DIFERENÇA ENTRE A BÍBLIA CATÓLICA E A PROTESTANTE
Na Bíblia protestante faltam os livros: Tobias, Judite, algumas partes de
Daniel e Ester, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, Carta de Jeremias e os dois
livros dos Macabeus. Esta diferença vem de longe e tem uma longa história:
O COMEÇO DA HISTÓRIA: 300 ou 400 anos antes do nascimento de Jesus
muita gente imigrou da Palestina para o Egito...
Na Palestina falavam o aramaico, que é semelhante ao hebraico. A primeira e a
segunda gerações entendiam o hebraico, mas a terceira não entendia porque era
uma língua que eles não falavam.
Então sentiu-se a necessidade de fazer uma tradução da Bíblia. A tradução foi
feita aos poucos e levou muito tempo. Começou por volta do ano 250 antes de
Cristo e levou quase 100 anos até ficar pronta.
Assim acabaram por ficar com duas Bíblias: uma em língua hebraica para os
judeus da Palestina, e outra em língua grega para os judeus que viviam fora
da Palestina, no Egito.
Os judeus que moravam no Egito foram escrevendo mais alguns livros em grego,
e a Bíblia deles ficou maior.
Então os judeus da Palestina confrontaram as duas Bíblias, e fizeram uma
lista dos livros que para eles eram Sagrados. Deixaram fora da lista os
livros que os judeus do Egito tinham escrito a mais, em grego.
Quando o pessoal do Egito soube disto, não ligou e continuou a deixar a sua
lista aberta. Assim, na Bíblia grega dos judeus, foram acrescentados sete
livros: Eclesiástico, Sabedoria, os dois dos Macabeus, Tobias, Judite e
Baruc. Além disso, uns trechos de Daniel e Ester e uma Carta de Jeremias.
Sendo assim a Bíblia deles ficou a ser mais longa. A Bíblia dos protestantes
segue a lista da Bíblia Hebraica dos judeus da Palestina; a Bíblia dos
católicos segue a lista da Bíblia Grega dos judeus do Egito que se espalhou
pelo mundo todo daquele tempo, pois a língua do mundo era o grego.
O MEIO DA HISTÓRIA: Os primeiros cristãos eram de Jerusalém e usavam a
Bíblia em língua hebraica, a mais curta. Mas quando vieram as perseguições,
os cristãos começaram a espalhar-se para outros países, onde a língua falada
era o grego. Passaram então a usar a Bíblia escrita em língua grega.
Tudo ficou tranquilo até que os judeus da Palestina, para se defenderem dos
cristãos, começaram a dizer: "Estás a ver! A Bíblia deles está errada.
Tem livros demais." E fizeram uma reunião no ano 97, e disseram:
"Para nós a Sagrada Escritura é esta aqui, a lista pequena". Mais
uma vez, os cristãos não ligaram muito e ficaram com a lista mais comprida,
que eles consideravam toda Palavra de Deus, inspirada por Ele.
Por volta do ano 400 o Papa Dâmaso pede a Jerónimo, biblista, que traduza a
Bíblia para o latim, pois naquele tempo não se falava nem o hebraico nem o
grego, mas o latim. Precisava então de alguém que fizesse uma nova tradução,
para que toda a gente pudesse entender. Jerónimo concordou e começou a
trabalhar.
Jerónimo, porém, não conhecia o hebraico. Procurou então um velho rabino judeu
de Belém, para ter aulas com ele e os dois acabaram por ficar muito amigos.
Trocavam ideias sobre a Bíblia, até que Jerónimo ficou influenciado pelo
rabino e começou a pensar que a verdadeira Bíblia era a mais curta, a dos
judeus.
Jerónimo, porém, sabia que a Igreja não pensava como ele, então traduziu
tudo, mas disse que os sete livros que não estavam na Bíblia hebraica eram "deuterocanónicos".
"Dêutero" que dizer segundo;"canon" significa lista ou
categoria.
São livros da segunda lista, de segunda categoria.
O FIM DA HISTÓRIA: A opinião de Jerónimo tinha muito peso na Igreja.
E a luta começou de novo. Antes ninguém tinha dúvidas, mas depois que Jerónimo
veio com esta de "deuterocanónicos", a discussão voltou a ser forte
e a luta continuou por muitos e muitos anos.
Com o passar dos séculos, foi ficando tão sério que os bispos resolveram
pronunciar-se oficialmente. E fizeram-no numa Carta escrita durante o
Concílio Ecuménico de Florença, no ano de 1430. Na Carta diziam que para a
Igreja Católica faziam parte da Sagrada Escritura todos os Livros da lista
longa.
Tudo parecia em paz, quando o assunto voltou à tona por causa de Lutero.
Tendo deixado, por protesto, a Igreja Católica, Lutero tinha começado a
Igreja Protestante. A primeira preocupação dele foi traduzir a Bíblia do
latim para o alemão.
Este foi um trabalho muito bom porque, como Lutero dizia: "O povo tem
que poder ler a Bíblia, com a sua cabeça e com os seus olhos."
A Bíblia que Lutero traduziu, porém, foi a Bíblia pequena, a dos Hebreus.
Com ela reabriu-se a discussão dentro da Igreja. Então, no Concílio de
Trento, os Bispos definiram a coisa e, encerraram a discussão: "A Bíblia
que a Igreja Católica aceita como inspirada por Deus é a longa." Os
católicos ficaram com a Bíblia longa e os protestantes com a curta, como
Lutero tinha traduzido.
É esta diferença existe ainda hoje, embora haja Bíblias protestantes que
trazem os outros Livros, porque muitos deles sabem que são Livros
antiquíssimos e de grande valor. |