S. Lucas termina a narração das tentações de Jesus, dizendo: “O diabo afastou-se de junto d’Ele até um certo tempo”(4, 13).
Qual era este “certo tempo”, é o próprio Cristo que no-lo faz compreender, quando diz: “Agora é que é o julgamento deste mundo; agora é que será expulso o príncipe deste mundo”(Jo 12,31).
Mas esta luta continua depois de Cristo, no seu corpo. O Apocalipse diz que, vencido por Cristo, “furioso contra a Mulher, o Dragão foi fazer guerra ao resto dos seus filhos” (12,17). Por isso o apóstolo Pedro recomenda aos cristãos: “Sede sóbrios e vigiai! O diabo, vosso adversário, anda ao redor de vós, como um leão que ruge, buscando a quem devorar”(Pd 5,8).
Demónio, diabo, satanás, lúcifer, são quatro nomes que designam o anjo caído, lançado no inferno por Deus, em castigo da sua desobediência. E outros espíritos o seguiram. São os anjos maus.
O dogma da existência dos anjos maus ou demónios foi definido pelo IV Concílio de Latrão em 1215. A Bíblia apresenta muitas passagens, especialmente os Evangelhos.
Os anjos bons ajudam-nos a receber e a viver os bens espirituais do Reino de Deus. Os anjos maus, os demónios, podem tentar-nos no sentido de nos apartar do Reino de Deus e nos fazer cair no pecado.
Mas, graças à morte e à ressurreição de Jesus Cristo, nem a morte, nem o pecado, nem o demónio têm já poder sobre nós. A Palavra de Cristo, os Sacramentos, a nossa fé, a oração e a penitência livram-nos da malícia e da influência do demónio.
O exorcismo definitivo contra a presença em nós do demónio, foi o nosso Baptismo (“Sai desta alma, espírito Imundo, e dá lugar ao Espírito Santo”) e será sempre a graça de Deus, com a protecção dos anjos bons, da Virgem Maria e dos Santos.
A Igreja admite a possibilidade de que o demónio tenha influência sobre algumas pessoas. Nestas questões, contudo, há que ser prudente. Tal influência combate-se com a oração dirigida a Deus e com a invocação de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nunca com práticas materiais, supersticiosas, violentas ou imorais.
Dizem que a maior astúcia do demónio é fazer crer que não existe.
Paulo VI: “O mal não é apenas uma deficiência, mas uma eficiência, um ser vivo, espiritual, pervertido e pervertedor. Realidade terrível! Misteriosa e espantosa”.
Parece que ultimamente se fala pouco do demónio, mesmo a própria Igreja. Mas não é isso que o Catecismo da Igreja Católica demonstra.
E qual é o resultado deste silêncio? Algo muito estranho. Expulso pela porta, satanás entrou pela janela; expulso da fé, entrou através da superstição.
O mundo moderno, tecnológico e industrializado pulula de magos, espíritas recitadores de horóscopos, e diversas seitas satânicas.
A maior prova da existência de satanás não se tem nos pecadores ou nos endemoninhados, mas nos santos. É verdade que o demónio está presente e opera em certas formas extremas e “desumanas” de mal, quer individual quer colectivo, mas aqui ele sente-se em casa e pode esconder-se atrás de mil sósias e contrafiguras.
Ao contrário, na vida dos santos ele é obrigado a desmascarar-se, a “vir ao descoberto”; a sua acção sobressai claramente. No próprio Evangelho, a prova mais convincente da existência dos demónios não está nas histórias de libertação dos endemoninhados, mas no episódio das tentações de Jesus.
Uns mais outros menos, todos os santos e os grandes crentes dão testemunho da sua luta contra esta obscura realidade. S. Francisco de Assis um dia confiou a um seu companheiro íntimo: “Se os frades soubessem quantas e quão grave tribulações e aflições me dão os demónios, não existiria nenhum deles que não agisse com compaixão e piedade de mim”.
O confessor de Santa Catarina de Sena diz que ela era “martirizada” pelos demónios. O P. Pio de noite enfrenta lutas furibundas com os demónios. S. João Bosco, igualmente.
E se lembrarmos Job (cf 1,6 ss), vemos que Deus “confia” nas mãos de satanás os seus amigos mais queridos a fim de lhes dar a ocasião de demonstrar que não O servem só pelos seus benefícios. Dá-lhe poder não só no seu corpo, mas por vezes, misteriosamente, também na sua alma, ou pelo menos numa parte dela.
Há quem diga que o demónio não existe porque nunca o viu. É como um astronauta soviético que dizia que Deus não existe porque ele tinha viajado pelos céus e não O encontrara.
Não se deve ter excessivo medo dele. Depois da vinda de Cristo, “o demónio está ligado, como um cão à corrente; não pode morder ninguém, a não ser quem, desafiando o perigo, se aproxima dele... Pode ladrar, pode solicitar, mas não pode morder, a não ser quem o quiser. Não lhe dêmos demasiada importância. Ver o demónio em toda a parte não é menos desviador que não o ver em parte alguma. “Quando é acusado, o demónio fica contente. Quer até que tu o acuses, aceita de boa vontade qualquer reprovação, se isto serve para que não faças a tua confissão”.
