Mês do Sagrado Coração de Jesus
Um Coração que Ama
- 08-06-2022
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A palavra coração, remete-nos à centralidade da pessoa, ao seu núcleo, à sua intimidade, portanto significa a sua totalidade.
Falar do “Coração” de Jesus, é voltar-se para a segunda
Pessoa da Santíssima Trindade que assume a natureza humana para assim resgatar
o homem ferido pelo pecado. O amor presente neste Coração é a grande novidade
da Nova Aliança e é para toda a criatura humana a possibilidade real e concreta
de amar sem os limites e sem as dificuldades.
Jesus fez-se obediente até à morte de cruz pela salvação do
mundo (Fl 2,8). E o seu Coração aberto tornou-se símbolo evidente de que o amor
de Deus pelo homem chegou ao limite extremo. “Tendo amado os seus amou-os até ao
fim.” Os Padres da Igreja viram sempre no lado aberto de Cristo, do qual saem
sangue e água, o símbolo da Igreja e dos Sacramentos que brotam do Coração de
Cristo para a salvação dos homens. O Coração trespassado de Cristo converte-se
em sinal mais eloquente do amor gratuito do Pai pela redenção do homem que
rompeu a aliança com Deus. Por isso, João convida-nos a olhar para aquele que
foi trespassado (Jo 19,34). É preciso olhar, contemplar e compreender o grande
mistério do amor revelado através do sacrifício da cruz. (Zc 12,10).
Olhando para o Coração de Jesus torna-se ainda mais
compreensível o amor de Deus pelos homens como um amor de condescendência, de
perdão, de acolhimento, de misericórdia. É um amor que se revela por um aliado
mais fraco, mais pobre e até infiel e pecador. Um amor que é capaz de assumir
até as últimas consequências para devolver aos homens a graça divina da
filiação.
Coração Misericordioso
Na sua Carta Encíclica sobre a Misericórdia Divina, São João
Paulo II diz que a Igreja professa e venera a misericórdia de Deus voltando-se
para o Coração de Cristo (DM 13). Ainda afirma que a revelação da misericórdia
do Pai constitui para Cristo o conteúdo central da sua missão. (DM 15). O
Coração de Jesus é o sinal da misericórdia de Deus; que se manifestou no acto
supremo da doação pela salvação da humanidade.
O infinito amor de Deus atinge, através da porta aberta do
Coração de Jesus, o coração de cada pessoa e culmina eficazmente no Sacramento
da Penitência que é o lugar privilegiado do encontro do Coração de Deus com o
coração do homem.
Do Nascimento à Ressurreição
As atitudes de Jesus, do nascimento à sua paixão, morte e
ressurreição, manifestam e explicam a profundeza do seu Coração. Em primeiro
lugar, a atitude para com o Pai, cuja vontade é a missão primordial: "O
meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e cumprir a sua obra"
(Jo 4,34). Nesta perspectiva, podemos entender como Jesus misericordioso se
relaciona com os pequeninos, com todos os que dele se aproximam esperando de
algum modo receber as suas graças. Além disso, o seu zelo protector pelos mais
frágeis, especialmente, os pobres, enfermos, marginalizados e desprotegidos era
constante. E o jeito carinhoso de se relacionar com as crianças, quando as
abraçava e abençoava, impondo-lhes as mãos, indicava a sua predilecção pelos
pequeninos e indefesos. Apresentou-as, inclusive, como modelo de atitude no
acolhimento dos valores evangélicos (cf. Jo 9,46-48). Também era admirável a
paciência de Jesus com os Apóstolos, a princípio, nada notáveis por nobreza de
sentimentos. Eles foram, pouco a pouco, convertendo-se, mediante o ensinamento
do Mestre e o seu relacionamento com Ele. Tudo isto, foi consolidado pelo dom
do Espírito Santo, transformando-os de modo radical, a ponto de se colocarem ao
serviço do mestre e o seu reino de forma corajosa e destemida.
