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A estação das flores

 

A estação das flores 

 

Como é certo que colhemos o que plantamos, contemplar as flores encoraja-nos a viver à espera do fruto

Quem já plantou uma semente e esperou os dias passarem para vê-la germinar, crescer e frutificar, certamente sabe dar mais valor a um campo florido. É que leva um tempo determinado para cada coisa acontecer também na natureza, e as flores são sinais de etapas superadas. Apontam um novo tempo, uma nova estação.

Como é certo que colhemos o que plantamos, contemplar as flores encoraja-nos a viver à espera do fruto. A sábia natureza ensina-nos que é preciso respeitar o processo de espera; o problema é que, muitas vezes, nos esquecemos disso e queremos colher, imediatamente, sem considerar o tempo certo para cada coisa.

Seria cómico ver que alguém plantou uma semente de abacate e, no dia seguinte, já quisesse colher os seus frutos. Pior ainda, se essa pessoa, ao não encontrar abacates, ficasse irritada e arrancasse a semente da terra, ignorando o processo necessário para o seu desenvolvimento.

O que diríamos de uma situação assim? Talvez a achemos estranha, mas, muitas vezes, é isso que acontece connosco. Queremos colher, no dia seguinte ou na mesma hora, o que ainda estamos a plantar; e quando não acontece como esperávamos, ficamos irritados, destruímos a semente e desistimos dos sonhos.

A Palavra do Senhor garante-nos que “o que semeia com fartura, com abundância também ceifará” (II Coríntios 9,6b). Mas também afirma que “há um tempo para cada coisa debaixo dos céus: Tempo para plantar e tempo para colher…” (cf. Eclesiastes 3, 1-15).

Vale a pena semear o bem

Estamos a viver uma nova estação, a “estação das flores”. O inverno passou, o deserto floriu e as flores que colho são sinais de que valeu a pena semear, cultivar e esperar.

Vale a pena semear o bem, mesmo que seja com lágrimas e entre espinhos. No exercício da missão que assumo, no contacto com diversas pessoas, infelizmente, encontro muita gente sem esperança, sem paciência e nenhum sentido na vida; muitas vezes, cansadas ou paralisadas em decepções ou sonhos perdidos. Pessoas que pararam de semear por não contemplarem de imediato o fruto dos seus esforços.

Tenho a certeza de que não é essa a vontade de Deus para nenhum de Seus filhos, mas compreendo também que, na verdade, o Senhor sempre respeita a nossa liberdade e espera de nós o mínimo de abertura para realizar a obra d’Ele. É preciso sair do comodismo! Creio que temos muita força de vontade, disposição e coragem para serem utilizadas. É hora de reagir!

A cultura do imediatismo, na qual estamos inseridos, vai, aos poucos, minando em nós a disposição para cultivar e esperar o tempo de contemplar o milagre do germinar, crescer e desabrochar. Dá-se a impressão de que o homem pode tudo e, na hora que ele determina. No entanto, o curso natural da vida ensina-nos que não é bem assim. Os sábios já descobriram isso!

Uma história para refletir

Eis a história de um menino que compreendeu bem esse segredo, e acredito que o seu exemplo nos vem ajudar. O seu nome é Nike. Ele tinha apenas dez centavos no bolso quando procurou um fazendeiro e apontou para um tomate de aparência deliciosa, pendendo do pé. Disse-lhe: “Dou-lhe dez centavos por aquele tomate”, ofereceu o menino. “Aquele tipo de tomate custa vinte centavos”, afirmou o fazendeiro. “E aquele ali?” perguntou Nike, apontando para um tomate menor, mais verde e menos atraente. O fazendeiro concordou: “Aquele, custa dez centavos”. “Está bem”, disse Nike, e fechou o negócio pondo o dinheiro na mão do fazendeiro. “Venho apanhá-lo daqui a duas semanas”, conclui o garoto. 

Podemos aprender com Nike, que investiu dez centavos num tomate que valeria vinte no futuro. Se estivermos dispostos a semear agora o bem que desejamos colher no amanhã, e soubermos respeitar as etapas do desenvolvimento, certamente veremos o nosso campo florir e a estação das flores virá até nós.

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