Invocar a Mãe de Deus, é poderosíssima arma contra o demónio. A Imaculada esmagou-lhe a cabeça e continua a esmagá-la. Auxiliadora dos Cristãos, Ela defende-os velando por eles, cumprindo a missão recebida de seu Filho no Calvário. Escreveu Tomás Kempis: ”Os demónios temem a tal ponto a Rainha do Céu que, ao proferir se o seu grande nome, fogem de quem o profere como de fogo que abrasa”.
Qual era este “certo tempo”, é o próprio Cristo que no-lo faz compreender, quando diz: “Agora é que é o julgamento deste mundo; agora é que será expulso o príncipe deste mundo”(Jo 12,31).
Mas esta luta continua depois de Cristo, no seu corpo. O Apocalipse diz que, vencido por Cristo, “furioso contra a Mulher, o Dragão foi fazer guerra ao resto dos seus filhos” (12,17). Por isso o apóstolo Pedro recomenda aos cristãos: “Sede sóbrios e vigiai! O diabo, vosso adversário, anda ao redor de vós, como um leão que ruge, buscando a quem devorar”(Pd 5,8).
Demónio, diabo, satanás, lúcifer, são quatro nomes que designam o anjo caído, lançado no inferno por Deus, em castigo da sua desobediência. E outros espíritos o seguiram. São os anjos maus.
O dogma da existência dos anjos maus ou demónios foi definido pelo IV Concílio de Latrão em 1215. A Bíblia apresenta muitas passagens, especialmente os Evangelhos.
Os anjos bons ajudam-nos a receber e a viver os bens espirituais do Reino de Deus. Os anjos maus, os demónios, podem tentar-nos no sentido de nos apartar do Reino de Deus e nos fazer cair no pecado.
Mas, graças à morte e à ressurreição de Jesus Cristo, nem a morte, nem o pecado, nem o demónio têm já poder sobre nós. A Palavra de Cristo, os Sacramentos, a nossa fé, a oração e a penitência livram-nos da malícia e da influência do demónio.
O exorcismo definitivo contra a presença em nós do demónio, foi o nosso Baptismo (“Sai desta alma, espírito Imundo, e dá lugar ao Espírito Santo”) e será sempre a graça de Deus, com a protecção dos anjos bons, da Virgem Maria e dos Santos.
A Igreja admite a possibilidade de que o demónio tenha influência sobre algumas pessoas. Nestas questões, contudo, há que ser prudente. Tal influência combate-se com a oração dirigida a Deus e com a invocação de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nunca com práticas materiais, supersticiosas, violentas ou imorais.
Dizem que a maior astúcia do demónio é fazer crer que não existe.
Paulo VI: “O mal não é apenas uma deficiência, mas uma eficiência, um ser vivo, espiritual, pervertido e pervertedor. Realidade terrível! Misteriosa e espantosa”.
Parece que ultimamente se fala pouco do demónio, mesmo a própria Igreja. Mas não é isso que o Catecismo da Igreja Católica demonstra.
E qual é o resultado deste silêncio? Algo muito estranho. Expulso pela porta, satanás entrou pela janela; expulso da fé, entrou através da superstição.
O mundo moderno, tecnológico e industrializado pulula de magos, espíritas recitadores de horóscopos, e diversas seitas satânicas.
A maior prova da existência de satanás não se tem nos pecadores ou nos endemoninhados, mas nos santos. É verdade que o demónio está presente e opera em certas formas extremas e “desumanas” de mal, quer individual quer colectivo, mas aqui ele sente-se em casa e pode esconder-se atrás de mil sósias e contrafiguras.
Ao contrário, na vida dos santos ele é obrigado a desmascarar-se, a “vir ao descoberto”; a sua acção sobressai claramente. No próprio Evangelho, a prova mais convincente da existência dos demónios não está nas histórias de libertação dos endemoninhados, mas no episódio das tentações de Jesus.
Uns mais outros menos, todos os santos e os grandes crentes dão testemunho da sua luta contra esta obscura realidade. S. Francisco de Assis um dia confiou a um seu companheiro íntimo: “Se os frades soubessem quantas e quão grave tribulações e aflições me dão os demónios, não existiria nenhum deles que não agisse com compaixão e piedade de mim”.
O confessor de Santa Catarina de Sena diz que ela era “martirizada” pelos demónios. O P. Pio de noite enfrenta lutas furibundas com os demónios. S. João Bosco, igualmente.
E se lembrarmos Job (cf 1,6 ss), vemos que Deus “confia” nas mãos de satanás os seus amigos mais queridos a fim de lhes dar a ocasião de demonstrar que não O servem só pelos seus benefícios. Dá-lhe poder não só no seu corpo, mas por vezes, misteriosamente, também na sua alma, ou pelo menos numa parte dela.
Há quem diga que o demónio não existe porque nunca o viu. É como um astronauta soviético que dizia que Deus não existe porque ele tinha viajado pelos céus e não O encontrara.
