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3 passos para deixar o passado para trás de uma vez por todas
- 28-02-2020
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É realmente possível pegar numa borracha e limpar o mofo
Eu sou muito bom em mentir a mim mesmo. É uma das coisas que faço
melhor. Quando considero o meu passado, sou como um artista a tocar novamente as
minhas acções e comportamentos até que eles brilhem como uma obra-prima
perfeita. Todos os cabelos no lugar, cada acção perfeitamente justificável,
cada erro facilmente explicado ou lançando a culpa a outra pessoa. Na minha
opinião, basicamente tenho uma equipa profissional de relações públicas a
trabalhar horas extras fazendo o meu passado inteiro parecer um desfile
constante de triunfo. Eu sou virtuoso. Eu sou óptimo. Eu nunca faço nada de
errado.
Então, surge a realidade. É divertido como as mentiras que
contamos a nós mesmos, não importa quão bem construídas, têm sempre uma
rachadura por onde a verdade brilha. Podemos disfarçar por um tempo fingindo
que não existe, mas, nos nossos corações sabemos que, talvez, no passado,
tenhamos cometido alguns erros. Eu disse e fiz muitas coisas das quais não
tenho orgulho. Eu não me posso enganar, e as mentiras que eu ensaio na minha
mente não fazem nada para aliviar a vergonha e a culpa pelos meus erros. Para
cada um de nós, as nossas falsidades enterradas espreitam no nosso
subconsciente como veneno, influenciando as nossas acções actuais de maneira
que não entendemos completamente.
São Francisco de Sales tem a solução. Ele publicou um livro
chamado Introdução à Vida Devota, que tem um tesouro de conselhos práticos e
reflexão sobre abraçar a pessoa inteira e viver uma vida espiritualmente
saudável e feliz. O capítulo 19 é intitulado “Espírito necessário para fazer
bem a confissão geral”, e aborda como lidar com a vergonha que vem do passado.
Os erros passados, diz ele, são como um “escorpião que nos
fere”. Mas o melhor remédio contra a picada é destilar o veneno, confrontando
directamente a nossa vergonha oculta para explorar e reconhecer todas as nossas
acções. Tomar posse das nossas vidas, tanto o bem como o mal, é o primeiro
passo para a cura. O que é mais importante é sermos honestos quando cometemos
erros e não tentarmos justificá-los. Honestidade e humildade são requisitos
absolutos. São Francisco diz que, se fizermos uma contabilidade do nosso passado,
tornaremos a nossa vergonha uma honra porque a verdadeira tristeza é tão amável
que afasta a fealdade do passado. É como pegar numa esponja e limpar o mofo. É
o primeiro passo para escolher intencionalmente não apenas deixar o passado,
mas viver uma boa vida.
Então, quais são as dicas práticas para rever o seu passado e
fazer uma confissão geral?
Em primeiro lugar, tire um tempo sozinho e considere toda a
sua vida.
Pergunte-se quem você era no colégio e na faculdade. Como era
quando jovem adulto ou quando se tornou pai? Teve uma fase rebelde da qual não
se orgulha agora? Faça uma lista de cada acção errada ou mau hábito que lembrar.
Por exemplo: “Quando eu estava no ensino secundário, eu era terrível para os meus
pais”. Resuma, se necessário, mas não deixe nada para trás.
Em segundo lugar, encontre um confessor ou confidente
confiável.
Para os que têm o sacramento da confissão disponível na sua
tradição religiosa, eu recomendaria um padre. Mas para os que não, sentar-se com
um director espiritual treinado, ou mesmo alguém em quem confia profundamente é
uma boa ideia. Marque tempo suficiente para conversar sobre a sua lista. São
Francisco diz: “Diga tudo de forma simples e directa, e satisfaça plenamente a
sua consciência ao fazê-lo”. É importante não ficar envergonhado e não ignorar
a confissão, porque nunca possuiremos as nossas acções e pacificaremos os nossos
erros se nós não os dissermos em voz alta a outra pessoa. Para remover a
vergonha, a humildade de admitir tudo é necessária.
Em terceiro lugar, escute.
Ouça o seu confidente confiável responder ao que você
admitiu. Às vezes, outras pessoas reconhecem padrões de comportamento do qual
não somos conscientes, e algumas informações interessantes podem resultar.
Também é útil experimentar a reacção da outra pessoa. Quando o meu confessor
não foge horrorizado com o que eu admiti, é muito reconfortante saber que não
estou sozinho nas minhas lutas.
Além disso, ouça qualquer coisa que Deus ou a sua própria
consciência lhe possam dizer. Depois de dizer tudo o que precisava de dizer, o
que você vai ouvir é o som da liberdade, porque quando somos honestos e
verdadeiros connosco, é como se nos tivéssemos livrado de um fardo e nos
sentimos livres.