PROGRAMA ESPIRITUALO Céu parece-nos frequentemente tão longe!... Sentimo-nos perdidos, isolados, na mesma solidão de um náufrago numa ilha deserta. O mundo, vendo-nos perdidos, depressivos ou desesperados, parece perguntar-nos: "Onde está o teu Deus?" De facto, neste mundo ateu, nós por vezes vagamos como órfãos no meio de uma multidão hostil. Então, onde está Deus? Porque está tão longe?A única distância que há entre Ele e nós é aquela que nós colocamos.Deus está mais íntimo a nós do que nós mesmos. Conhece-nos melhor do que nós. Ele está em nós como estava em Maria. Ele quis fazer-Se presente por meio de uma família, mostrar a Sua presença divina no meio da nossa natureza humana. Para que nos sentíssemos verdadeiramente adoptados, sabendo que Ele quis sentir as nossas dificuldades como Homem, e como Homem sofrer, mostrando-nos que a santidade está ao alcance de todos.Ele deixou-nos armas poderosíssimas para enfrentarmos as dificuldades: a Eucaristia, a Palavra, a Oração, a Reconciliação. A Penitência, em que se enquadra a nossa peregrinação, é outro dos meios. Tudo deve ser feito com Amor. Ciente da nossa fraqueza e das nossas aflições, Ele disse: "Vinde a Mim, vós todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas vidas. (Mt 11, 28-30).Muitas e diversas foram as ocasiões em que Jesus nos falou do poder da oração: "Se dois ou três se unirem na Terra para pedir, seja o que for, isso lhes será dado por Meu Pai que está nos Céus. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em Meu Nome, Eu estarei no meio deles." (Mt 18,19-20). E ainda: "Tudo o que pedirdes ao Pai em Meu Nome, Eu o farei, para que O Pai seja glorificado através do Filho" (Jo 14, 13). E falando da insistência: "Pedi e recebereis; buscai e achareis; batei e ser-vos-á aberto. Porque todo aquele que pede, recebe; quem busca, acha; a quem bate, abrir-se-á." (Lc 11, 9-10).A oração é o poderoso elo de ligação entre nós e Deus. Seja recitada, cantada, ou simplesmente um projectar de coração, o importante é encontrarmos o ponto certo de união e diálogo íntimo e pessoal com Deus. Não devemos impor a Deus a nossa vontade. Nem sempre aquilo que nós queremos e pedimos é o melhor para nós. Se colocarmos os nossos pedidos nas mãos de Deus, Ele saberá dar-nos o melhor. "Se a algum de vós que seja pai o filho lhe pedir pão, dar-lhe-á uma pedra? Ou se lhe pedir peixe lhe dará uma serpente? Ou ainda, se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á um escorpião? Se, pois, vós que sois maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos Céus dará boas coisas aos que Lhe pedirem". (Lc 11, 9-13) Confiemos, sem nunca vacilar. Se por vezes Ele parece demorar em nos atender, é porque tem um propósito, é porque há mudanças que têm de ser efectuadas. Deus vive na Eternidade, o Seu tempo é diferente do nosso. Este aguardar com confiança faz parte da oração.Neste curto programa, propomos um encontro pessoal com uma pessoa espiritual, o Anjo da Guarda, com um ser humano, e contudo divino, que é Maria, Mãe de Jesus, e com O próprio Deus, nas três Pessoas da Santíssima Trindade. A via infantil em que é apresentado não tem nada de ingénua: a sua simplicidade esconde a sua natureza sublime. Despojemo-nos de todos os artifícios para nos apresentarmos com a simplicidade de crianças, pedindo um pouco de colo ao Pai Eterno. Que este seja apenas um começo para intensificarmos na vida, em cada dia, a nossa relação íntima com toda a Família Divina. Existe uma infinidade de Seres de Luz que apenas esperam o nosso apelo para virem auxiliar-nos a fazermos as nossas escolhas, a enfrentarmos as nossas dificuldades, a seguirmos o caminho certo.Deixemo-nos de idolatrias, de colocarmos a nossa esperança em objectos, horóscopos, e todo o tipo de ideologias e crendices que nos afastam de Deus, direccionando mal a nossa fé e os anseios do nosso espírito.O Céu aguarda que nós, finalmente, nos dirijamos a Ele, com sinceridade e de coração aberto. Tenhamos a coragem de nos despojarmos dos nossos orgulhos, da máscara que tantas vezes colocamos perante os outros, e de nos apresentarmos perante Deus, que tudo vê, com simplicidade de crianças. Ser peregrino é isto mesmo.No momento da Prece do coração, convidamos cada um a encetar um diálogo silencioso com a Pessoa a Quem se dirige. Não precisa de dizer nada. Pode simplesmente projectar o seu coração, e escutar. Apresentar a Deus o íntimo da sua alma, e expressar o grito que carrega dentro de si, e para o qual tantas vezes não encontra palavras. Deus é simples. Peçamos-Lhe humildemente perdão por aquilo que nos separa do Seu Amor, para merecermos o que os nossos corações anseiam.E como Deus nunca limitou o tamanho dos nossos pedidos, e porque a Sua Misericórdia é infinita, juntemos ao nosso desejo um pedido pela conversão dos pecadores, conscientes de que este é dos apelos mais gratos ao Seu Sagrado Coração.Existe ainda um momento de dádiva, no qual cada um pode fazer oferta de uma pequena renúncia, acção ou oração, qualquer gesto que seja agradável a Deus e mostre o seu empenho em reconhecer as graças que lhe têm sido dadas, e agradecer antecipadamente as que pede nesse momento.Deus chama-nos a uma conversão pessoal mais profunda. Depende de nós permitirmos que o divino faça parte integrante do nosso quotidiano humano. Que esta peregrinação não se limite a levar o nosso corpo até ao Santuário, mas também, e principalmente, a projectar a nossa alma para junto de Deus. Maria Celina Lêdo