Não se deve ter excessivo medo dele. Depois da vinda de Cristo, “o demónio está ligado, como um cão à corrente; não pode morder ninguém, a não ser quem, desafiando o perigo, se aproxima dele... Pode ladrar, pode solicitar, mas não pode morder, a não ser quem o quiser. Não lhe dêmos demasiada importância. Ver o demónio em toda a parte não é menos desviador que não o ver em parte alguma. “Quando é acusado, o demónio fica contente. Quer até que tu o acuses, aceita de boa vontade qualquer reprovação, se isto serve para que não faças a tua confissão”.
Invocar a Mãe de Deus, é poderosíssima arma contra o demónio. A Imaculada esmagou-lhe a cabeça e continua a esmagá-la. Auxiliadora dos Cristãos, Ela defende-os velando por eles, cumprindo a missão recebida de seu Filho no Calvário. Escreveu Tomás Kempis: ”Os demónios temem a tal ponto a Rainha do Céu que, ao proferir se o seu grande nome, fogem de quem o profere como de fogo que abrasa”.
O DEMÓNIO E O INFERNO
Como falar às crianças?
De muitos lados me dirigem esta pergunta que interessa aos pais, catequistas e educadores.
O Senhor revelou-se no Antigo Testamento por meio dos Profetas e, por fim, manifestou-Se no Ministério público de Cristo: ensinou sempre toda a verdade a todos, grandes e pequenos. Certamente que as crianças compreendiam conforme a sua capacidade. Também o ensinamento privado deve ter em conta a idade e o método a usar com as crianças, conforme a sua capacidade, mas é erro grave esconder a verdade às crianças, temendo amedrontá-las.
Lembro-me, a este respeito, as observações da Irmã Lúcia de Fátima, quando, já idosa, pensava naquele famoso dia 13 de Julho de 1917, em que Nossa Senhora fez ver o Inferno aos pequenos videntes e lhes revelou os famosos segredos. Pois bem, Lúcia fez notar: «Quando alguma vez se teme falar do Inferno às crianças, por medo de amedrontá-las, Nossa Senhora, pelo contrário, quase sem ter em conta a nossa idade (7, 9 e l0 anos), não só falou do inferno, mas fez-nos vê-lo e ficámos aterrorizados a tal ponto que cairíamos de medo se Ela não nos tivesse segurado, pouco antes, não nos levava ao Paraíso». Esta visão e a visão das almas que em massa se precipitavam no inferno, ocasionou a estas três crianças um salto enorme de reparação, num zelo constante a oferecer sacrifícios pela conversão dos pecadores.
Quando Jesus aludia ao inferno, falava a todos, até às crianças, de cuja presença nos fala o Evangelho muitas vezes. O efeito produzido pela vista do inferno por parte das crianças de Fátima, diz-nos que muitas vezes as crianças compreendem perfeitamente à letra, sem minimizar, como fazem muitos adultos e teólogos, e depois comportam-se com coerência até heróica.
Além disso, creio que alguns conceitos fundamentais se podem e devem insistir com as crianças. Conceitos básicos, para não amedrontar ninguém que devem estar bem presentes até nos adultos.
O Senhor revelou-se no Antigo Testamento por meio dos Profetas e, por fim, manifestou-Se no Ministério público de Cristo: ensinou sempre toda a verdade a todos, grandes e pequenos. Certamente que as crianças compreendiam conforme a sua capacidade. Também o ensinamento privado deve ter em conta a idade e o método a usar com as crianças, conforme a sua capacidade, mas é erro grave esconder a verdade às crianças, temendo amedrontá-las.
Lembro-me, a este respeito, as observações da Irmã Lúcia de Fátima, quando, já idosa, pensava naquele famoso dia 13 de Julho de 1917, em que Nossa Senhora fez ver o Inferno aos pequenos videntes e lhes revelou os famosos segredos. Pois bem, Lúcia fez notar: «Quando alguma vez se teme falar do Inferno às crianças, por medo de amedrontá-las, Nossa Senhora, pelo contrário, quase sem ter em conta a nossa idade (7, 9 e l0 anos), não só falou do inferno, mas fez-nos vê-lo e ficámos aterrorizados a tal ponto que cairíamos de medo se Ela não nos tivesse segurado, pouco antes, não nos levava ao Paraíso». Esta visão e a visão das almas que em massa se precipitavam no inferno, ocasionou a estas três crianças um salto enorme de reparação, num zelo constante a oferecer sacrifícios pela conversão dos pecadores.
Quando Jesus aludia ao inferno, falava a todos, até às crianças, de cuja presença nos fala o Evangelho muitas vezes. O efeito produzido pela vista do inferno por parte das crianças de Fátima, diz-nos que muitas vezes as crianças compreendem perfeitamente à letra, sem minimizar, como fazem muitos adultos e teólogos, e depois comportam-se com coerência até heróica.
Além disso, creio que alguns conceitos fundamentais se podem e devem insistir com as crianças. Conceitos básicos, para não amedrontar ninguém que devem estar bem presentes até nos adultos.
1- Um primeiro conceito é que Deus é bom e criou boas, todas as coisas e todos os seres, especialmente os seres inteligentes e imortais: anjos e homens. Deus não criou os criou diabos maus, Ele criou só anjos bons, mas deu aos anjos (comodepois aos homens) o dom da liberdade.
