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Discurso do Papa aos Catequistas
- 16-10-2016
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Discurso do Papa aos Catequistas
Queridos catequistas,
Estou feliz por este encontro: a catequese é um pilar para a educação da fé, e precisamos de bons catequistas! Obrigado por este serviço à Igreja e na Igreja. Mesmo se às vezes possa ser difícil, trabalha-se tanto, empenha-se e não se vêem os resultados desejados, educar na fé é belo! Ajudar as crianças, os jovens, os adultos a conhecer e a amar sempre mais o Senhor é uma das aventuras educativas mais belas, constrói-se a Igreja! “Ser” catequistas! Vejam bem, não disse “fazer” os catequistas, mas “sê-lo”, porque envolve a vida. Conduz-se ao encontro com Jesus com as palavras e com a vida, com o testemunho. E “ser” catequistas requer amor, amor sempre mais forte por Cristo, amor pelo seu povo santo. E este amor, necessariamente, parte de Cristo.
O que significa este partir de Cristo para um catequista, para vós, também para mim, porque também eu sou um catequista?
1. Primeiro de tudo, partir de Cristo significa ter familiaridade com Ele. Jesus o recomenda com insistência aos discípulos na Última Ceia, quando estava prestes a viver o dom mais alto do amor, o sacrifício da Cruz. Jesus utiliza a imagem da videira e dos ramos e diz: permanecei no meu amor, permanecei ligados a mim, como o ramo está ligado à videira. Se estamos unidos a Ele, podemos dar frutos, e esta é a familiaridade com Cristo.
A primeira coisa, para um discípulo, é estar com o Mestre, escutá-lo, aprender com Ele. E isto vale sempre, é um caminho que dura toda a vida! Para mim, por exemplo, é muito importante permanecer diante do Tabernáculo; é um estar na presença do Senhor, deixar-se olhar por Ele. E isto aquece o coração, mantém aceso o fogo da amizade, faz-te sentir que Ele verdadeiramente te olha, está próximo de ti e te quer bem. Entendo que para vocês não é assim simples: especialmente para quem é casado e tem filhos, é difícil encontrar um tempo longo de calma. Mas, graças a Deus, não é necessário fazer tudo do mesmo modo; na Igreja há variedade de vocações e variedade de formas espirituais; o importante é encontrar o modo adequado para estar com o Senhor; e isto pode-se, é possível em toda etapa da vida. Neste momento, cada um pode perguntar-se: como vivo este “estar” com Jesus? Tenho momentos em que permaneço na sua presença, em silêncio e deixo-me guiar por Ele? Deixo que o seu fogo aqueça o meu coração? Se no nosso coração não há o calor de Deus, do seu amor, da sua ternura, como podemos nós, pobres pecadores, aquecer os corações dos outros?
2. O segundo elemento é este: partir de Cristo significa imitá-Lo no sair de si e ir ao encontro do outro. Esta é uma experiência bela, e um pouco paradoxal. Por quê? Porque quem coloca no centro da própria vida Cristo, sai do centro! Mais se une a Jesus e Ele torna-se o centro da tua vida, mais Ele te faz sair de ti mesmo, te descentraliza e te abre aos outros. Este é o verdadeiro dinamismo do amor, este é o movimento do próprio Deus! Deus é o centro, mas é sempre doação de si, relação, vida que se comunica… Assim nos tornamos também nós, se permanecemos unidos a Cristo, Ele faz-nos entrar neste dinamismo do amor. Onde há verdadeira vida em Cristo, há abertura ao outro, há saída de si para ir ao encontro do outro em nome de Cristo.
O coração do catequista vive sempre movimento de “sístole – diástole”: união com Jesus, encontro com o outro. Sístole – diástole. Se falta um destes dois movimentos não bate mais, não vive. Recebe como dom o Kerigma, e por sua vez oferece-o como dom. É esta a natureza do próprio Kerigma: é um dom que gera missão, que impulsiona sempre para fora de si mesmo. São Paulo dizia: “O amor de Cristo nos impulsiona”, mas este “nos impulsiona”, pode-se traduzir também em “nos possui”. É assim: o amor te atrai e te envia, te toma e te doa aos outros. Nesta tensão se move o coração do cristão, em particular o coração do catequista: união com Jesus e encontro com o outro? Alimenta-se no relacionamento com Ele, mas para levá-Lo aos outros? Eu digo-vos uma coisa: eu não entendo como um catequista pode permanecer parado, sem este movimento.
3. O terceiro elemento está sempre nesta linha: partir de Cristo significa não ter medo de ir com ele às periferias. Vem-me à mente a história de Jonas, uma figura verdadeiramente interessante, especialmente nos nossos tempos, de mudanças e incertezas. Jonas é um homem piedoso, com uma vida tranquila e organizada, que o leva a ter os seus esquemas bem claros e a julgar tudo e todos com estes esquemas, de modo rígido. Por isso, quando o Senhor o chama e lhe diz para ir a Nínive, a grande cidade pagã, Jonas não quer ir. Nínive está fora dos seus esquemas, é a periferia do seu mundo. E então, ele escapa, foge, embarca num navio que vai para longe. Releiam o livro de Jonas! É breve, mas é uma palavra muito instrutiva, especialmente para nós que estamos na Igreja.
O que é que nos ensina? Ensina a não ter medo de sair dos nossos esquemas para seguir a Deus, porque Deus vai sempre além, Deus não tem medo das periferias. Deus é sempre fiel e criativo, não é fechado e por isso nunca é rígido, acolhe-nos, vem ao nosso encontro, compreende-nos. Para ser fiel, para ser criativo, é necessário saber mudar. Para permanecer com Deus é preciso saber sair, não ter medo de sair. Se um catequista se deixa dominar pelo medo, é um covarde; se um catequista está tranquilo, acaba por ser uma estátua de museu; se um catequista é rígido, torna-se encarquilhado e estéril. Pergunto-vos: alguém quer ser um covarde, estátua de museu ou estéril?
Não tenhais medo de partir. Jesus disse: Ide, eu estou convosco! Esta é a nossa beleza e a nossa força. Se nós partimos, se saímos para levar o seu Evangelho com amor, com verdadeiro espírito apostólico, com parresia, Ele caminha conosco, precede-nos, é o primeiro sempre. Vós aprendestes o sentido desta palavra. E isto é fundamental para nós: Deus precede-nos sempre! Quando pensamos estar longe, numa extrema periferia, e talvez temos um pouco de temor, na verdade Ele já está lá. Jesus espera-nos no coração daquele irmão, na sua carne ferida, na sua vida oprimida, na sua alma sem fé. Jesus está ali, naquele irmão. Ele precede-nos sempre.
Caros catequistas, digo-vos obrigado por aquilo que fazeis, mas, sobretudo, porque estais na Igreja, no Povo de Deus em caminho. Permanecei (permaneçamos) com Cristo, procuremos ser sempre uma só coisa com Ele; sigamo-Lo, imitando-O no seu movimento de amor, no seu ir ao encontro do homem; e saiamos, abramos as portas, tenhamos a audácia de trilhar novas estradas para o anúncio do Evangelho!