As lições que aprendi com o lápis!
É tempo de escrevermos uma nova história
Na vida estamos sempre a aprender. A Madre Teresa de Calcutá, olhando para a sua vocação, conclui: “Não sou nada, senão um instrumento, um pequeno lápis nas mãos do meu Senhor, com o qual Ele escreve aquilo que deseja”.
Quantas lições veladas num simples objecto, lições importantes que, se bem aprendidas, nos sugerem uma gama de significados para a nossa vida, a nossa história, a nossa vocação.
Com o lápis aprendemos, primeiro: a lição da confiança e do abandono em Deus. Ele sugere-nos que podemos fazer grandes coisas, mas não nos devemos esquecer que existe uma Mão que guia os nossos passos, uma Mão que nos deseja conduzir. É preciso submetermo-nos a essa Mão, deixando-nos ser conduzidos e orientados por ela, ainda que não seja do modo como gostaríamos que fosse. Um lápis, sem uma mão que o tome e o oriente, não tem muito sentido.
A segunda lição: na nossa vida, depois de algum tempo, precisamos de ser aguçados. Passar pelo aguçador não deve ser muito agradável ao lápis, mas para que a ponta fique evidente e apropriada para a escrita, ele precisa de se deixar cortar. E deixar-se "cortar na carne". É bem verdade que temos medo do "aguçador", e isto acontece porque sabemos que afiar a ponta significa quase sempre cortar excessos, aparar o que sobra, tirar o que não precisamos, e isto é muito difícil, embora seja necessário para o nosso crescimento. A beleza escondida nesta lição leva-nos a uma terceira: ao passar pelo aguçador, o lápis foi cortado na parte externa, mas também no interior. A grafite também foi modelada, renovada. Passou por um processo educador, porque educar, ex-ducere, quer dizer, em latim, "evocar a verdade"; tirar, extrair, trazer para fora o novo. O que realmente importa no lápis, não é simplesmente a madeira ou o seu aspecto externo, mas sobretudo, a grafite que está dentro. Para que a escrita fique perfeita, a ponta precisa de ser feita por inteiro, daí a importância do cuidado com aquilo que acontece no nosso interior.
A quarta lição: o lápis sempre permite que usemos uma borracha para apagar o que estava errado. A necessidade da borracha faz-nos abandonar atitudes e vícios, faz-nos mudar comportamentos, mentalidade, convicções... E faz-nos olhar em outras direcções, pedir perdão, voltar atrás, recomeçar, superar o egoísmo e a auto-suficiência. É interessante como, de um modo admirável, o lápis ensina-nos a necessidade que temos da "borracha" quando estamos diante do erro.
Finalmente, a quinta lição é que o lápis sempre deixa uma marca. Tudo o que fazemos, de algum modo, marca as pessoas, e marca, sobretudo, nós mesmos. A qualidade dessas marcas sempre resulta das escolhas que fazemos diante daquelas outras lições. É preciso deixar as boas marcas para as quais o lápis foi gerado. Se ainda não as [boas marcas] deixamos, é tempo de recomeçar. É tempo de escrevermos uma nova história. É preciso, tal como o lápis, nos abandonarmos. O tempo é agora. O tempo é neste dia que se chama HOJE. Um Bom Mestre está sentado à mesa e à Sua frente há um lápis, um aguçador, uma borracha e uma folha em branco, assinada. Ele olha para a folha, toma o lápis na Sua Mão e concorda com Santo Agostinho, dizendo: “Ter fé, isto é, abandonar-se, é assinar uma folha em branco e deixar que Deus escreva nela com o lápis da nossa vida o que quiser”.