Alguns anjos usaram mal este dom, sentiram-se grandes no seu orgulho e desobedeceram a Deus, em vez de seguirem o bem, seguiram o mal. E em vez de permanecerem anjos luminosos e felizes, tornaram-se demónios tenebrosos e desgraçados. Condenaram-se a si mesmos ao eterno suplício do inferno.
Também nós, homens, fomos criados por Deus, bons e para o bem. O fim para o qual estamos destinados é o Paraíso. Mas Deus deu-nos o dom da liberdade que dá méritos pelo bem que fazemos. Mas se copiamos o mal, temos culpa e condenamo-nos, a nós mesmos ao castigo. Efectivamente, quem faz o bem, recebe o bem, quem faz o mal, recebe o mal.
Alguns anjos usaram mal este dom, sentiram-se grandes no seu orgulho e desobedeceram a Deus, em vez de seguirem o bem, seguiram o mal. E em vez de permanecerem anjos luminosos e felizes, tornaram-se demónios tenebrosos e desgraçados. Condenaram-se a si mesmos ao eterno suplício do inferno.
Também nós, homens, fomos criados por Deus, bons e para o bem. O fim para o qual estamos destinados é o Paraíso. Mas Deus deu-nos o dom da liberdade que dá méritos pelo bem que fazemos. Mas se copiamos o mal, temos culpa e condenamo-nos, a nós mesmos ao castigo. Efectivamente, quem faz o bem, recebe o bem, quem faz o mal, recebe o mal.
2 - Tendo-se tornado o demónio inimigo de Deus, procura fazer tudo para que também o homem se afaste de Deus e Lhe desobedeça. Eis por que nos tenta. Deus deu-nos um anjo que nos protege, cada um de nós tem o seu anjo custódio. Mas depende de nós obedecer á tentação do demónio ou à voz do anjo. Por isso, não devemos ter medo, mas sermos fiéis a Deus: quem é fiel a Deus vai para o Paraíso, como os anjos e os santos, quem se revolta contra Deus vai para o inferno, como os demónios.
3 - O demónio tem os seus aliados dos quais devemos estar à defesa. Os primeiros aliados são as nossas paixões desordenadas, que vão tomando conta de si, dos sacrifícios voluntários, com as acções vistosas, a oração, os sacramentos. Depois há outros aliados do demónio, que são as ocasiões do mal que o mundo pode apresentar, más companhias, leituras e espectáculos maus. Hoje é particularmente perigosa a televisão, que, a ser usada, seja com parcimónia e bem atentos á escolha dos programas. Por fim, desde pequenos é necessário saber distinguir o que é bom e o que é mal, o que é agradável a Deus e o que é contra os Seus ensinamentos. Obedecendo ao Senhor, se nos comportamos como os anjos, ou desobedecendo a Deus, comportando-nos como os demónios.
Como se vê, é sempre bom falar do diabo também às crianças, ensinando-as a não terem medo, porque o diabo não pode fazer-nos mal algum, se não formos nós a querê-lo. Pode tomar-se o exemplo dos anjos e dos demónios, para distinguir o bem do mal, a obediência a Deus e a desobediência a Ele e, por consequência, o prémio e o castigo que dependem do nosso comportamento.
Como se vê, é sempre bom falar do diabo também às crianças, ensinando-as a não terem medo, porque o diabo não pode fazer-nos mal algum, se não formos nós a querê-lo. Pode tomar-se o exemplo dos anjos e dos demónios, para distinguir o bem do mal, a obediência a Deus e a desobediência a Ele e, por consequência, o prémio e o castigo que dependem do nosso comportamento.
D. Gabriele Amorth
São Paulo e os demónios
São Paulo aconselha-nos a ser prudentes e a distinguir o bem do mal. A razão principal que dá é dupla: o nosso ‘eu’ e os Anjos infiéis. Os Anjos caídos no pecado são especialmente perigosos porque aproveitam as tendências desordenadas do nosso egoísmo e desviam as nossas boas intenções, disfarçando-se em “anjos da luz”. Estaremos, então, expostos à sua influência sem qualquer amparo? Já considerámos vários critérios, tais como a caridade, a obediência e a pureza. São Paulo, porém, ensina-nos mais sobre o mundo espiritual em que vivemos. “Não é contra seres humanos que temos de lutar, mas contra os espíritos do mal” (Ef 6,12). Porque ele nos dá este ensinamento, devemos escutá-lo com atenção.
1. Confrontação de Paulo com os demónios
São Paulo não quis conhecer nada senão CRISTO, e CRISTOcrucificado. “Eu sou JESUS, a Quem tu persegues” (Act 9,5). Esta sua confrontação pessoal com JESUS perseguido diante das portas de Damasco marcou profundamente a sua vida. De modo semelhante, aquilo que São Paulo narra acerca dos espíritos caídos, aprendeu-o principalmente por uma confrontação pessoal ou pela experiência. Algumas destas fortes confrontações com os espíritos do mal são recordadas directamente na Sagrada Escritura, outras conhecemo-las de maneira mais indirecta.
