Página da Catequese
Não só trabalhar como catequistas, mas principalmente sê-lo
- 18-07-2018
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Papa Francisco: "Não só trabalhar como catequistas, mas principalmente sê-lo
A catequese é um dos pilares da educação da fé, e não um trabalho como outro qualquer, mas que deve ajudar as crianças, jovens e adultos a conhecer e amar cada vez mais ao Senhor, ou seja uma das aventuras educativas mais bonitas. Da mesma forma que não é a mesma coisa “ser” catequista que “trabalhar” como catequista, já que catequista é uma vocação.
A Igreja não cresce por proselitismo, mas por atracção e o que atrai é o testemunho. São Francisco de Assis: “pregai sempre o Evangelho e se for necessário também com as palavras”.
Ser catequista requer amor, o amor cada vez mais forte por Cristo e amor pelo seu povo santo e este amor necessariamente vem de Cristo. O que significa este vir de Cristo para um catequista? E explicou: “assim como faziam os antigos jesuítas”: em três pontos.
Em primeiro lugar recomeçar a partir de Cristo significa ter familiaridade com Ele, e acrescenta que “se estamos unidos a Ele podemos dar fruto, e esta é a familiaridade com Cristo”. E destacou assim que ter um “título de catequista” não serve, é somente um pequeno caminho, porque “não é um título, é uma atitude”. Desta forma, perguntou aos catequistas como estão na presença do Senhor, o que fazem e se se deixam olhar por Ele. Deixar-se olhar por Cristo, destacou o santo padre, é uma forma de rezar e “isso esquenta o coração, tem acesso ao fogo da amizade, faz sentir que Ele verdadeiramente me vê, está perto de mim e me ama”.
Não é simples", especialmente para aqueles que são casados e têm filhos, é difícil encontrar um longo momento de calma. Mas, graças a Deus, não é necessário fazer tudo da mesma forma; na Igreja há diversidade de vocações e diversidade de formas espirituais; o importante é encontrar o modo mais adequado para estar com o Senhor; e isso é possível em todos os estados de vida”.
O segundo elemento foi este: recomeçar de Cristo significa “imitá-lo no sair de si e ir ao encontro do outro”. Uma experiência, um pouco paradoxal. Isto é “porque quem coloca no centro da própria vida Cristo, descentraliza-se! Quanto mais te unes a Jesus e Ele se transforma no centro da tua vida, mais Ele faz com que saias de ti mesmo, te descentralizes e te abras aos outros”.
Não ter medo de sair dos nossos esquemas para seguir Cristo, “porque Deus não tem medo das periferias”. E acrescentou que Deus é sempre fiel, não é fechado e nem rígido, vem ao nosso encontro, compreende-nos.
Também destacou a criatividade do catequista, elemento chave do seu trabalho. “Se um catequista se deixa levar pelo medo, é um covarde; se um catequista está feliz por ser uma mera estátua de museu; se um catequista é rígido, torna-se seco e estéril”. E do mesmo modo, recordou que “prefere uma Igreja acidentada do que uma Igreja doente”. E neste trabalho, “a nossa beleza e a nossa força” é que “se saímos para levar o Evangelho com amor, Ele caminha connosco” e “vai à frente” sempre. Destacou que Deus sempre nos precede e se temos medo de ir a uma periferia, na verdade Ele já está lá.
Permanecei com Cristo, sede uma só coisa com Ele, segui-O e imitai-O.
Ser Catequista – Uma Vocação
Nem sempre temos facilidade em compreender o termo “vocação”. Há até um “falso” modo de entender a vocação, que consiste em aproximá-la de coisas menos comuns e afastá-la do quotidiano e ocasional. A vocação que está na base do ministério catequético é algo de extraordinário como “dom e graça do Espírito Santo”, mas isto não implica qualquer manifestação interior de carácter invulgar.
E é por isso que o extraordinário deve ser procurado na intimidade das relações que Deus estabelece com os seus escolhidos: «a maior limitação em que nos vermos fechados é não sermos capazes de ver as coisas extraordinárias, pela simples razão de que nos aparecem de modo familiar» (Teilhard de Chardin). Só com os olhos da fé seremos capazes de descobrir a actuação de Deus no meio de nós.
Os casos quotidianos são o lugar onde ressoa a Palavra do Senhor e em que os discípulos Lhe aceitam o convite (cf Mc 1, 16-20; Mc 2, 13-1; Lc 5, 11). Foi algo de semelhante que aconteceu na vida de cada catequista, daí começou para cada um a história catequética. Redescobrir na fé este começo da história ajuda o catequista a sentir-se continuamente chamado e escolhido, e responsabiliza-o cada vez mais. A vocação do catequista nasce e assume os seus contornos dentro do «chamamento sacramental» do Baptismo.
Nele se fundamenta o exercício do ministério da Palavra. É aí, no Baptismo, onde se insere o convite do Senhor, onde os seus dons se concedem, onde o catequista é enviado em missão.
O catequista ao tornar-se dia a dia mais dócil e fiel à acção do Espírito Santo, ser-lhe-á possível ir descobrindo cada vez mais e melhor o projecto de Deus sobre a sua pessoa. Não é só ele o chamado; é chamado como catequista e chamados são também os catequizandos, para escutar na sua voz a Palavra de Deus que os chama e conduz. Por conseguinte, a vocação do catequista é extensiva ao grupo de catequese que Deus lhe confia.
Diante do chamamento de Deus a desempenhar o ministério da Palavra, o catequista poderá, como os profetas, experimentar um sentimento profundo e sincero de incapacidade, de insuficiência, que o assalta quase com a mesma violência. «Não sei falar, ainda sou muito novo» (Jer 1, 6). Assim respondeu Jeremias à voz de Deus que o chamava.
Sempre se comporta assim, quem supõe que o ministério que por Deus lhe é conferido é para desempenhar a partir das próprias forças. Pois vê uma série de limitações em si ou à sua volta que num primeiro momento podem assustar e levar à recusa do convite do Senhor, ou até mesmo em ter dificuldade a priori para descobrir na trama dos acontecimentos a voz de Deus que chama. Acontece, porém, que esta circunstância é uma componente indispensável da missão do catequista: ter perfeita consciência de que anuncia palavras que, só por serem Palavra de Deus, não lhe pertencem.
Assim o serviço catequético não visa persuadir alguém com sabedoria humana (cf. 1Cor 2, 1); pretende apenas tornar Cristo presente e, deste modo, prolongar a Sua acção. O ministério da Palavra requer a máxima disponibilidade, pois tende sempre para uma entrega gratuita da vida do catequista.
A Palavra de Deus precisa mais de servidores fiéis (que sejam os primeiros a viver na sua vida o que, na catequese, anunciam aos catequizandos) do que de catequistas que apenas a explicam…