SENHOR,
TENHO AS MÃOS VAZIAS E A BOCA AMARGA
Senhor, nada tenho para Te oferecer:
apresento-Te as minhas dores, fadigas e penas.
Quanto custou a tanta gente
este pedaço de pão, colocado na patena!
Tenho as mãos vazias e a boca seca:
ofereço-Te o meu coração ferido.
Para que o vinho espumasse neste cálice,
foi preciso – não foi? – pisar as uvas e moer
o grão de trigo.
Nada tenho em mim mais que amargura e pecado,
o cansaço de viver e a angústia que me oprime:
Para Ti elevo estas míseras coisas,
pois o Teu amor de antemão as acolheu na Ceia!
Senhor, nem forças tenho para oferecer e implorar.
Tudo em mim é abandono e tremenda solidão:
Aceito silenciosamente – eis tudo – que um outro
me receba, vele por mim e sejam um só dom
o oferente e a ofenda…
Daniel Rops