele se refere como a maior de todas as virtudes.

Já o Catecismo da Igreja Católica, no nº 1.822, descreve o amor desta forma: “A caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas, por si mesmo, e a nosso próximo como a nós mesmos, por amor de Deus”. Então podemos entender que o termo “caridade” resume o primeiro e o maior de todos os mandamentos: Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo.

Como praticar estas virtudes?

– “A caridade é paciente”. A paciência é a “virtude que nos faz suportar com resignação a maldade, as injúrias, as importunações. Esperar com calma”. Como me comporto diante dos defeitos do outro? Julgo-o, condeno-o e comento com os outros? Ou preocupo-me com ele, rezo por ele e procuro ajudá-lo? Quando procuramos conhecer as nossas fraquezas e limites temos um novo olhar para o outro. Observe os seus pecados, veja quanto você luta para não os cometer; assim, quando vir o outro errar, pense que ele está na mesma luta que você.

– “A caridade é benfazeja”. Benfazejo é a característica de quem pratica o bem, ou seja, de quem “põe a mão na massa”. Pergunte-se agora se as suas práticas com as pessoas são boas. Tenho algumas dicas para si: comece por lavar a xícara que o seu colega deixou suja, apanhe a roupa do varal para a sua mãe ou esposa, seja educado e gentil com todos.

– “A caridade não é invejosa”. Inveja não é somente desejar o que o outro tem, mas também quando não colaboramos para que o outro tenha algo. Quando ouvimos um elogio sobre alguém e começamos a expor as limitações dessa pessoa ou quando somos pessimistas ao ouvirmos os sonhos e planos alheios. Promova o outro, busque sempre algo de bom nas pessoas ao falar delas, mesmo que elas tenham muitos defeitos; afinal, todos temos qualidades.

– “A caridade não é presunçosa”. Por vezes, empolgados por uma conquista ou por futilidades que vivemos, achamos que somos poderosos, que não precisamos de ninguém. A presunção é um mal que corrói os relacionamentos. Reconhecer o esforço dos nossos pais, permitir que os amigos nos corrijam, e reconhecer que precisamos de ajuda é essencial. Ser caridoso também é permitir que o outro participe da nossa vida.

– “A caridade não é orgulhosa”. Orgulho é quando nos achamos superiores ao outro. Enquanto a presunção é julgar que não precisamos do outro; o orgulho é exaltar-nos de tal forma que acreditamos que as nossas qualidades sejam sempre superiores às das outras pessoas. Aceite a opinião do outro, reconheça as suas qualidades, mas também os seus defeitos. Exponha as suas ideias, mas aceite se a ideia do outro for melhor ou diferente.

– “A caridade não é interesseira”. Por que me aproximo das pessoas? Por que as ajudo? Você já fez algo por alguém e na hora pensou em algo que essa pessoa poderia fazer por você depois? O interesse é totalmente contrário à caridade por colocar em xeque a gratuidade do acto. O Evangelho de São Lucas 6, 32 alerta sobre esse mal: “Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis?” Amar os que nos amam já traz o pagamento no amor recebido de volta, porém, a real caridade é quando amamos os que falam mal de nós ou não nos querem por perto.

– “A caridade não se encoleriza”. Encolerizar-se é encher de raiva e rancor; e um dos frutos da caridade é a mansidão. Ser manso, muitas vezes, é ser visto como uma pessoa boba e sem atitude; mas isso não é real. A mansidão é justamente saber o limite do que posso ou não em relação ao outro. É não responder às ofensas com a mesma moeda; é esperar o tempo do outro para conversar, não agredir ou alimentar o desejo de vingança. Não podemos viver uma vida reféns de um sentimento, peçamos que o Espírito Santo venha sobre os nossos sentimentos. E queiramos agir de modo diferente, e desejemos a mansidão, que é um fruto da caridade.

Viver a caridade

Enfim, a caridade é a porta para um verdadeiro relacionamento com Deus e com o próximo. Diante de tantas características apresentadas, você pode pensar como vai conseguir viver todas elas. Calma! A caridade é paciente, comecemos por isso, tenhamos paciência connosco mesmos. Com a ajuda deste texto, e tudo o que foi vindo ao seu coração, faça um bom exame de consciência e busque dedicar-se a um aspecto da caridade, depois passe para outro; e assim por diante. O importante é que não paremos nos nossos limites, pois viver a caridade é abrir espaço na nossa vida para as alegrias do céu.

Leia a vida dos santos da Igreja e verá que cada um viveu de forma pessoal a caridade cristã. Certamente podemos aprender com eles as várias faces desta virtude sublime.

Que São Vicente de Paulo, o santo da caridade, nos possa inspirar a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.

 

 

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