a) Um espinho na carne, um anjo de Satanás
Na segunda carta aos Coríntios, capítulos 11-12, São Paulo fala largamente do seu apostolado. Ele tinha “receio que, assim como a serpente seduziu Eva com a sua astúcia, assim sejam corrompidos os vossos pensamentos, e se afastem da sinceridade para com CRISTO” (2 Cor 11,3), “por falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, disfarçados de apóstolos de CRISTO” (2 Cor 11,13). Para lhes revelar a imagem de um verdadeiro apóstolo, ele faz uma descrição do seu proceder pastoral (cf. 11,1=2), dos seus sofrimentos (cf. 11,23-29) e dos seus trabalhos abnegados em favor deles (cf. 11,7-9). A estes pertencem também as graças que DEUS lhe concedeu e as fraquezas que teve que suportar com humildade. Ele ‘foi arrebatado até ao terceiro céu” (12,2), mas foi-lhe também “dado um espinho na carne, um anjo de Satanás, para me ferir” (12,7b), “para que não me enchesse de orgulho por causa da abundância das revelações” (12,7a). Não é muito importante saber que género de “espinho” foi mas, sim, que DEUS quis permiti-lo, e que na Sua providência os ataques de Satanás foram os meios escolhidos pelos quais DEUS quis modelar e transformar o Seu grande instrumento, levando-o à perfeição. Paulo formula assim o seu comentário: A esse respeito, “por três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim, mas ELE respondeu-me: “Basta-te a Minha graça, porque a força manifesta-se na fraqueza” (2 Cor 12,8-10).
b) Confrontação de Paulo com os espíritos malignos
Nos Actos dos Apóstolos, São Lucas narra longamente as actividades do Apóstolo dos gentios. Foi especialmente em Éfeso que São Paulo foi confrontado com os espíritos malignos. “DEUS fazia milagres extraordinários por intermédio de Paulo, a tal ponto que bastava aplicar aos doentes os lenços e as roupas que tinham estado em contacto com o seu corpo, para que as doenças e os espíritos malignos os deixassem” (Act 19,11-12). A sua actividade missionária foi, portanto, acompanhada da expulsão de demónios. Isto levou “alguns dos exorcistas judeus, ambulantes “, a recorrer ao seu nome: “Conjuro-vos por JESUS, a Quem Paulo anuncia... Mas o espírito maligno replicou-lhe: “eu conheço JESUS e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?” E atirando-se a eles o homem que estava possuído do espírito maligno, apoderou-se de uns e de outros e tratou-os tão violentamente, que tiveram de fugir daquela casa nus e cobertos de contusões” (Act 19,13-16). Também “muitos dos que se tinham dedicado à magia trouxeram os seus livros e queimaram-nos diante de todos. O valor dos livros foi calculado em cinquenta mil moedas de prata” (19,19). Mas apareceu “um certo Demétrio, que construía santuários de Ártemis, de prata e proporcionava aos artífices um negócio lucrativo “. Receando perder os seus negócios, estes causaram uma grande confusão e oposição ao trabalho missionário de Paulo (cf. Act 19, 24ss). Consciente disso, São Paulo disse aos “anciãos da Igreja” de Éfeso: “Sei que, depois de eu partir, se hão-de introduzir, entre vós, lobos temíveis que não pouparão o rebanho e que, mesmo no meio de vós, se hão-de erguer homens de palavras perversas para arrastarem os discípulos atrás de si. Estai, pois, vigilantes...” (Act 20, 17. 29-31).
Estas e certamente muitas outras experiências formam o pano de fundo das mais conhecidas afirmações de São Paulo acerca da luta espiritual contra os espíritos malignos, escritas precisamente aos Efésios (cf. 6, 10-12).
Estas referências aos espíritos malignos na vida de São Paulo dizem-nos antes de tudo que a sua existência é um facto. Então, a presença de DEUS entre os homens e o anúncio do Evangelho excita o inimigo: a luz da verdade divina desmascarará os filhos das trevas. Ao mesmo tempo, porém, é verdade que os inimigos de DEUS também servem os Seus planos para a santificação dos homens. Esta é uma das razões por que São Paulo transmite em todas as suas cartas uma opinião muito positiva da vida e exorta todos à alegria: “Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo digo: Alegrai-vos!” (Fl 4,4; cf. 2 Cor 13,11 etc.), porque “Quem poderá separa-nos do amor de CRISTO? Estou convencido que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro nem a altura nem o abismo nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de DEUS que está em CRISTO JESUS, Senhor nosso” (Rm 8,35, 3 8-39).
a) Um espinho na carne, um anjo de Satanás
Na segunda carta aos Coríntios, capítulos 11-12, São Paulo fala largamente do seu apostolado. Ele tinha “receio que, assim como a serpente seduziu Eva com a sua astúcia, assim sejam corrompidos os vossos pensamentos, e se afastem da sinceridade para com CRISTO” (2 Cor 11,3), “por falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, disfarçados de apóstolos de CRISTO” (2 Cor 11,13). Para lhes revelar a imagem de um verdadeiro apóstolo, ele faz uma descrição do seu proceder pastoral (cf. 11,1=2), dos seus sofrimentos (cf. 11,23-29) e dos seus trabalhos abnegados em favor deles (cf. 11,7-9). A estes pertencem também as graças que DEUS lhe concedeu e as fraquezas que teve que suportar com humildade. Ele ‘foi arrebatado até ao terceiro céu” (12,2), mas foi-lhe também “dado um espinho na carne, um anjo de Satanás, para me ferir” (12,7b), “para que não me enchesse de orgulho por causa da abundância das revelações” (12,7a). Não é muito importante saber que género de “espinho” foi mas, sim, que DEUS quis permiti-lo, e que na Sua providência os ataques de Satanás foram os meios escolhidos pelos quais DEUS quis modelar e transformar o Seu grande instrumento, levando-o à perfeição. Paulo formula assim o seu comentário: A esse respeito, “por três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim, mas ELE respondeu-me: “Basta-te a Minha graça, porque a força manifesta-se na fraqueza” (2 Cor 12,8-10).
