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O que vais ser quando cresceres?

 O que vais ser quando cresceres? 

 

 As questões vocacionais dividem-se entre as dimensões humana e divina  Toda a criança escuta a famosa pergunta: “O que vais quando cresceres?”. Assim, mesmo sem entendermos bem, crescemos com questões vocacionais dentro de nós. A palavra “vocação” vem do latim vocatione (substantivo) e significa chamada, escolha, talento, aptidão; ou vocare (verbo), que significa chamar.  Podemos dizer que existem dois tipos de chamamento: um humano e outro divino. O que chamamos de humano consiste na possibilidade de realização de todas as nossas capacidades ou talentos. A dimensão divina consiste no chamamento a termos de uma relação pessoal com Deus. As duas dimensões são igualmente importantes.  Humanização da profissão  Falemos um pouco da primeira dimensão, ou seja, da humana. Na escolha por uma profissão, é importante levarmos em conta a realização pessoal e o serviço ao próximo. Para descobrirmos a nossa vocação, precisamos de responder a algumas perguntas: Do que gosto? Quais são as minhas aptidões naturais? O que fala mais alto em mim quando penso numa vocação? Responder a estas perguntas é o primeiro passo para a descoberta da nossa vocação.  Entretanto, é preciso dizer que precisamos de perceber em que temos uma maior habilidade e adaptar o nosso talento natural à realidade, pois o trabalho também possui uma outra dimensão, que é a de prover a subsistência de cada um de nós.  Victor Frankl afirma: “O trabalho pode representar o campo em que o caráter de algo único do indivíduo se relaciona com a comunidade, recebendo assim o seu sentido e valor. Contudo, este sentido e valor são inerentes em cada caso, à realização (com que se contribui para a comunidade) e não a profissão concreta como tal. Não é, por conseguinte, um determinado tipo de profissão que oferece ao homem a possibilidade de atingir a plenitude. Neste sentido, pode-se dizer que nenhuma profissão faz o homem feliz. A profissão em si não é ainda suficiente para tornar o homem insubstituível; o que a profissão faz é simplesmente dar-lhe a oportunidade para o vir a ser”.   Ser um bom profissional 

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ossa profissão constitui-se numa possibilidade de nos colocarmos ao serviço do outro, e é nessa possibilidade que o nosso trabalho ganha importância e significado, permitindo-nos a descoberta de quem realmente somos. A realização que vem do trabalho tem relação com o que há de mais específico e original em cada um de nós.  No exercício profissional, podemos expressar, de forma única, quem somos e, assim, oferecer uma contribuição para a sociedade que somente nós podemos dar. Isto independentemente do que fazemos. Portanto, a questão não está no que fazemos, mas sim em como o fazemos. Claro, precisamos de estar atentos à realidade em que vivemos e as oportunidades que, por acaso, possam surgir para bem as aproveitar. Mas o mais importante é entendermos que não é uma profissão que faz o homem feliz; uma profissão apenas oferece oportunidade para sermos felizes. A verdadeira felicidade está no servimos ao outro e a Deus.  Dimensões vocacionais  São Domingos Sávio dizia: “Ser santo é cumprir bem os deveres e ser alegre”. Ele deixou-nos a lição de que “trabalhar com alegria” é um bom caminho que podemos seguir rumo à santidade e, desta forma, podemos unir as duas dimensões vocacionais: a humana e a divina.  Façamos tudo com alegria, na certeza de que, independentemente da nossa profissão e do que nós fazemos, podemos contribuir para o bem de outros, podemos deixar a marca da nossa singularidade, pois somos únicos e irrepetíveis, como bem dizia Victor Frankl. Procuremos viver, cada dia, o princípio deixado por São Paulo: “Quer comais ou bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1Cor 10,31).

 

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