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O veneno da inveja e suas consequências
- 02-03-2016
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O veneno da inveja e as suas consequências
“Há poucos homens capazes de prestar homenagem ao sucesso de um amigo, sem qualquer inveja.” (Ésquilo)
Esta frase, não importa o autor, traz consigo a verdade de que muitos se alegram com as dores do outro. Contraditório? Não.
Quando alguém não consegue uma vitória que tinha procurado, há uma solidariedade por vezes camuflada. Nem todos se alegram, mas é verdade também que nem todos se compadecem. É mais fácil ser solidário na dor do que alegrar-se com as conquistas dos amigos. Ver a felicidade alheia, causa sintomas que tiram a paz que falta no olhar de quem vê o sorriso da vitória.
Triste também é ver a inveja destruir amizades
Um sorriso que não nasce dos nossos próprios lábios é fácil de ser digerido. Bom mesmo é sorrir com as nossas conquistas e ver o olhar do outro a querer consumir em prestações a nossa felicidade. Triste realidade de quem vive na dependência do consumismo alheio. Mais triste ainda é ver a inveja destruir amizades.
Cada um é um, no projecto singular da existência humana. Se Deus nos fez diamantes, Ele irá, ao longo da vida, lapidar-nos para que sejamos um diamante mais bonito; mas nunca deixaremos de ser um diamante para nos tornarmos topázio. Precisamos de aceitar as nossas belezas e deixar que o outro seja tão belo como ele foi criado. Este processo leva tempo, requer maturidade e confiança na graça de Deus, pois Ele fez-nos únicos para sermos luz no mundo.
A inveja talvez tenha a sua raiz na incapacidade que uma pessoa leva em si de fazer a diferença a partir das suas próprias capacidades. Quando o jardim do outro parece mais bonito do que o nosso jardim, deixamos o cuidado do nosso tempo ao descuido e passamos a vida a contemplar as flores que não nos pertencem; deixamos as nossas morrerem secas pela inveja que não nos permite cuidar da nossa própria vida.
Comportamento
A inveja deixa os olhos grandes, mas de incapacidades, que se poderiam ter transformado em lindos jardins. Não é o elogio que faz o outro feliz, mas a capacidade que temos de cuidar da nossa própria vida e deixar o outro seguir os seus próprios caminhos. Quem se preocupa demais com a vida alheia é porque já não tem tempo para cuidar das suas próprias demandas. Transformou a sua vida no mito de Narciso, mas, em vez de contemplar a sua própria face, enxerga sempre no lago dos seus pensamentos o rosto da felicidade alheia. Perdeu os seus olhos num mundo que nunca será seu. O tempo que se usa a vigiar a vida do outro seria muito mais bem aproveitado se cuidasse das suas próprias fragilidades humanas.