Casamento misto e a disparidade de cultos
O cônjuge católico tem uma missão particular
Em muitos países, a situação do casamento misto (entre católico e baptizado não católico) apresenta-se com muita frequência. Isto exige uma atenção particular dos cônjuges e pastores. O caso dos casamentos com disparidade de culto exige uma circunspecção maior ainda.
A diferença de confissão entre os cônjuges não constitui obstáculo insuperável para o casamento, desde que consigam pôr em comum o que cada um deles recebeu na sua comunidade, e aprender um do outro, o modo de viver a sua fidelidade a Cristo. Mas nem por isso, devem ser subestimadas as diferenças de casamentos mistos. Elas devem-se ao facto de que a separação dos cristãos é ainda uma questão não resolvida.
Os esposos correm o risco de sentir o drama da desunião dos cristãos no seio do próprio lar. A disparidade de culto pode agravar mais ainda estas dificuldades. As divergências concernentes à fé, à própria concepção do casamento, como também mentalidades religiosas diferentes, podem constituir uma fonte de tensão no casamento, principalmente no que toca à educação dos filhos.
Uma tentação pode então apresentar-se: a indiferença religiosa.
Conforme o direito em vigor na Igreja Latina, um casamento misto exige, para a sua liceidade, a permissão expressa da autoridade eclesiástica (CDC, Can 1124). Em caso de disparidade de culto, requer-se uma dispensa expressa do impedimento para a validade do casamento (CDC, Can 1086). Esta permissão ou dispensa supõe que as duas partes conheçam e não excluam os fins e as propriedades essenciais do casamento, como também as obrigações contraídas pela parte católica no que diz respeito ao Baptismo e à educação dos filhos na Igreja Católica (DCD, Can 1125).
Nos casamentos com disparidade de culto, o cônjuge católico tem uma missão particular: "Pois o marido não cristão é santificado pela esposa, e a esposa não cristã é santificada pelo marido cristão" (1 Cor 7,14).
Será uma grande alegria para o cônjuge cristão e para a Igreja se esta santificação levar o cônjuge à livre conversão à fé cristã (1 Cor 7,16). O amor conjugal sincero, a humildade e a paciência, assim como as práticas das virtudes familiares e a oração perseverante podem preparar o cônjuge não cristão a acolher a graça da conversão. Felipe Aquino