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As redes sociais podem ser uma armadilha

AS REDES SOCIAIS PODEM SER UMA ARMADILHA

 

O Padre Paulo Ricardo explica de que maneira as redes sociais se podem tornar uma armadilha para a castidade e o pudor das pessoas

Escondendo grandes perigos por trás de coisas aparentemente pequenas e sem importância, o demónio, como quem semeia joio no meio do trigo (cf. Mt 13, 25), sabe servir-se das realidades humanas para fazer perecer o próprio homem. É assim que o Facebook, uma das redes sociais mais bem sucedidas da história, se tem tornado uma verdadeira armadilha para a castidade de muita gente.

O problema reside, de modo geral, nas chamadas “fotos de perfil”. Moças em poses provocativas, rapazes sem camisa, figuras sensuais e excitantes, tudo isto, além de poluir ainda mais o mundo virtual — saturado de pornografia —, é gatilho certo para pecarmos contra a santa pureza. Não é preciso ser lá muito sábio nem profundo conhecedor da natureza humana; todos sabemos, pois todos partilhamos da mesma inclinação para o mal, que toda a imagem ou representação que de alguma forma aluda à sexualidade tem um forte impacto sobre a nossa sensibilidade, facilmente impressionável e educada somente a duras penas.

Basta lembrar que o nosso cérebro, diante de um estímulo de ordem sexual, está programado para descarregar altas doses de dopamina, um neurotransmissor intimamente relacionado com a sensação de prazer e bem-estar. A dopamina, além disso, está associada ao chamado “circuito de recompensa“, que reforça e cristaliza os atos ou hábitos que mais satisfazem os desejos naturais do organismo. Ao deparar-se, pois, com uma foto provocativa (por mais “ingénua” que a queiramos julgar), o nosso cérebro está mais do que pronto para dar início a um processo estimulante que nos levará a estados de excitação sexual cada vez mais intensos e, portanto, mais difíceis de serem controlados.

Por isso, a melhor estratégia para guardarmos a castidade é evitar, com simplicidade e discrição, qualquer situação que nos coloque em ocasião de pecar contra esta virtude, inclusive as mais “leves” e “corriqueiras”, como as que nos oferecem as fotos de perfil no Facebook. Devemos resistir, sim, aos primeiros assaltos da carne logo que os percebemos, antes que cresçam e se agigantem. Quando entrarmos na internet ou em qualquer rede social, devemo-nos perguntar sinceramente: o que é que a minha esposa, o que é que a minha noiva ou namorada pensaria se visse o que eu costumo ver ao navegar na rede? Em que tipo de coisas, afinal, gosto de descansar ou estimular a vista? Ao olhar com mais demora para aquela moça ou aquele rapaz já não estou, segundo as palavras do Salvador (cf. Mt 5, 28), a cometer adultério no meu coração, sendo infiel com os meus desejos, deixando-me arrastar mar dentro, onde serei engolido, ao fim e ao cabo, pelas vagas de sensualidade que circulam pela web?

Lembremo-nos sempre de que o olhar de Deus, puro e sem malícia, penetra os nossos rins e corações (cf. Rm 8, 27). Peçamos-lhe com confiança a graça de, sendo fiéis a Ele e a quem nos foi dado por esposa ou esposo, evitarmos — com o heroísmo de quem deseja amar e entregar-se de todo — as pequenas armadilhas, para escaparmos às grandes quedas.

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