VINDE A MIM TODOS VÓS…

 

“Se alguém tiver sede, venha a mim e beba e do seu seio manarão rios de água viva.” “Se alguém tem sede.” Sede é algo que sentimos dentro de nós. Não importa o tipo da sede, se de água, se de amor, de vida eterna, de felicidade, de afecto...Jesus está a convidar quem tem sede, não aquele que não tem água em casa.Quem já sentiu alguma sede dentro de si, aquele que sentiu desejo de...“Venha a mim e beba.” Não diz como e nem onde se encontra, ou como e quanta se pode beber. Venha a mim e beba. A água é para beber, para saciar, hidratar, purificar, é para renovar e plenificar a vida...“E do seu seio manarão rios de água viva.” Parece contraditório: aquele que sentia sede, agora se torna rio de água viva...A sede, torna-se rio. Alimentemos, pois, a nossa espiritualidade na Chaga aberta do divino Coração de Jesus, para que do nosso coração brotem rios de água viva, impossível de conter ou represar.   

 

 

  ++“O homem do século XXI tem necessidade do Coração de Cristo, para conhecer a Deus e conhecer-se a si mesmo! Tem necessidade dele, para construir a civilização do amor” (João Paulo II, 1994).

A devoção ao Sagrado Coração não se baseia em aparições ou carismas particulares, mas está fundamentada na Sagrada Escritura. “... o soldado abriu-Lhe o lado...” (Jo19, 34.36-37) “... olharão para Aquele que trespassaram” (Zc 12, 10).A espiritualidade do Sagrado Coração nasce aos pés da cruz.Impressiona a importância que João, o discípulo amado, dá a este Coração trespassado: “Eu vi! Eu sou testemunha! Eu digo a verdade, para que vós acrediteis” (Jo 19, 35)!O evangelista não usa o verbo ‘’ferir”, mas “abrir”. Usa uma palavra cuidadosamente escolhida, por ser um tesouro escondido, que nos deveria ser manifestado: a lança no-lo revela.

Olhando o lado aberto, João deverá ter-se lembrado: “Se alguém tem sede, venha a mim e aquele que acredita em mim, beba!... do seu seio jorrarão rios de água viva” (Jo 7, 37-38)! Quem não tem sede? Quanta sede há na humanidade!Tu, eu, todos somos chamados a beber para, a partir do Coração de Cristo, também sermos FONTE.“Vinde a mim todos os que estão cansados e eu lhes darei descanso.

Carreguem a minha carga e aprendam de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para as vossas vidas. Porque a minha carga é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11, 28-29).“Vinde a mim...” Este é o Coração de Jesus - um coração que se preocupa com as angústias do ser humano, com os seus problemas e sofrimentos. Não promete eliminar as dificuldades, mas promete “descanso” aos que vão a Ele, atraídos pelo seu coração bom e misericordioso!Quando se ama e se é amado, a carga pesada da vida torna-se leve.“Aprendei de mim e do meu coração” - É contemplando o Coração humano de Jesus que aprendemos a bondade, a misericórdia, a compaixão, a solidariedade, o amor preferencial pelos pobres, pelos pequenos, pelos doentes.

Aprendamos a amar como Ele amava.“Jesus disse a Tomé: Estende a tua mão e toca o meu lado. Não sejas incrédulo, mas tem fé!... Felizes os que acreditaram sem terem visto.” Da mesma forma como a Tomé, Jesus pede a cada um de nós, para que vejamos e toquemos o seu lado aberto, o seu Coração.Para João Evangelista, contemplar o Coração aberto e os sinais da crucifixão é fazer a experiência de Cristo ressuscitado, vivo e libertador, no meio de nós.O Coração de Jesus é uma porta aberta, isto é, um convite a entrar.Façamos esta experiência.    

 

 

Em Portugal, esta devoção, ligada à devoção das Chagas de Cristo, data pelo menos de 1728 e teve como grande impulsionadora a rainha D. Maria I, que obteve do Papa a prescrição da festa do Coração de Jesus em todo o reino e ergueu em sua honra a Basílica da Estrela. A ligação desta devoção ao Apostolado da Oração também contribuiu para a sua expansão. Na Solenidade do Coração de Jesus realiza-se, também, o Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes.    

 

 

++ O Sagrado Coração de Jesus

 

 

 Coração amantíssimo de Jesus. Chamá-lo de “amantíssimo” é até uma redundância, porque, tratando-se de Jesus, o Coração é, evidentemente, pleno de amor, de misericórdia e de bondade. Estas inesgotáveis riquezas, conforme a expressão de São Paulo (cf. Ef 3,8), como que transbordam, jorram sobre toda a humanidade.
Esta devoção nasce no momento em que o Coração de Jesus é transpassado, no alto do Calvário, segundo nos narra o evangelista São João (cf. Jo 19,34-35).
Diversas passagens da Sagrada Escritura revelam os tesouros do amor divino. Ainda no Antigo Testamento, o profeta Isaías fala das fontes que jorram e saciam qualquer sede: “Vós tirareis com alegria água das fontes da salvação” (Is 12,3). O tema da sede é muito profundo na Bíblia, um tema que realmente nos leva a reflectir sobre o dom do amor de Deus e a sede que este amor faz sentir no nosso íntimo, pois ele manifesta-se em plenitude através do Coração de Cristo. Ele mesmo convida: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba” (Jo 7,37)... e promete, conforme as palavras à samaritana: “Aquele que bebe desta água terá sede novamente; mas quem beber da água q eu lhe der, nunca mais terá sede. Pois a água q eu lhe der tornar-se-á nele uma fonte de água, jorrando para a vida eterna” (Jo 4,13-14).

Sede de quê? Todos temos sede do infinito. Nada é capaz de nos saciar nesta vida. “Até os dias mais bonitos, têm o seu ocaso”, dizia Santa Teresinha. Tudo o que se relaciona à realidade material, por mais belo que seja, tem o seu termo, o seu esgotamento... e o seu custo. Por isso, a sede não pára. É uma sede de valores perenes, q possam alimentar a paz e a alegria verdadeiras, dentro e fora de nós. Todos ansiamos por isso e, muitas vezes, não encontramos saciedade.