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Eu sou uma pessoa que tem virtudes?
- 28-02-2020
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Virtude significa realização máxima das possibilidades
humanas, tanto nos aspectos naturais como nos sobrenaturais. Uma pessoa
virtuosa é aquela que realiza o bem de acordo com as suas inclinações mais
íntimas. É ser e agir sempre direccionado ao que é bom e justo.
A palavra virtude diz da excelência ou perfeição moral. Os
virtuosos são aqueles que evitam o mal e conduzem a vida na busca dos
verdadeiros valores. Estes têm características de uma pessoa amável, bondosa e
com capacidades humanas voltadas para o bem comum.
Virtudes cardeais e teologais na pessoa
As virtudes cardeais e teologais orientam todos a optar pelo
bem e evitar o mal. A Igreja Católica aponta dentre as várias virtudes
existentes, quatro virtudes cardeais e três teologais, que são fundamentais
para desenvolver outras virtudes.
As quatro virtudes cardeais são como os gonzos de uma porta,
o eixo pelo qual giram outras virtudes. Aplicando no quotidiano da vida, São
Tomás de Aquino diz que
a “prudência” é um discernimento correcto nas decisões, é
fazer o bem de acordo com a razão;
a “justiça” é a rectidão pela qual se faz o bem que é devido
nas situações da vida;
a “temperança” é a disposição que impõe medida a todo o tipo
de paixão e actividade, para não ultrapassar os devidos limites; e
a “fortaleza” é a firmeza interior que fortifica a razão
contra todos os ataques das paixões e dificuldades existentes.
As virtudes teologais são fé, esperança e caridade. Na
observância destas virtudes, busca-se alcançar o fim último do homem, que é a
“felicidade eterna” ou “beatitude”: o céu. Segundo São Tomás de Aquino, as
quatro virtudes cardeais conduzem o homem à felicidade terrena, podendo ser
conquistada com as próprias forças naturais; entretanto, não são suficientes
para chegar à beatitude ou felicidade eterna. Portanto, as virtudes teologais
são fundamentais, pois, juntas às cardeais, guiam o homem à felicidade neste
mundo e, prioritariamente, à felicidade eterna.
Finalidade das virtudes nos dias de hoje
As virtudes tornam as pessoas e as suas obras boas, o que é
imprescindível para o tempo actual, em que muitos já se abstiveram de ser bons.
É na família, trabalho, estudo e Igreja que temos a possibilidade de sermos
protagonistas de acções virtuosas que condizem intrinsecamente com a essência
do Evangelho de Jesus. As virtudes são para o nosso enriquecimento pessoal e
comunitário, elas devem mostrar, por meio de cada um de nós, os atributos do
próprio Deus, que é amor, verdade, bondade e misericórdia.
Ser virtuoso é ser bom a partir das repetições dos actos que
se orientam para o bem, por isso é árduo, difícil e, às vezes, lento o processo
para se alcançar uma virtude. Porém, quando a conquistamos, ela tem a força de
nos transformar em pessoas melhores.
O Santo Padre Pio já dizia: “Não se desencoraje, pois, se na
alma existe o contínuo esforço de melhorar. No fim, Deus a premeia fazendo nela
florir, de repente, todas as virtudes como num jardim florido”.
Descubra e aperfeiçoe suas virtudes
A virtude como hábito bom é condição necessária para a
prática do bem em todas as situações da vida, pois sem a virtude pode restar só
o vício, que é uma lacuna não preenchida pelos bons actos e comportamentos.
Assim, descubra e esmere as suas virtudes, que são matéria-prima para uma busca
sincera de santidade.
Toda a pessoa humana possui virtudes, cada uma só precisa de descobri-las
e aperfeiçoá-las. Deus criou-nos virtuosos e não podemos permitir que os vícios
prevaleçam sobre as nossas qualidades, dons e virtudes, os quais foram
impressos em nós pelo próprio Senhor. Portanto, com a fé e o auxílio do
Espírito Santo, transformemos os nossos hábitos ruins em bons, e desenvolvamos
novas virtudes para uma vida feliz, alegre e coerente.
As Sagradas Escrituras ensinam: “Esforçai-vos quanto possível
por unir à vossa fé a virtude; unir à virtude a ciência; à ciência a
temperança; à temperança a paciência; à paciência a piedade; à piedade o amor
fraterno; e ao amor fraterno a caridade. Se estas virtudes se acharem em vós
abundantemente, elas não vos deixarão inactivos nem sem frutos no conhecimento
de nosso Senhor Jesus Cristo” (II Ped 1,5-8).