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Como e porque é que Igreja reconhece as aparições de Nossa Senhora
- 23-05-2008
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Declaração após a aprovação oficial das aparições de Laus (França)
Em 4 de Maio de 2008, durante uma missa celebrada na cidade dos Alpes franceses de Laus, o bispo de Gap, Dom Jean-Michel di Falco, notificou a aprovação oficial da Igreja das aparições da Virgem Maria a Benôite Rencurel, de 17 anos, entre 1664 e 1718.
Entre os assistentes, estava o cardeal mexicano Javier Lozano Barragán, presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral no Campo da Saúde, o cardeal Sergio Sebastiani, presidente da Prefeitura de Assuntos Económicos da Santa Sé, o cardeal Jorge Maria Mejía, arquivista e bibliotecário emérito do Estado da Cidade do Vaticano, o bispo Renato Boccardo, secretário-geral do Estado da Cidade do Vaticano, e outros cardeais, bispos e abades franceses, e o núncio apostólico na França, o arcebispo Fortunato Baldelli.
Dom di Falco recordou que estas são as primeiras aparições marianas reconhecidas oficialmente no século XXI pela Igreja na França e pela Santa Sé. É a primeira vez que um acontecimento tão singular ocorre desde as aparições de Lourdes, em 1862.
Dom di Falco recordou que «ninguém está obrigado a crer nas aparições, inclusive naquelas reconhecidas oficialmente; mas se são uma ajuda em nossa fé e em nossa vida diária, por que rejeitá-las?».
O santuário de Nossa Senhora de Laus atrai cerca de 120 mil peregrinos por ano.
A partir do reconhecimento das aparições, o Pe. Salvatore M. Perrella, especialista professor de Dogmática e Mariologia na Pontifícia Faculdade Teológica Marianum, em Roma, declarou os critérios que a Igreja utiliza para determinar a legitimidade das aparições marianas.
Num artigo publicado em «L’Osservatore Romano», explica a diferença entre visão e aparição. A primeira é de índole espiritual, enquanto que a segunda é de ordem física, ou seja, que existe a experiência real e sensível de quem aparece.
Actualmente, pede-se «ao bispo diocesano, ao arcebispo metropolitano – em tempos mais recentes às conferências episcopais do território – e ao Papa o discernimento sobre a veracidade dos fatos apresentados».
Indicou que «a Congregação para a Doutrina da Fé, depois de quatro anos de estudo desde Novembro de 1974, redigiu, em 25 de Fevereiro de 1978, um documento interno e super secreto, com a assinatura do cardeal prefeito Franjo Seper, para ser utilizado pelas autoridades eclesiásticas competentes que tem por título Normas da Congregação para a Doutrina da Fé sobre o modo de proceder para julgar as supostas aparições e revelações».
O especialista assinalou que este dicastério vaticano estabelece que para proceder com a verificação, é preciso obter «informação precisa sobre os factos sob observação e a reunião de testemunhas dos sinais de fé, exame da mensagem sujeita no facto sobrenatural, que não deve estar contra a fé cristã, diagnóstico médico-psicológico para garantir a saúde e a normalidade do vidente, e também para descartar a possibilidade de fenómenos alucinatórios; nível de educação do vidente, o seu conhecimento da doutrina, a sua vida espiritual, o seu grau de comunhão eclesial, os frutos espirituais, como o retorno da fé dos afastados; moralidade e eclesialidade da existência, cooperação na evangelização do mundo, cultura e costume, eventuais curas milagrosas que se recebem em razão da referida revelação privada, o juízo da Igreja».
Após minuciosos exames dos factos referidos a uma aparição, disse o sacerdote, a Igreja «aprovou, durante o curso da história, aparições de 295 propostas para a sua indagação, entre as quais a 12ª é a referida a Nossa Senhora de Laus».
«Uma vez verificadas e autenticadas pela autoridade eclesiástica, as manifestações extraordinárias consentem a liberdade de adesão, porque a fé presta-se só à revelação pública de Deus concluída com a morte do último dos Apóstolos», precisou o especialista italiano.
Após explicar que as aparições são uma graça «dada gratuitamente do Céu», o Pe. Perrella recordou que se estas ajudam a aumentar a fé das pessoas, «não amplificam a Revelação dada com a Sagrada Escritura à Igreja, mas ajudam a torná-la actual num determinado momento».