b) Confrontação de Paulo com os espíritos malignos
Nos Actos dos Apóstolos, São Lucas narra longamente as actividades do Apóstolo dos gentios. Foi especialmente em Éfeso que São Paulo foi confrontado com os espíritos malignos. “DEUS fazia milagres extraordinários por intermédio de Paulo, a tal ponto que bastava aplicar aos doentes os lenços e as roupas que tinham estado em contacto com o seu corpo, para que as doenças e os espíritos malignos os deixassem” (Act 19,11-12). A sua actividade missionária foi, portanto, acompanhada da expulsão de demónios. Isto levou “alguns dos exorcistas judeus, ambulantes “, a recorrer ao seu nome: “Conjuro-vos por JESUS, a Quem Paulo anuncia... Mas o espírito maligno replicou-lhe: “eu conheço JESUS e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?” E atirando-se a eles o homem que estava possuído do espírito maligno, apoderou-se de uns e de outros e tratou-os tão violentamente, que tiveram de fugir daquela casa nus e cobertos de contusões” (Act 19,13-16). Também “muitos dos que se tinham dedicado à magia trouxeram os seus livros e queimaram-nos diante de todos. O valor dos livros foi calculado em cinquenta mil moedas de prata” (19,19). Mas apareceu “um certo Demétrio, que construía santuários de Ártemis, de prata e proporcionava aos artífices um negócio lucrativo “. Receando perder os seus negócios, estes causaram uma grande confusão e oposição ao trabalho missionário de Paulo (cf. Act 19, 24ss). Consciente disso, São Paulo disse aos “anciãos da Igreja” de Éfeso: “Sei que, depois de eu partir, se hão-de introduzir, entre vós, lobos temíveis que não pouparão o rebanho e que, mesmo no meio de vós, se hão-de erguer homens de palavras perversas para arrastarem os discípulos atrás de si. Estai, pois, vigilantes...” (Act 20, 17. 29-31).
Estas e certamente muitas outras experiências formam o pano de fundo das mais conhecidas afirmações de São Paulo acerca da luta espiritual contra os espíritos malignos, escritas precisamente aos Efésios (cf. 6, 10-12).
Estas referências aos espíritos malignos na vida de São Paulo dizem-nos antes de tudo que a sua existência é um facto. Então, a presença de DEUS entre os homens e o anúncio do Evangelho excita o inimigo: a luz da verdade divina desmascarará os filhos das trevas. Ao mesmo tempo, porém, é verdade que os inimigos de DEUS também servem os Seus planos para a santificação dos homens. Esta é uma das razões por que São Paulo transmite em todas as suas cartas uma opinião muito positiva da vida e exorta todos à alegria: “Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo digo: Alegrai-vos!” (Fl 4,4; cf. 2 Cor 13,11 etc.), porque “Quem poderá separa-nos do amor de CRISTO? Estou convencido que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro nem a altura nem o abismo nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de DEUS que está em CRISTO JESUS, Senhor nosso” (Rm 8,35, 3 8-39).
2. Diferenças entre os espíritos malignos
São Paulo não hesita em falar sobre os inimigos e até o faz muitas vezes.
a) Diferenças individuais e genéricas
Ele menciona dez vezes “Satanás “, um termo que em geral é reconhecido como um nome pessoal (cf. Rm 16,20; 1 Cor 5,5. 7,5; 2 Cor 2,11. 11,14; 12,7; 1 Ts 2,18; 2 Ts 2,9; 1 Tm 1,20. 5,15). Refere seis vezes, de um modo geral, o chefe dos maus espíritos sob o nome de “diabo”, que é praticamente um título próprio (cf. Ef 4,27. 6,11; 1 Tm 3,6s.; 2 Tm 2,26 e Heb 2,14). Em duas ocasiões fala dos “demónios” (1 Cor 10,20-21 e 1 Tm 4,1). Ainda podemos acrescentar a referência aos “exércitos “; já ouvimos São Paulo dizer que a nossa luta é “contra o exército dos espíritos do mal que estão nos céus” (Ef 6,12).
b) Espíritos malignos de certos coros
São Paulo refere-se também aos maus espíritos em relação aos nomes de coros angélicos: Em Ef 6 ouvimo-lo falar da nossa luta “contra os principados, potestades, contra os dominadores (virtudes) deste mundo de trevas (Ef 6,12). Aos Colossenses ele falou da vitória de CRISTO sobre os “poderes e as autoridades, os quais expôs publicamente em espectáculo e sobre os quais celebrou o seu triunfo “. (Cl 2,15).
