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3 passos para deixar o passado para trás de uma vez por todas

É realmente possível pegar numa borracha e limpar o mofo

Eu sou muito bom em mentir a mim mesmo. É uma das coisas que faço melhor. Quando considero o meu passado, sou como um artista a tocar novamente as minhas acções e comportamentos até que eles brilhem como uma obra-prima perfeita. Todos os cabelos no lugar, cada acção perfeitamente justificável, cada erro facilmente explicado ou lançando a culpa a outra pessoa. Na minha opinião, basicamente tenho uma equipa profissional de relações públicas a trabalhar horas extras fazendo o meu passado inteiro parecer um desfile constante de triunfo. Eu sou virtuoso. Eu sou óptimo. Eu nunca faço nada de errado.

Então, surge a realidade. É divertido como as mentiras que contamos a nós mesmos, não importa quão bem construídas, têm sempre uma rachadura por onde a verdade brilha. Podemos disfarçar por um tempo fingindo que não existe, mas, nos nossos corações sabemos que, talvez, no passado, tenhamos cometido alguns erros. Eu disse e fiz muitas coisas das quais não tenho orgulho. Eu não me posso enganar, e as mentiras que eu ensaio na minha mente não fazem nada para aliviar a vergonha e a culpa pelos meus erros. Para cada um de nós, as nossas falsidades enterradas espreitam no nosso subconsciente como veneno, influenciando as nossas acções actuais de maneira que não entendemos completamente.

São Francisco de Sales tem a solução. Ele publicou um livro chamado Introdução à Vida Devota, que tem um tesouro de conselhos práticos e reflexão sobre abraçar a pessoa inteira e viver uma vida espiritualmente saudável e feliz. O capítulo 19 é intitulado “Espírito necessário para fazer bem a confissão geral”, e aborda como lidar com a vergonha que vem do passado.

Os erros passados, diz ele, são como um “escorpião que nos fere”. Mas o melhor remédio contra a picada é destilar o veneno, confrontando directamente a nossa vergonha oculta para explorar e reconhecer todas as nossas acções. Tomar posse das nossas vidas, tanto o bem como o mal, é o primeiro passo para a cura. O que é mais importante é sermos honestos quando cometemos erros e não tentarmos justificá-los. Honestidade e humildade são requisitos absolutos. São Francisco diz que, se fizermos uma contabilidade do nosso passado, tornaremos a nossa vergonha uma honra porque a verdadeira tristeza é tão amável que afasta a fealdade do passado. É como pegar numa esponja e limpar o mofo. É o primeiro passo para escolher intencionalmente não apenas deixar o passado, mas viver uma boa vida.

Então, quais são as dicas práticas para rever o seu passado e fazer uma confissão geral?

Em primeiro lugar, tire um tempo sozinho e considere toda a sua vida.

Pergunte-se quem você era no colégio e na faculdade. Como era quando jovem adulto ou quando se tornou pai? Teve uma fase rebelde da qual não se orgulha agora? Faça uma lista de cada acção errada ou mau hábito que lembrar. Por exemplo: “Quando eu estava no ensino secundário, eu era terrível para os meus pais”. Resuma, se necessário, mas não deixe nada para trás.

Em segundo lugar, encontre um confessor ou confidente confiável.

Para os que têm o sacramento da confissão disponível na sua tradição religiosa, eu recomendaria um padre. Mas para os que não, sentar-se com um director espiritual treinado, ou mesmo alguém em quem confia profundamente é uma boa ideia. Marque tempo suficiente para conversar sobre a sua lista. São Francisco diz: “Diga tudo de forma simples e directa, e satisfaça plenamente a sua consciência ao fazê-lo”. É importante não ficar envergonhado e não ignorar a confissão, porque nunca possuiremos as nossas acções e pacificaremos os nossos erros se nós não os dissermos em voz alta a outra pessoa. Para remover a vergonha, a humildade de admitir tudo é necessária.

Em terceiro lugar, escute.

Ouça o seu confidente confiável responder ao que você admitiu. Às vezes, outras pessoas reconhecem padrões de comportamento do qual não somos conscientes, e algumas informações interessantes podem resultar. Também é útil experimentar a reacção da outra pessoa. Quando o meu confessor não foge horrorizado com o que eu admiti, é muito reconfortante saber que não estou sozinho nas minhas lutas.

Além disso, ouça qualquer coisa que Deus ou a sua própria consciência lhe possam dizer. Depois de dizer tudo o que precisava de dizer, o que você vai ouvir é o som da liberdade, porque quando somos honestos e verdadeiros connosco, é como se nos tivéssemos livrado de um fardo e nos sentimos livres.


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