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O significado de 13 invocações “curiosas” da Ladainha de Nossa Senhora
- 21-05-2020
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A palavra ladainha quer dizer súplica. Desde os inícios da
Igreja, as ladainhas foram utilizadas para indicar as súplicas rezadas em
conjunto pelos fiéis, particularmente durante as procissões.
Ladainha lauretana
Quando a casa em que Nossa Senhora havia morado na Terra
Santa foi transportada milagrosamente para a cidade de Loreto, na Itália, em
1291, o milagre espalhou-se rapidamente e deu início a numerosas peregrinações.
Com o tempo, uma série de súplicas a Nossa Senhora foi sendo composta pelos
peregrinos, que a invocavam pelos seus mais importantes títulos espirituais.
Essas ladainhas, que passaram depois a ser cantadas no santuário, foram
popularizadas pelos peregrinos em todo o mundo católico. É por causa da sua
origem no santuário de Loreto, que a mais tradicional ladainha em honra à
Santíssima Virgem é chamada “ladainha lauretana“.
As invocações iniciais dirigem-se a Nosso Senhor Jesus Cristo
e à Santíssima Trindade: “Senhor, tende piedade de nós! Jesus Cristo,
ouvi-nos!“… Por quê? Porque tudo em Nossa Senhora nos conduz ao seu Filho
divino e, por meio dele, à Santíssima Trindade, que é o nosso fim supremo. A
Santíssima Virgem Maria é o melhor caminho para chegarmos a Deus.
Após esta introdução, seguem-se três invocações nas quais
pronunciamos o nome da Virgem, Santa Maria, e lembramos dois dos seus
principais privilégios: ser Mãe de Deus e Virgem das virgens.
O significado dessas 13 invocações simbólicas:
Espelho de Justiça — Justiça, aqui, entende-se no
sentido mais amplo de santidade. Nossa Senhora é chamada assim porque é um
espelho da perfeição cristã. Toda a perfeição pode ser admirada nela, do mesmo
modo como podemos admirar uma luz reflectida na água.
Sede da Sabedoria — Nosso Senhor Jesus Cristo é a
Sabedoria, pois, sendo Deus, tudo sabe e tudo conhece. E se Nossa Senhora O
levou dentro de si durante nove meses, ela foi, por isso mesmo, a sede da
Sabedoria – e continua a sê-lo, pois nela, infalivelmente, encontramos Nosso
Senhor.
Causa de Nossa Alegria — A verdadeira alegria vai muito
além do riso, até porque rir muito nem sempre significa felicidade. A maior
alegria que um homem pode ter é a de salvar-se e estar com Deus por toda a
eternidade. Antes da vinda de Nosso Senhor, o Céu estava fechado para nós. Foi
o sacrifício do Calvário que nos reconciliou com o Criador e nos proporcionou a
verdadeira e eterna felicidade. E como foi por meio de Nossa Senhora que o
Redentor da humanidade veio à Terra, Maria Santíssima é, desta forma, causa da
nossa maior alegria.
Vaso Espiritual — Nada tem mais valor do que a
verdadeira fé. Na Paixão e Morte de Nosso Senhor, quando até os Apóstolos
duvidaram e fugiram, foi Nossa Senhora quem recolheu e guardou, como num vaso
sagrado, o tesouro da fé inabalável.
Vaso Honorífico — Hoje em dia, a honra quase não é
considerada: pelo contrário, muitas vezes a falta de carácter e de vergonha é
que é louvada… No entanto, a honra é um valor em si mesmo. Nossa Senhora
guardou cuidadosamente na sua alma todas a graças recebidas, mantendo a honra
apesar da decadência do género humano. Se não tivesse existido Nossa Senhora, faltaria
na criação quem representasse a perfeição da criatura, fiel até ao extremo
heroísmo.
Vaso Insigne de Devoção — Devoto quer dizer dedicado a Deus.
A criatura que mais se dedicou e viveu em função de Deus foi Nossa Senhora,
tendo-o realizado de forma tal que melhor é impossível.
Rosa Mística — A rosa é considerada
tradicionalmente a rainha das flores. Igualmente, no campo da vida espiritual e
mística, Nossa Senhora possui da forma mais primorosa tudo aquilo que
representa a perfeição.
Torre de David — Lemos na Sagrada Escritura que o
rei David tomou a fortaleza de Jerusalém dos jebuseus e edificou a cidade em
torno dela. Naturalmente, o rei David fortificou a cidade para a tornar
inexpugnável, dotando-a de forte guarnição. A Igreja Católica é a nova
Jerusalém e nela temos uma torre ou fortaleza que nenhum inimigo pode destruir:
Nossa Senhora. Ela constitui o ponto de maior resistência e melhor defesa. Por
isso, nesta invocação honramos Nossa Senhora reconhecendo que nunca houve, nem
haverá, quem melhor proteja os fiéis e defenda a honra de Deus do que ela.
Torre de Marfim — O marfim é um material de raras
caraterísticas naturais: ele é ao mesmo tempo muito forte e muito claro, o que
gera um aparente contraste entre suavidade e força. Igualmente, Nossa Senhora é
muito forte espiritualmente, a maior inimiga dos inimigos de Deus, e, ao mesmo
tempo, é de uma pureza e suavidade alvíssima. Ela contraria as ideias falsas de
que as coisas de Deus devam ser adocicadas e piegas e de que a força verdadeira
deva ser bruta.
Casa de Ouro — O ouro é considerado o mais nobre
dos metais. Se tivéssemos que receber o próprio Deus, procuraríamos fazê-lo
numa casa que não fosse superável: daí a comparação com uma casa de ouro. A
Santíssima Virgem é essa “casa de ouro” que acolheu Nosso Senhor quando Ele
veio ao mundo.
Arca da Aliança — No Antigo Testamento, eram
guardadas na Arca da Aliança as tábuas da Lei dadas por Deus a Moisés, e um
punhado do maná milagrosamente recebido no deserto. Por isso, ela lembrava as
promessas e a protecção de Deus. Nossa Senhora é, no Novo Testamento, a Arca da
Aliança que protege o povo eleito da Igreja e recorda as infinitas
misericórdias de Deus.
Porta do Céu — Nossa Senhora é invocada assim
porque foi por meio dela que Jesus veio à Terra e é por Ela que nos vêm todas
as graças voltadas para nos levar ao Céu, a nossa morada eterna. Assim, Ela
favorece a nossa entrada no Céu.
Estrela da Manhã — Pouco antes de nascer o sol, quando
vai começar a clarear, aparece no horizonte uma estrela de maior luminosidade.
Depois, quando as outras estrelas desaparecem na claridade nascente, ela ainda
permanece. Assim foi Nossa Senhora, pois o seu nascimento significava que logo
nasceria o Sol de Justiça, Nosso Senhor Jesus Cristo. E quando a Fé se perdia
até entre o povo eleito, Ela continuava a acreditar e esperar. Ela é o modelo
da perseverança na provação e o anúncio da Luz que virá.