O Demónio existe
"Vamos falar do diabo": 4 grandes mitos e como usar "a couraça contra o maligno"
- 01-09-2023
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A palavra de Deus, a oração, a vivência na graça, o uso frequente dos sacramentais ou a fidelidade à Igreja são alguns "essenciais" da armadura contra o maligno proposta por José Ignacio Munilla.
O bispo da diocese de Orihuela-Alicante, José Ignacio Munilla, alerta para os quatro grandes mitos e erros sobre o diabo no Ocidente secularizado, bem como um "manual" para que "aqueles que buscam a santidade" possam prever a acção diabólica e como enfrentá-la.
1º O diabo não é real, apenas uma representação
Citando a conhecida frase do poeta romântico Charles Baudelaire, "O maior truque do diabo é fazer-nos acreditar que ele não existe". A visão que se transmite hoje sobre o diabo é representá-lo como uma "personificação mítica do mal" que não existiria como um ser real. "A fé católica afirma claramente que os anjos existem", disse Munilla, usando o Credo ou o Catecismo. "Também os demónios, que nada mais são do que anjos caídos que abusaram da liberdade com que Deus os criou. Se acreditarmos que não existe, então tem mão livre para agir sem encontrar em nós defesa ou estratégia defensiva", acrescentou.
2º O diabo é um deus maligno
Munilla ficou surpreso com a forma como "em nossos há dois erros opostos ao mesmo tempo", o de negar a existência do diabo e o de "exagerar a sua importância e supor que ele tem um grau de divindade, como se fosse um deus mau".
No entanto, acrescenta o bispo, "muitas vezes a rejeição da fé não só leva ao ateísmo materialista, mas acaba por se refugiar em feiticeiros, superstições, satanismo... O diabo abandonou Deus para se entregar ao ocultismo, à feitiçaria e à idolatria", chegando ao "absurdo" de acreditar que ele é "uma entidade ou um deus contrário ao único Deus verdadeiro".
3º Jesus falou do diabo apenas "para o seu tempo"
O bispo também se referiu a um terceiro erro, pois quando Jesus falou sobre o diabo "ele foi condicionado pelo tempo que viveu". Algo que "não é aceitável", porque "Jesus é o revelador do Pai e pensou, falou e agiu sempre livremente em relação ao condicionamento do seu tempo. Ele falou claramente da existência do Malino e a vinda do reino de Deus é mostrada em que Jesus curou os enfermos, expulsou Satanás e realizou os exorcismos mostrando a sua autoridade sobre o diabo.
4º "Não é um assunto que deva ser discutido hoje"
Por fim, Munilla questiona aqueles que, mesmo acreditando no diabo, afirmam que "não é conveniente falar sobre este assunto", argumentando que, desta forma, a Igreja "faz de si uma boba", não se entende "que o mundo não está disposto a falar sobre isto ou que a cultura contemporânea não é receptiva" com esta mensagem.
Lembrando que deve ser num tom "prudente e sóbrio, não mórbido", Munilla lembrou que esta abordagem "não é aceitável", porque tanto "na Bíblia como na Tradição, Satanás não é uma peça secundária que pode ser eliminada", mas "um elemento-chave do mistério do mal".
"Seguir Jesus Cristo envolve renunciar a Satanás, como é feito no baptismo. É preciso falar do diabo no nosso tempo porque, de contrário, não viveríamos na verdade. Um tratado espiritual que eliminasse a luta contra Satanás seria como um manual militar que evitasse falar sobre a aviação inimiga. Temos que falar na verdade, como o Evangelho, sem nos deixarmos complexar pelo tempo que vivemos", acrescentou.
Munilla alerta para que, ao rejeitar Deus, o satanismo se esconde em outras formas de "espiritualidade", como a Nova Era, o satanismo ou a bruxaria.
Prevenir o demónio sem o exagerar ou desprezar
Mas como podemos falar do diabo nos nossos dias se a sua obra não é reconhecida? Na verdade, Munilla não apenas diz que não é conhecido, mas em muitos casos "obcecar" ou falar excessivamente sobre os ataques preternaturais do demónio – infestação, obsessão e possessão – "distraía" de como o demónio age no dia a dia. Neste sentido, Munilla não só alerta para a "obsessão" com estes acontecimentos extraordinários, mas também para "desprezar os casos que possam existir".
Na sua opinião e tendo estado presente em vários exorcismos, Munilla sabe que "o diabo não é estúpido" e não vai atacar "descarados" com posses exageradas no Ocidente secularizado, porque "poderia ter um efeito contrário, aproximar as pessoas da fé". Como então age o diabo? De acordo com Munilla, há três traços inconfundíveis que o entregam:
1º Uma intensidade incomum
"Quando o homem faz certas barbaridades com um mal incrível, pode-se intuir que o Maligno foi preparado onde o mal é inexplicável."
2º Para os objectivos estratégicos
Munilla também aponta que a influência demoníaca é reconhecível por "acções muito inteligentes" ou por "objectivos estratégicos". "Por exemplo, quando a fé em Deus é arrancada levando ao desespero, há um ataque estratégico. Ou quando a vocação sobrenatural da Igreja é rompida ao reduzi-la a uma ONG, como um serviço social que não fala de salvação ou condenação. Ou quando a religiosidade é diluída por uma espiritualidade vaga, como acontece hoje com a Nova Era", exemplifica.
3º Quando há desproporção no mal
Para o bispo, outro dos sinais esclarecedores da presença do mal na vida quotidiana é quando há uma "desproporção entre a intencionalidade de uma acção e seus efeitos devastadores". Como exemplo, cita as "fofocas" que são realizadas sem aparente malícia, mas com efeitos "devastadores", como a destruição de famílias, a divisão de dioceses ou o rompimento de amizades. "Há uma desproporção tão grande entre ter sido fofoca indiscreta e o seu efeito que se sente que existe o maligno", acrescentou.
As sete armas contra o maligno
É por isso que o bispo chama os fiéis a "serem prevenidos" para perceber os ataques e serem capazes de "os enfrentar" com as sete características da "armadura contra o maligno".
1º "A palavra de Deus é como uma espada que corta sem hesitação os laços do inimigo."
2º "Oração, totalmente necessária para enfrentar esta influência do diabo".
3º "A couraça da justiça, vivendo na graça de Deus: quando vencemos o pecado, vencemos o diabo".
4º "O escudo da fé: o diabo não tem onde agarrar o cristão se ele confia na fé"
5º "Fidelidade à doutrina e disciplina da Igreja, que recebeu a promessa de que não será vencida pelo maligno. Se eu for fiel à Igreja, tenho a garantia de que não serei enganado: quem obedece não erra".
6º Valorizar os sacramentos e especialmente dos sacramentais, da cruz e da água benta.
7º Vencendo o temor do diabo: "Cristo derrotou o diabo e subjugou-o, é um exterior acorrentado que não pode prejudicar o cristão se não nos entregarmos a ele pelo pecado. O poder dos demónios está sujeito à providência do Senhor, que é capaz de os usar como provas purificadoras na nossa vida."