Quaresma
Qual a diferença entre jejum e penitência?
- 18-02-2021
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A Igreja propõe-nos o jejum como uma maneira de nos educar,
de aprendermos a dominar o nosso corpo e também as nossas inclinações. O jejum
e a penitência não são para que sintamos fome ou passemos necessidade. A
penitência é “uma reorientação radical de toda a vida, um retorno, uma
conversão para Deus de todo o nosso coração” (cf. Catecismo da Igreja Católica,
parágrafo 1431). Ou seja, estas práticas espirituais servem para nos ajudar a
encontrar Deus por meio da oração.
A Igreja “contém pecadores no seu seio” (CIC, n. 1428) e é, ao
mesmo tempo, santa e necessitada de purificação, prosseguindo constantemente no
seu esforço de penitência e renovação. “A penitência interior do cristão pode
ter expressões muito variadas. A Escritura e os padres insistem, sobretudo, em
três formas: o jejum, a oração e a esmola que exprimem a conversão” (CIC, n.
1434).
Os jejuns e as mortificações, embora sejam actos exteriores,
impelem-nos à oração, a uma melhor escuta de Deus por meio da temperança, do
espírito de sacrifício, de equilíbrio do corpo e da mente, levando-nos a esta
conversão interior. Inclusive, recomenda-se que o gesto do jejum seja
acompanhado da partilha com os necessitados do alimento não consumido. O tempo
litúrgico da Quaresma tem esta dimensão penitencial de revisão interior, mas
também de amor concreto ao próximo.
Por que é que a Igreja recomenda a prática espiritual do
jejum e da penitência?
É importante saber que o jejum é uma prática muito mais
interior do que exterior, não é apenas algo que se deixa de comer, mas tem um
propósito: abster-se de certos alimentos. O jejum não é uma dieta, mas uma
prática espiritual que visa uma intimidade maior com Deus. O jejum é para a
conversão e também para que amemos mais a Deus e ao próximo. O Papa Leão Magno
aconselhava:
“Mortifiquemos um
pouco o homem exterior, para que o interior seja restaurado. Perdendo um pouco
do excesso corpóreo, o espírito robustece-se”. As práticas penitenciais são tão
importantes na busca da conversão, que a observância de algumas delas, foram
indicadas como um dos mandamentos da Igreja. Muito mais do que preceitos, estas
práticas penitenciais revelam ser procura pela perfeição no amor.
O quarto mandamento da Igreja diz que é preciso “jejuar e
abster-se de carne, como manda a Santa Mãe Igreja”. Os dias e tempos penitenciais,
em toda a Igreja, são todas as sextas-feiras do ano, e o tempo da Quaresma.
Estão obrigados à lei da abstinência os católicos que tiverem completado
catorze anos de idade, e obrigados à lei do jejum todos os católicos maiores de
idade até os 60 anos começados.
Jejum e abstinência
A abstinência de carne ou de outro alimento, segundo as
prescrições da Conferência dos Bispos, devem ser observadas em todas as
sextas-feiras do ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as
solenidades. Na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira da Paixão e Morte de
Nosso Senhor Jesus Cristo, devem ser observados o jejum e a abstinência.
(Código de Direito Canónico, cânon 1250).