SIM, O DIABO EXISTE
«Mas este inimigo, existe mesmo? Não será apenas uma maneira figurada de representar o mal?» Um dia perguntaram a um bispo se acreditava no demónio. O bispo foi rápido e objectivo: «Não, não acredito.» A jornalista pensou: «Tenho um furo de reportagem nas mãos. Um bispo contraria o pensamento oficial da Igreja Católica e diz que não acredita no demónio.» Então ela perguntou: «O Senhor confirma que não acredita que o demónio existe?» E o simpático bispo respondeu com humor: «Que ele existe, existe. Mas eu não acredito nele.»
É certo que não devemos ver o demónio em toda a parte. A acção do inimigo não tira a nossa responsabilidade pessoal. Mas como diz o apóstolo Pedro: «Sede sóbrios, vigiai! O vosso adversário, o diabo, como um leão que ruge, ronda, procurando a quem devorar. Resisti-lhe, firmes na fé» (1Pd 5, 8-9). Sabemos que o inimigo existe, mas não acreditamos nele. Acreditamos no poder de Deus e na força do amor.
Há pessoas que costumam atribuir todos os problemas ao demónio. É preciso dizer que há em cada um de nós uma inclinação para o pecado, uma propensão para o mal. A Igreja chama a isto «concupiscência». É o que restou em nós do «pecado original». Recebemos este pecado por herança. O Baptismo lavou a culpa, mas permanecem as consequências. Conforme diz o CIC, «o Baptismo, ao conferir a vida da graça de Cristo, apaga o pecado original e reorienta o homem para Deus, mas as consequências de tal pecado para a natureza, enfraquecida e inclinada para o mal, persistem no homem e incitam-no ao combate espiritual» (n.° 405).
Sobre este «combate» o Catecismo diz de modo claro: «Esta situação dramática do mundo, que "está todo sob o poder do Maligno" (1Jo 5, 19), transforma a vida do homem num combate: "Um duro combate contra o poder das trevas atravessa toda a história universal humana. Iniciado nas origens, há-de durar (o Senhor no-lo disse) até ao último dia. Empenhado nesta batalha, o homem deve lutar sempre para aderir ao bem; e só com grandes esforços e a ajuda da graça de Deus conseguirá realizar a sua própria unidade" (GS 37)» (Catecismo n.° 409).
Portanto, é preciso estar atento ao inimigo que nos ronda e nos procura fazer cair. Mas é necessário também vigiar o nosso coração, que é como a muralha de uma fortaleza, mas tem a brecha da concupiscência.
Mas não tenhamos medo: em Cristo somos mais do que vencedores. Se Ele é por nós, quem será contra nós?