Quaresma
Quaresma: tempo de desconectar e fazer silêncio no coração
- 10-03-2022
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Estamos sempre com pressa, procurando sem encontrar, sem tempo para assimilar todas as experiências que temos no dia a dia
Como vai a sua vida de oração? A
Quaresma é um tempo privilegiado para procurar mais momentos de oração e de
silêncio, para contemplar o Senhor na adoração, para ler a Bíblia e saborear a
Palavra de Deus.
Tempo para meditar sobre a própria vida
à luz de Maria, buscando discernir os caminhos que precisamos de seguir. Tempo
para ler livros de espiritualidade que despertem novas perguntas em nós. Tempo
para enxergar Deus na nossa vida, no silêncio, no escondimento. Tempo para
fazer algum retiro e voltar o nosso olhar para o próprio coração.
Desconectar
Como é difícil desconectar, deixar as
coisas um pouco de lado, parar e fazer silêncio! Estamos sempre com pressa,
procurando sem encontrar, sem tempo para assimilar todas as experiências que
temos. A Quaresma convida-nos a ir ao deserto, seguindo os passos de Jesus,
acompanhando a sua busca.
Jesus sentiu fome no deserto. Jesus
vivenciou a necessidade, a fome, a sede, a solidão. O ser humano evita sempre
ter fome. Como é difícil fazer jejum quando a Igreja o propõe! Parece que é
quando temos mais fome.
Na vida, buscamos satisfazer os
sentidos, as necessidades, à medida em que vão surgindo. Se temos fome,
comemos; se temos sede, bebemos; se precisamos de alguma coisa, compramos.
Achamos que satisfazer os desejos é o caminho
da verdadeira felicidade. Como nos enganamos! Um desejo satisfeito abre a porta
a outro desejo. Maior ou diferente. E assim vamos andando, num círculo interminável.
Saber renunciar torna-nos mais livres e, portanto, mais capazes de ser felizes.
Renúncia
Mas como custa sofrer a fome, a sede,
a renúncia! Por isso, a Quaresma adquire um tom cinza, porque sentimos que
temos de renunciar e parece-nos que renunciar é perder algo importante, que não
ter é ausência do que desejamos. Como podemos ser felizes renunciando?
Sempre que Deus nos pede uma renúncia,
ela adquire um sentido muito verdadeiro. Ele convida-nos a preencher o nosso
coração com o seu amor, com a sua vida. Mas é claro que isso dói.
O homem de hoje perdeu a imagem
positiva da renúncia, que parece já não ter valor para ele. Não gostamos de
sofrer necessidades, queremos tudo para “agora”, achamos que precisamos de
muitas coisas. Então, já saciados, o nosso amor empobrece e a nossa
personalidade enfraquece.
Estamos acostumados a ter tudo
facilmente. Nesta sociedade do bem-estar, nós habituamo-nos rapidamente às
coisas boas. O aburguesamento da alma é lento, mas crescente. A alma vai
perdendo força, ímpeto e adormece. Vai enfraquecendo quase sem percebermos.