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JUSTIÇA

 JUSTIÇA

"Quero justiça"! É o clamor da esmagadora maioria das pessoas quando sofrem algum tipo de dano, especial e mais intensamente quando a agressão provoca a morte de um ente querido. Um clamor apoiado pela quase totalidade das pessoas. Por trás deste clamor por justiça percebe-se, na verdade, um forte impulso por uma punição que castigue bem o agressor.
Para muitos, justiça equivale à punição. É o desejo de aplacar e satisfazer o instinto de vingança, tão fortemente presente na natureza humana. Ora, por tratar-se de um impulso forte, há o sério risco de extrapolar no castigo. Como, normalmente, o agressor, quando dominado, não conta com a simpatia de muita gente, o excesso na punição acaba por ser aprovado ou até mesmo estimulado, como justificativa para inibir potenciais criminosos.
Não há dúvida, a impunidade é um dos maiores incentivos para o crime. Por isso mesmo, jamais poderá ser justificada. Contudo, o conceito da justiça que leva em conta apenas a punição do transgressor é por demais estreito e limitado. Nesta mentalidade, fazer justiça representa tão-somente satisfazer o desejo da vítima de ver o seu agressor devidamente castigado. Raramente consegue desestimular o crime e quase nunca repara o dano cometido. Isto sem falar da quase impossibilidade de ver o criminoso regenerado, a ponto de não ser mais uma ameaça para a sociedade.
Uma justiça que só se preocupa em condenar e punir, dificilmente protege a sociedade. Serve apenas para inchar presídios e, indirectamente, fomentar o ódio e disseminar a perversidade. A experiência tem mostrado a ambiguidade e a ineficácia de uma justiça meramente punitiva.
Se se procura verdadeiramente uma justiça capaz de proteger a sociedade e de inibir acções criminosas, é preciso realizar uma profunda mudança de mentalidade, especialmente por parte do cidadão. E, neste campo, nós cristãos temos um papel fundamental. Pois a Bíblia Sagrada mostra-nos de uma maneira por demais clara como Deus, o Justo por excelência, costuma aplicar a sua justiça. Deus é justo, revela a Bíblia, não porque pune, mas porque, cheio de misericórdia, sabe ser compassivo. E quem a Deus serve de coração, aprende a pautar as suas acções segundo a misericórdia.
Comove, a propósito, o testemunho de um sacerdote. Em visita a um recluso, viu uma senhora, já com os seus 60 anos, rugas no rosto, meio curvada, com semblante sereno e com uma sacola ao ombro. Dirigiu-se a um banco onde estava sentado um jovem de uns 25 anos. Ele recebeu-a com carinho e ela retribuiu com gestos de amor materno. Conta o padre que ficou admirado como aquela mãe mostrou sempre todo o carinho e alegria e como o seu olhar de ternura provocava no rapaz visíveis sentimentos de alegria. No abraço que eles trocaram ao se despedirem, o padre sentiu que Deus estava presente. O preso que o padre estava a visitar, percebendo o seu encantamento, disse-lhe: Sabe, Sr. padre, aquela senhora não é a mãe dele, ela é a mãe do rapaz que ele matou. Ela prometeu, no dia do enterro do seu filho, que lhe perdoava, e como sinal deste perdão que o acompanharia e lhe daria assistência enquanto estivesse preso!
Aprender a praticar a compaixão não é ir contra nem atrapalhar a tramitação do processo penal, necessário e indispensável, muito menos é favorecer a impunidade ou levianamente isentar o criminoso da culpa e da responsabilidade, mas, sim, colaborar para que o exercício da Justiça seja abrangente. Para tanto, não são somente os delinquentes que precisam de correcção e de conversão, as vítimas e os cidadãos de bem, também!
Pe. Charles Borg

 

 

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