Temas de Formação
Por que é que os católicos não comem carne às sextas-feiras na Quaresma
- 06-03-2020
- Visualizações: 182
- Imprimir
- Enviar por email
Sabemos que estamos numa cidade católica quando, durante a
Quaresma, os restaurantes anunciam apenas peixe no menu.
Mas por que é que a Igreja orienta os católicos a se absterem
de carne às sextas-feiras (assim como na Quarta-feira de Cinzas e na
Sexta-feira Santa), e dá o sinal positivo para se comer peixe?
Primeiro de tudo, devemos fazer a pergunta: “por quê na
sexta-feira?”
Os povos católicos, desde tempos imemoriais, guardaram a sexta-feira
para uma observância penitencial especial pela qual eles alegremente sofrem com
Cristo para que um dia possam ser glorificados com Ele. Este é o coração da
tradição da abstinência de carne às sextas-feiras, tradição que tem sido
observada na Santa Igreja Católica.
Uma vez que se acredita que Jesus Cristo sofreu e morreu na
cruz numa sexta-feira, os cristãos, desde o início, dedicaram este dia para
unir o seu sofrimento a Jesus. Isto levou a Igreja a reconhecer todas as
sextas-feiras como uma “Sexta-feira Santa”, onde os cristãos podem lembrar a
paixão de Cristo, oferecendo um tipo específico de penitência.
Na história da Igreja, a carne sempre foi apontada como um
sacrifício digno, devido à sua associação com festas e celebrações.
Na maioria das culturas antigas, a carne era considerada uma
iguaria e o “bezerro gordo” não era abatido a menos que houvesse algo para
comemorar. Como as sextas-feiras passaram a ser consideradas um dia de
penitência e mortificação, comer carne neste dia para “celebrar” algo não
parecia certo.
Mas por que é que o peixe não é considerado “carne”?
As leis da Igreja classificam a abstinência de “animais
terrestres”.
As leis de abstinência consideram que a carne vem apenas de
animais como galinhas, vacas, ovelhas ou porcos – todos eles vivem em terra. As
aves também são consideradas carne. Peixes, por outro lado, não estão nessa
mesma classificação.
Os peixes são uma categoria diferente de animal. Sal e
espécies de peixes de água doce, anfíbios, répteis (animais de sangue frio) e
mariscos são permitidos.
Em latim, a palavra usada para descrever que tipo de “carne”
não é permitida às sextas-feiras é carnis, e se refere especificamente à “carne
animal”, nunca incluindo peixe como parte da definição. Além disso, o peixe
nessas culturas não era considerado uma refeição “comemorativa”.
A nossa cultura actual é muito diferente, já que a carne em
muitos países pode ser considerada a opção mais barata do menu e não tem mais a
conexão cultural com as celebrações. É por isso que muitas pessoas estão
confusas sobre os regulamentos, especialmente aquelas que apreciam muito comer
peixe e não consideram uma penitência ficar sem carne.
A intenção da Igreja é encorajar os fiéis a oferecer um
sacrifício a Deus que venha do coração e una o sofrimento de alguém ao de
Cristo na cruz.
A carne é considerada a penitência básica, mas o sentido da
regra deve ser sempre recordado. Por exemplo, não dá necessariamente a uma
pessoa a licença para comer um jantar de lagosta cada sexta-feira na Quaresma.
O ponto principal é fazer um sacrifício que atraia uma pessoa para mais perto
de Cristo, que por amor a nós fez o sacrifício supremo.