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Página Mariana

O significado de 13 invocações “curiosas” da Ladainha de Nossa Senhora

A palavra ladainha quer dizer súplica. Desde os inícios da Igreja, as ladainhas foram utilizadas para indicar as súplicas rezadas em conjunto pelos fiéis, particularmente durante as procissões.

Ladainha lauretana

Quando a casa em que Nossa Senhora havia morado na Terra Santa foi transportada milagrosamente para a cidade de Loreto, na Itália, em 1291, o milagre espalhou-se rapidamente e deu início a numerosas peregrinações. Com o tempo, uma série de súplicas a Nossa Senhora foi sendo composta pelos peregrinos, que a invocavam pelos seus mais importantes títulos espirituais. Essas ladainhas, que passaram depois a ser cantadas no santuário, foram popularizadas pelos peregrinos em todo o mundo católico. É por causa da sua origem no santuário de Loreto, que a mais tradicional ladainha em honra à Santíssima Virgem é chamada “ladainha lauretana“.

As invocações iniciais dirigem-se a Nosso Senhor Jesus Cristo e à Santíssima Trindade: “Senhor, tende piedade de nós! Jesus Cristo, ouvi-nos!“… Por quê? Porque tudo em Nossa Senhora nos conduz ao seu Filho divino e, por meio dele, à Santíssima Trindade, que é o nosso fim supremo. A Santíssima Virgem Maria é o melhor caminho para chegarmos a Deus.

Após esta introdução, seguem-se três invocações nas quais pronunciamos o nome da Virgem, Santa Maria, e lembramos dois dos seus principais privilégios: ser Mãe de Deus e Virgem das virgens.

O significado dessas 13 invocações simbólicas:

Espelho de Justiça — Justiça, aqui, entende-se no sentido mais amplo de santidade. Nossa Senhora é chamada assim porque é um espelho da perfeição cristã. Toda a perfeição pode ser admirada nela, do mesmo modo como podemos admirar uma luz reflectida na água.

Sede da Sabedoria — Nosso Senhor Jesus Cristo é a Sabedoria, pois, sendo Deus, tudo sabe e tudo conhece. E se Nossa Senhora O levou dentro de si durante nove meses, ela foi, por isso mesmo, a sede da Sabedoria – e continua a sê-lo, pois nela, infalivelmente, encontramos Nosso Senhor.

Causa de Nossa Alegria — A verdadeira alegria vai muito além do riso, até porque rir muito nem sempre significa felicidade. A maior alegria que um homem pode ter é a de salvar-se e estar com Deus por toda a eternidade. Antes da vinda de Nosso Senhor, o Céu estava fechado para nós. Foi o sacrifício do Calvário que nos reconciliou com o Criador e nos proporcionou a verdadeira e eterna felicidade. E como foi por meio de Nossa Senhora que o Redentor da humanidade veio à Terra, Maria Santíssima é, desta forma, causa da nossa maior alegria.

Vaso Espiritual — Nada tem mais valor do que a verdadeira fé. Na Paixão e Morte de Nosso Senhor, quando até os Apóstolos duvidaram e fugiram, foi Nossa Senhora quem recolheu e guardou, como num vaso sagrado, o tesouro da fé inabalável.

Vaso Honorífico — Hoje em dia, a honra quase não é considerada: pelo contrário, muitas vezes a falta de carácter e de vergonha é que é louvada… No entanto, a honra é um valor em si mesmo. Nossa Senhora guardou cuidadosamente na sua alma todas a graças recebidas, mantendo a honra apesar da decadência do género humano. Se não tivesse existido Nossa Senhora, faltaria na criação quem representasse a perfeição da criatura, fiel até ao extremo heroísmo.

Vaso Insigne de Devoção — Devoto quer dizer dedicado a Deus. A criatura que mais se dedicou e viveu em função de Deus foi Nossa Senhora, tendo-o realizado de forma tal que melhor é impossível.

Rosa Mística — A rosa é considerada tradicionalmente a rainha das flores. Igualmente, no campo da vida espiritual e mística, Nossa Senhora possui da forma mais primorosa tudo aquilo que representa a perfeição.

Torre de David — Lemos na Sagrada Escritura que o rei David tomou a fortaleza de Jerusalém dos jebuseus e edificou a cidade em torno dela. Naturalmente, o rei David fortificou a cidade para a tornar inexpugnável, dotando-a de forte guarnição. A Igreja Católica é a nova Jerusalém e nela temos uma torre ou fortaleza que nenhum inimigo pode destruir: Nossa Senhora. Ela constitui o ponto de maior resistência e melhor defesa. Por isso, nesta invocação honramos Nossa Senhora reconhecendo que nunca houve, nem haverá, quem melhor proteja os fiéis e defenda a honra de Deus do que ela.

Torre de Marfim — O marfim é um material de raras caraterísticas naturais: ele é ao mesmo tempo muito forte e muito claro, o que gera um aparente contraste entre suavidade e força. Igualmente, Nossa Senhora é muito forte espiritualmente, a maior inimiga dos inimigos de Deus, e, ao mesmo tempo, é de uma pureza e suavidade alvíssima. Ela contraria as ideias falsas de que as coisas de Deus devam ser adocicadas e piegas e de que a força verdadeira deva ser bruta.

Casa de Ouro — O ouro é considerado o mais nobre dos metais. Se tivéssemos que receber o próprio Deus, procuraríamos fazê-lo numa casa que não fosse superável: daí a comparação com uma casa de ouro. A Santíssima Virgem é essa “casa de ouro” que acolheu Nosso Senhor quando Ele veio ao mundo.

Arca da Aliança — No Antigo Testamento, eram guardadas na Arca da Aliança as tábuas da Lei dadas por Deus a Moisés, e um punhado do maná milagrosamente recebido no deserto. Por isso, ela lembrava as promessas e a protecção de Deus. Nossa Senhora é, no Novo Testamento, a Arca da Aliança que protege o povo eleito da Igreja e recorda as infinitas misericórdias de Deus.

Porta do Céu — Nossa Senhora é invocada assim porque foi por meio dela que Jesus veio à Terra e é por Ela que nos vêm todas as graças voltadas para nos levar ao Céu, a nossa morada eterna. Assim, Ela favorece a nossa entrada no Céu.

Estrela da Manhã — Pouco antes de nascer o sol, quando vai começar a clarear, aparece no horizonte uma estrela de maior luminosidade. Depois, quando as outras estrelas desaparecem na claridade nascente, ela ainda permanece. Assim foi Nossa Senhora, pois o seu nascimento significava que logo nasceria o Sol de Justiça, Nosso Senhor Jesus Cristo. E quando a Fé se perdia até entre o povo eleito, Ela continuava a acreditar e esperar. Ela é o modelo da perseverança na provação e o anúncio da Luz que virá.

 

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