Uma educação genuinamente cristã é aquela que tem Cristo como mestre e educador.
O texto do Evangelho segundo São João 8,1-11 serve de exemplo de pedagogia da fraternidade. O texto conta que, enquanto Jesus ensinava uma multidão, foi interrompido pelos fariseus, que trouxeram uma mulher apanhada em adultério e pediram que Jesus desse uma sentença e dissesse alguma coisa sobre o caso.
Jesus silencia, curva-se e começa a escrever no chão. De repente, reergue e faz uma pergunta fundamental: “Quem dentre vós não tiver pecado, atire a primeira pedra!” (Jo 8,7b). Inclina-se de novo e espera a resposta. Mas eles retiraram-se, um após o outro, e nada responderam. Jesus entendeu o silêncio deles: perceberam que eram culpados. Estava dada a lição: antes de julgar ou condenar alguém, “conhece-te a ti mesmo!”
A educação cristã do diálogo e do perdão
Olhando para a mulher, Jesus estabelece um diálogo e pergunta: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?” (Jo 8, 10). E ela responde: “Ninguém, Senhor” (Jo 10,11a). Imediatamente, Jesus constrói uma ponte entre a mulher e o bem, e diz: “Então, eu também não te condeno. Vai e, de agora em diante, não peques mais” (Jo 10,11b). Jesus recupera a dignidade humana daquela mulher. Agora, ela está educada para superar o pecado.
Talvez seja importante pensar que, ao desistir da condenação da mulher, os seus acusadores também aprenderam algo muito importante com Jesus: não se educa uma pessoa pelo castigo e pela punição, que são mediados por leis frias e tendenciosas, mas pela pedagogia da compaixão, do diálogo e do perdão.
A arte de educar
A educação cristã, sob a ótica católica, procura ser completa e autêntica. Sem perder o fio condutor da mensagem de Jesus, ela procura dialogar com todas as culturas. O caminho do diálogo e da reciprocidade faz uma síntese completa da arte de educar. No contexto da cultura do encontro, marcada pelo humanismo solidário, as raízes da “proposta formativa do património espiritual cristão, está em constante diálogo com o património cultural e as conquistas da ciência”.
A cultura do encontro vem reparar as frestas e as rupturas provocadas por uma sociedade violenta e injusta, consumista e tecnicista, racional, relativista e individualista. Neste ambiente, tantas vezes hostil à solidariedade e à fraternidade, a educação cristã apresenta-se como caminho para o encontro, a escuta, o diálogo, a paz e a humanização, ou seja, o amor e a esperança no ser humano.
A fé e a razão
De facto, a educação cristã prima pela fraternidade, reciprocidade e o enriquecimento mútuo. O Papa São João Paulo II publicou, em 1998, uma Carta Encíclica que aborda as relações entre a fé e a razão. Já de início, ao endereçá-la aos Bispos, São João Paulo II alertou: “A fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da Verdade. Foi Deus quem colocou, no coração do homem, o desejo de conhecer a Verdade, que é Ele, e, conhecendo-o e amando-o, chegar também à verdade plena de si mesmo”.
Percebe-se que a educação cristã, sob a ótica católica, é completa e autêntica. Não se educa apenas com conteúdo escolar, provas e testes, mas com a vida traduzida em relações de reciprocidades e parcerias. A educação cristã parte da relação e proximidade dos vários contextos educativos, oferecidos pelos diversos espaços sociais.
