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Qual a maior virtude do ser humano?
- 10-06-2024
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O ser humano é dotado de virtude e dons, mas
entre todos qual é a maior?
“Por
hora subsistem a fé, a esperança e a caridade – as três. Mas, a maior delas é a
caridade” (I Coríntios 13, 13). Nesta leitura da Carta de São Paulo aos
Coríntios encontramos um belo e conhecido texto, o hino à caridade. O apóstolo
não somente nos apresenta conceitos sobre esta virtude, como também é direto e
prático ao falar desta riqueza da vida cristã, à qual ele se refere como a
maior de todas as virtudes.
Já o
Catecismo da Igreja Católica, no nº 1.822, descreve o amor desta forma: “A
caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas,
por si mesmo, e a nosso próximo como a nós mesmos, por amor de Deus”. Então
podemos entender que o termo “caridade” resume o primeiro e o maior de todos os
mandamentos: Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo.
Como praticar estas virtudes?
– “A
caridade é paciente”. A paciência é a “virtude que nos faz suportar com
resignação a maldade, as injúrias, as importunações. Esperar com calma”. Como
me comporto diante dos defeitos do outro? Julgo-o, condeno-o e comento com os outros?
Ou preocupo-me com ele, rezo por ele e procuro ajudá-lo? Quando procuramos
conhecer as nossas fraquezas e limites temos um novo olhar para o outro.
Observe os seus pecados, veja quanto você luta para não os cometer; assim,
quando vir o outro errar, pense que ele está na mesma luta que você.
– “A
caridade é benfazeja”. Benfazejo é a característica de quem pratica o bem, ou
seja, de quem “põe a mão na massa”. Pergunte-se agora se as suas práticas com
as pessoas são boas. Tenho algumas dicas para si: comece por lavar a xícara que
o seu colega deixou suja, apanhe a roupa do varal para a sua mãe ou esposa,
seja educado e gentil com todos.
– “A
caridade não é invejosa”. Inveja não é somente desejar o que o outro tem, mas
também quando não colaboramos para que o outro tenha algo. Quando ouvimos um elogio
sobre alguém e começamos a expor as limitações dessa pessoa ou quando somos
pessimistas ao ouvirmos os sonhos e planos alheios. Promova o outro, busque
sempre algo de bom nas pessoas ao falar delas, mesmo que elas tenham muitos
defeitos; afinal, todos temos qualidades.
– “A
caridade não é presunçosa”. Por vezes, empolgados por uma conquista ou por
futilidades que vivemos, achamos que somos poderosos, que não precisamos de
ninguém. A presunção é um mal que corrói os relacionamentos. Reconhecer o
esforço dos nossos pais, permitir que os amigos nos corrijam, e reconhecer que
precisamos de ajuda é essencial. Ser caridoso também é permitir que o outro
participe da nossa vida.
– “A
caridade não é orgulhosa”. Orgulho é quando nos achamos superiores ao outro. Enquanto
a presunção é julgar que não precisamos do outro; o orgulho é exaltar-nos de
tal forma que acreditamos que as nossas qualidades sejam sempre superiores às
das outras pessoas. Aceite a opinião do outro, reconheça as suas qualidades,
mas também os seus defeitos. Exponha as suas ideias, mas aceite se a ideia do
outro for melhor ou diferente.
– “A
caridade não é interesseira”. Por que me aproximo das pessoas? Por que as
ajudo? Você já fez algo por alguém e na hora pensou em algo que essa pessoa
poderia fazer por você depois? O interesse é totalmente contrário à caridade
por colocar em xeque a gratuidade do acto. O Evangelho de São Lucas 6, 32 alerta
sobre esse mal: “Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis?” Amar
os que nos amam já traz o pagamento no amor recebido de volta, porém, a real
caridade é quando amamos os que falam mal de nós ou não nos querem por perto.
– “A
caridade não se encoleriza”. Encolerizar-se é encher de raiva e rancor; e
um dos frutos da caridade é a mansidão. Ser manso, muitas vezes, é ser visto
como uma pessoa boba e sem atitude; mas isso não é real. A mansidão é
justamente saber o limite do que posso ou não em relação ao outro. É não
responder às ofensas com a mesma moeda; é esperar o tempo do outro para
conversar, não agredir ou alimentar o desejo de vingança. Não podemos viver uma
vida reféns de um sentimento, peçamos que o Espírito Santo venha sobre os nossos
sentimentos. E queiramos agir de modo diferente, e desejemos a mansidão, que é
um fruto da caridade.
Viver a caridade
Enfim,
a caridade é a porta para um verdadeiro relacionamento com Deus e com o
próximo. Diante de tantas características apresentadas, você pode pensar como
vai conseguir viver todas elas. Calma! A caridade é paciente, comecemos por isso,
tenhamos paciência connosco mesmos. Com a ajuda deste texto, e tudo o que foi
vindo ao seu coração, faça um bom exame de consciência e busque dedicar-se a um
aspecto da caridade, depois passe para outro; e assim por diante. O importante
é que não paremos nos nossos limites, pois viver a caridade é abrir espaço na
nossa vida para as alegrias do céu.
Leia
a vida dos santos da Igreja e verá que cada um viveu de forma pessoal a
caridade cristã. Certamente podemos aprender com eles as várias faces desta
virtude sublime.
Que
São Vicente de Paulo, o santo da caridade, nos possa inspirar a amar a Deus
sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.