O Baptismo das crianças e o sentido da vida
Cristo foi baptizado adulto, no início da sua vida pública. Então, poderíamos perguntar por que somos baptizados quando somos recém-nascidos. E hoje em dia, por influxo de certa cultura pagã, é cada vez mais comum perguntar: «É justo baptizar uma criança inconsciente e que não tenha feito o percurso catecumenal?» Ou então: «podemos impor a uma criança uma religião? Não deveríamos deixá-la crescer para escolher por si mesma?»
Actualmente há cristãos que se deixam influenciar pelo pessimismo de um ambiente pagão e chegam a perguntar por que é que Deus criou todas as coisas, por que é que fez o homem livre, permitindo assim a existência do mal?
A resposta da fé cristã diz que Deus ama e por isso criou todas as coisas livremente, comunicando assim o seu amor paternal. E a quem insiste perguntando por que é que ele nos amou e criou, a resposta é simplesmente que o verdadeiro amor não há um porquê. Por que é que os nossos pais nos amam? O verdadeiro amor não tem um motivo, mas é sempre algo livre, total e generoso. E somente este amor nos torna livres e responsáveis.
Porquê então, baptizar as crianças? Deveríamos perguntar-lhes se querem ou não? O Papa lembra que também a vida nos é dada sem que possamos escolher previamente se a queremos ou não; a vida é-nos dada necessariamente sem o nosso consentimento. «É justo doar a vida neste mundo, sem ter recebido o consentimento (“queres viver ou não?”)? Pode-se realmente antecipar a vida, doar a vida sem que o sujeito tenha tido a possibilidade de decidir?». O Papa diz que é possível e justo para os pais gerar a vida, somente se eles têm a garantia de que, apesar de tudo, é bom viver. Ou seja, somente quando há esperança, se tem a garantia de que a vida é boa, protegida por Deus e é um verdadeiro dom. Quando há esperança, existe a resposta pelo sentido da vida, e a justificativa para que ela seja doada com generosidade. De modo que os pais realmente cristãos sabem que o Baptismo é a “garantia” de que a vida é boa, protegida por Deus, que é o verdadeiro Amor. O Baptismo é, pois, a antecipação do sentido da vida, o “sim” de Deus que protege a vida e justifica a sua doação.
Sendo assim, o Baptismo das crianças não é contrário à liberdade pessoal e é necessário que os pais pensem neste dom como uma garantia de vida eterna para poder justificar o dom da vida aos filhos. Caso contrário, a vida torna-se um bem questionável. «Só uma vida que está nas mãos de Deus, nas mãos de Cristo, imersos em nome do Deus trino, é certamente uma coisa boa que podes dar sem escrúpulos”.
O mundo actual esqueceu-se que o Baptismo nos faz verdadeiros filhos de Deus e por isso desvaloriza a vida. Nós, cristãos, devemos agradecer a Deus porque Ele, ao fazer-nos compreender o valor do nosso Baptismo, nos faz reconhecer a importância de cada vida humana, em todas as suas fases e condições. Quem acredita realmente na vida eterna, que começa com o Baptismo, sabe valorizar a vida presente, defendendo-a do perigo da manipulação e de outros interesses perversos. Agradeçamos a Deus pelo nosso Baptismo, que nos faz filhos de Deus, membros do Corpo de Cristo e templos do Espírito Santo. Este grande dom deu o verdadeiro sentido à nossa vida e não pode ser negado às novas gerações: somos filhos de Deus e estamos a caminho, não em direcção à morte, mas à vida eterna com Deus que é Pai e Senhor de todas as coisas.