Implicitamente, afirma-se aqui que os Anjos são pessoas individuais. Ao mesmo tempo estão em relação uns com os outros. Por isso, foi possível que anjos individuais dos diferentes coros caíssem e continuassem a ter as características dos coros em que foram criados (cf. Cl 1,16).
c) Referências descritivas
O termo “espírito” refere simplesmente à natureza das primeiras criaturas de DEUS. Paulo refere-se expressamente a um espírito caído em Ef 2,2: “Vivestes outrora de acordo com o curso deste mundo, com o príncipe que domina os ares, o espírito que agora actua nos rebeldes “. Assim, a palavra “exércitos” e os nomes dos diferentes coros relacionam-se antes com o género das suas actividades, não coma sua escolha diante de DEUS. E por isso que São Paulo acrescenta algumas características particulares para especificar se está a falar de bons ou de maus espíritos. Tais características referem-se à qualidade moral das suas actividades, ao fruto que pretendem conseguir com as suas acções. Na carta aos Hebreus, São Paulo fala de JESUS que pela Sua morte destruiu “aquele que tinha o poder da morte, isto é, o diabo” (Heb 2,14). E aos Coríntios, Paulo fala do “deus deste mundo” (2 Cor 4,4) e ainda aos Efésios “do príncipe que domina os ares; o espírito que agora actua nos rebeldes” (Ef 2,2), “os dominadores deste mundo de trevas” e “o exército de espíritos do mal que estão nos céus” (Ef 6,12).
a) Diferenças individuais e genéricas
Ele menciona dez vezes “Satanás “, um termo que em geral é reconhecido como um nome pessoal (cf. Rm 16,20; 1 Cor 5,5. 7,5; 2 Cor 2,11. 11,14; 12,7; 1 Ts 2,18; 2 Ts 2,9; 1 Tm 1,20. 5,15). Refere seis vezes, de um modo geral, o chefe dos maus espíritos sob o nome de “diabo”, que é praticamente um título próprio (cf. Ef 4,27. 6,11; 1 Tm 3,6s.; 2 Tm 2,26 e Heb 2,14). Em duas ocasiões fala dos “demónios” (1 Cor 10,20-21 e 1 Tm 4,1). Ainda podemos acrescentar a referência aos “exércitos “; já ouvimos São Paulo dizer que a nossa luta é “contra o exército dos espíritos do mal que estão nos céus” (Ef 6,12).
b) Espíritos malignos de certos coros
São Paulo refere-se também aos maus espíritos em relação aos nomes de coros angélicos: Em Ef 6 ouvimo-lo falar da nossa luta “contra os principados, potestades, contra os dominadores (virtudes) deste mundo de trevas (Ef 6,12). Aos Colossenses ele falou da vitória de CRISTO sobre os “poderes e as autoridades, os quais expôs publicamente em espectáculo e sobre os quais celebrou o seu triunfo “. (Cl 2,15).
Implicitamente, afirma-se aqui que os Anjos são pessoas individuais. Ao mesmo tempo estão em relação uns com os outros. Por isso, foi possível que anjos individuais dos diferentes coros caíssem e continuassem a ter as características dos coros em que foram criados (cf. Cl 1,16).
c) Referências descritivas
O termo “espírito” refere simplesmente à natureza das primeiras criaturas de DEUS. Paulo refere-se expressamente a um espírito caído em Ef 2,2: “Vivestes outrora de acordo com o curso deste mundo, com o príncipe que domina os ares, o espírito que agora actua nos rebeldes “. Assim, a palavra “exércitos” e os nomes dos diferentes coros relacionam-se antes com o género das suas actividades, não coma sua escolha diante de DEUS. E por isso que São Paulo acrescenta algumas características particulares para especificar se está a falar de bons ou de maus espíritos. Tais características referem-se à qualidade moral das suas actividades, ao fruto que pretendem conseguir com as suas acções. Na carta aos Hebreus, São Paulo fala de JESUS que pela Sua morte destruiu “aquele que tinha o poder da morte, isto é, o diabo” (Heb 2,14). E aos Coríntios, Paulo fala do “deus deste mundo” (2 Cor 4,4) e ainda aos Efésios “do príncipe que domina os ares; o espírito que agora actua nos rebeldes” (Ef 2,2), “os dominadores deste mundo de trevas” e “o exército de espíritos do mal que estão nos céus” (Ef 6,12).
3. Estarão eles presentes em toda a parte?
As descrições precedentes podem levantar certas questões: Não é necessário perguntar como é que São Paulo sabia todas estas coisas; basta-nos acreditar que a palavra que dele recebemos ‘é verdadeiramente palavra de DEUS” (1 Ts 2,13).
