Quaresma
O Evangelho ensina-nos a expulsar os demónios
- 28-02-2020
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Ao vir a este mundo, Jesus Cristo revestiu-se do divino poder de ensinar, operar milagres e expulsar o demónio.
Agora na Quaresma a Igreja propõe para reflexão dos fiéis o Evangelho em que o Filho de Deus expulsa o demónio de um homem cego e surdo-mudo, operando três milagres de uma só vez: fazê-lo ver, ouvir e falar.
O Evangelho traz ensinamentos para todos os tempos. Que lição podemos tirar deste prodígio?
O mundo contemporâneo nega-se a ouvir, falar e ver, pois grassa nele uma surdez e mudez generalizada à palavra de Deus, cujos ensinamentos não são ouvidos nem pregados.
Enquanto o vício e o erro se desfecham na devassidão dos costumes, desviando as pessoas do ensinamento perene da Igreja, Ela mostra que Cristo é o caminho, a verdade e a vida.
Ao realizar o tríplice milagre, o nosso Salvador concorreu para que através dos séculos muitos cressem nos seus divinos preceitos e os aceitassem.
Enquanto a multidão rendia glória a Deus por milagre tão sublime, escribas e fariseus empenhavam-se em não o reconhecer, atribuindo o prodígio a Belzebu.
A contradição — um demónio contrapondo outro — foi aproveitada por Jesus na sua réplica: “Todo o reino dividido, perecerá”.
Em que pese a crise instalada na Igreja, o seu reino e a sua fé inabalável e indivisível subsistirão sempre nesta Terra de exílio, onde haverá uma luta perpétua entre o bem e o mal; entre a verdade e o erro, entre luz e as trevas, luta que durará até à consumação dos séculos, pois que foi prescrita pelo próprio Deus.
Nosso Senhor disse aos inimigos que não era pelo poder do demónio que Ele expulsava demónio, mas pelo dedo de Deus.
Ele referiu-se ao Espírito Santo, pois Jesus lia e perscrutava os pensamentos daqueles fariseus e respondia às objecções que estavam no segredo dos seus corações.
Caso Nosso Senhor tivesse recorrido às Escrituras, eles não teriam prestado atenção.
De onde a comparação entre cidades e reinos, pois é grande a união dos súditos em torno de reinos e casas.
No mundo actual propaga-se uma crise avassaladora, crise de fé com as suas múltiplas consequências: crise da família, da sociedade, da propriedade, das instituições, dos valores, dos costumes, e até dos hábitos.
Como um grande incêndio, tal crise invade todos os segmentos do corpo social, chegando mesmo a ser generalizada e constante, rumo ao caos. E isto só pode ser obra do demónio e dos seus satélites.
Ao expulsar o demónio daquele homem, Jesus quis nos ensinar acerca do poder conferido à Sua Igreja, o de anunciar o Evangelho. Ele não apenas expulsou aquele demónio, mas conquistou méritos infinitos para a Igreja com a Sua paixão e morte.
Segundo a narração do Evangelho, depois de expulso o demónio andou por lugares secos e áridos; e não podendo voltar para aquele homem, pois a sua alma estava ornada e limpa, tomou então sete espíritos piores para a ele voltar, tornando-o pior do que antes.
Assim acontecerá com esta geração perversa e má.
Hoje presenciamos a apostasia do mundo ocidental.
O que aconteceu com o povo judeu ao rejeitar o Salvador repete-se hoje com o abandono da Igreja verdadeira por parte não apenas dos fiéis, mas de muitos dos seus pastores.
Assistimos a uma verdadeira paixão da Igreja, a qual já teria perecido se não fosse imortal.
Assim como Jesus foi condenado à morte, morrem hábitos, costumes e modos de ser que marcaram o mundo outrora cristão e civilizado.
Mas a Igreja não morrerá, pois temos a promessa de que as portas do inferno não prevalecerão contra ela.