Podemos também considerar que o grande oferecimento do seu
Coração se dá na Eucaristia, o gesto supremo do Amor-doação: presença nas
nossas igrejas, dia e noite, aguardando para se doar a nós como comida e
bebida, isto é, força vital para a nossa vida, Amigo que nos acompanha em todos
os momentos. Quando na Santa Eucaristia nos deixamos atrair pelo acto redentor
de Cristo bebemos da fonte do seu Coração aberto. Quando encontramos o Senhor
que se oferece e se faz dom por nós, a nossa resposta só pode ser de entrega
pessoal e total a Ele. A transformação, a conversão do nosso coração dar-se-á,
sobretudo no nosso encontro com o amor do Coração de Jesus vivo e palpitante na
Eucaristia.
Culto e Devoção ao Coração de Jesus
As origens do culto e devoção ao Coração de Jesus remontam,
de certo modo, aos primórdios do cristianismo, uma vez que a Sagrada Escritura
é a sua fonte principal.
Podemos dizer que a origem da devoção ao Sagrado Coração de
Jesus é tão antiga como a Igreja, pois começou na cruz, onde este Divino
Coração, trespassado pela lança do soldado, desde então abriu, para todos os
homens, uma porta por onde se pode entrar. Quando olhamos para a ferida aberta
do lado de Jesus lembramo-nos ao mesmo tempo do seu Coração transbordando de
amor.
Devoção – colocar-se em atitude de dedicação a uma pessoa, ou
seja, estar ligada a essa pessoa, e, no caso quando dizemos ser devotos do
Coração de Jesus significa que existe em nós a prontidão e o desejo de estarmos
unidos a Ele. Ser devoto do Coração de Jesus significa, sobretudo, manifestarmos
o nosso amor através de uma busca constante de viver os seus ensinamentos. O
próprio Jesus nos impele a aprender Dele a mansidão e a humildade. “Aprendei de
mim” (Mt 11,28-30). Através destas palavras Jesus declara-se como “Mestre”, não
mestre dos sábios e entendidos, mas daqueles que sofrem e são oprimidos. O seu
grande desejo é que todos os homens cheguem ao conhecimento do seu amor
misericordioso.
Jesus manso e humilde de Coração
Manso e humilde: é assim que Jesus se define. Faz uso destes
dois adjectivos através dos quais os caracterizam. Manso é traduzido por
mansidão, bondade, delicadeza ao tratar as pessoas; não violento, mas alguém
que com as palavras e com o exemplo de vida nos ensina o acolhimento, o perdão
e a grande ternura. Humilde: vemos aqui Jesus que como homem se revela a sua
profunda humildade, ou seja, não se coloca acima dos outros; não comete
prepotência ou afronta, mas ao contrário, faz-se servo de todos. Não hesita em
colocar a sua vida e dedicar todo o seu tempo a favor dos irmãos, sobretudo dos
pequenos, dos pobres, dos últimos (Lc 4,18). Escutando o que Ele diz, vendo a sua
face, renasce novamente a esperança nos corações mais sofridos da sociedade.
Publicanos e pecadores consegue ver Nele a nova face de Deus Pai e o seu amor
misericordioso. Diante de Deus que é o Senhor do céu e da terra, também Ele
como homem sente-se “pequeno e humilde” entre os “pequenos da terra” alegre em
partilhar a sua condição, alegre ao ver que Deus, que desde sempre teve predilecção
pelos humildes, agora se revela a este “pequeno” que é Ele.
Invocar Jesus “manso e humilde” de coração significa seguir
os seus ensinamentos e saber que este deve ser o modo de manifestarmos o nosso
amor a Deus e também o modo de amarmos os homens nossos irmãos.
Neste Coração depositamos a nossa confiança. A Ele queremos
devotar a nossa vida e numa atitude de discípulos aprendermos a maneira de
vivermos o grande mandamento do amor. A nossa devoção ao Coração de Jesus requer
da nossa parte uma atitude decidida de fazer caminho com Ele, de nos colocarmos
na sua escola e numa atitude de generosidade dispor o coração e a vontade o
para o imitar nos seus gestos, palavras e atitudes. Sendo assim podemos
caracterizar o discipulado como sendo exigência de imitação.
Que o Sagrado Coração de Jesus confirme o nosso desejo de o
amar sempre mais e o tornar amado e conhecido pelo nosso testemunho.