Há uma questão muito séria: Será que Paulo vê actuar os demónios por toda a parte, no ar, nas trevas, entre os rebeldes e onde encontramos a morte? Será que as suas cartas provocam medo aos leitores, o que poderia ser um perigo contra qual a Igreja recentemente nos avisou: “A devoção popular aos santos Anjos, que é legítima e boa, poderá, porém, fazer surgir a possibilidade de desvios se... os fiéis tiverem a ideia que o mundo está sujeito a lutas demiúrgicas... nas quais o homem fica à mercê de forças superiores.., ou se os acontecimentos diários da vida.., forem interpretados esquemática ou simplisticamente, portanto de modo infantil, o que leva a atribuir todos os revezes ao diabo e todos os sucessos ao Anjo da Guarda” (Liturgia e devoção popular, 217). O próprio Paulo alerta para tal opinião deturpada do mundo: “Não vos deixeis inferiorizar por quem quer que seja que se deleite com práticas de humildade ou culto dos anjos. E gente que, dando atenção às suas visões, em vão se gloria com a sua inteligência carnal e não se apoia naquele que é a Cabeça; é a partir dele que todo o Corpo abastecido e mantido pelas junturas e articulações recebe o seu crescimento de DEUS” (Cl 2,18-19). Todavia, para São Paulo tudo é recapitulado e está sujeito a CRISTO que é a Cabeça (cf. Ef 1,22-23). São Paulo ensina com toda a clareza — e muito mais frequentemente do que se refere ao mal — que JESUS “despojou os poderes e as autoridades” (Cl 2,15; cf. Rm 16,20) e que o PAI “nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o Reino do seu amado FILHO” (Cl 1,13). Mas é certo que não corresponderia à plena verdade se São Paulo se tivesse silenciado sobre a existência dos espíritos condenados e tivesse deixado de descrever as suas actividades, porque temos de os combater com a graça de CRISTO para ganhar a coroa.
Juntemo-nos a São Paulo na nossa vocação maravilhosa para proclamar aos homens: “Não estais nas trevas, irmãos,.., todos vós sois filhos da luz e do dia” (lTs 5,4-5). No entanto, faz parte da realidade da nossa peregrinação saber que há perigos à nossa volta, que há inimigos que não desejam a nossa felicidade. Por isso, temos de aceitar a instrução que São Paulo nos dá sobre os espíritos malignos e não deixar de transmitir a palavra do Senhor “Vigiai e rezai”, para que ninguém, por negligência nossa, deixe de chegar à grande e indescritível meta que DEUS preparou para todos nós.
Quatro formas de ver o diabo
O diabo nunca pode amar o homem
Há quatro tipos de pessoas, que vêem de forma diferente o diabo.
1 - As que vêem o diabo em todo o lugar. Mesmo nas coisas mínimas: “Aí está o diabo!” Encontramos este modo de pensar em muitas pessoas, pois, se algo não dá certo, pensam logo em feitiços, dizem que o diabo está ao redor delas, que necessitam de exorcismo, etc. São evidentemente exageros.
2 - As pessoas para quais o diabo simplesmente não existe. O diabo é um produto cultural e nada mais, uma personificação do mal.
3 - As que crêem na existência do diabo, mas somente em teoria. De facto elas ignoram-no totalmente, nunca falam dele, não lhe atribuem nenhuma iniciativa. Isto é muito cómodo para o diabo porque, quando ele é ignorado, ele pode agir muito mais facilmente e sem ser incomodado.
4 - As que acreditam na existência do diabo, que lutam contra ele, mas consideram Cristo como o centro da teologia ou da vida.
Apesar do diabo ter sido vencido, ele faz tudo para destruir o Reino de Cristo. A sua batalha não é, principalmente, contra nós, mas contra Cristo. É contra nós enquanto somos filhos do Reino; atacando os filhos do Reino o diabo ataca o Reino de Cristo para o enfraquecer. Isto é o que motiva o inimigo.
Para uma pessoa que está na caminhada da fé, o diabo não deve meter medo. Ao contrário, é ele quem precisa de ter medo de nós e isto por uma razão muito simples: porque ele vê que tudo que Jesus reservava para ele, no início da criação, Jesus agora pôs nas nossas mãos. Toda a graça, a glória que era para Lúcifer, o anjo da luz, agora ele vê-a em nós. E o diabo vê em nós pessoas fracas, por um lado, mas fortes por outro, por causa da armadura que nos protege e pelas armas que temos em mãos.
Desta forma o diabo tem medo dos filhos de Deus e tem medo de forma especial dos sacerdotes, pelas armas que tem nas mãos, especialmente o Sacramento da Reconciliação. Na celebração do Sacramento da Reconciliação, a pessoa passa de um lado para outro: renuncia à escolha que fez a favor do diabo e aceita novamente Cristo na sua vida. Este é o momento mais forte da derrota do diabo.
O diabo nunca pode amar o homem, nem os participantes de seitas satânicas, os seus adeptos; não pode amá-los! Os diabos entre si odeiam-se, há um grande ódio entre os diabos. Um pouco de amor no inferno, apagaria tudo o que é o inferno, mas lá somente existe ódio, mesmo entre os demónios. Portanto, quando o diabo oferece ao homem alguma coisa que parece boa, por exemplo, uma cura, ela acaba num desastre.
Devemos prestar atenção, desta forma, à fonte, e não ao resultado aparente. Se a fonte é o inimigo, o inimigo é ódio, portanto, não nos pode oferecer nada por simpatia por nós.
do livro Cura do Mal e libertação do maligno – de Frei Elias Vella
Frei Elias Vella