O Carnaval
Faz do Carnaval um espectáculo diferente
- 04-02-2016
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Faz do Carnaval um espectáculo diferente na tua vida
Daremos um espectáculo diferente, mas transformador
O povo gosta de festas e de se divertir. Em muitos lugares, esta é uma ocasião para espalhar pelas ruas as críticas sociais, inclusive aos políticos que nós mesmos elegemos.
Para muitas pessoas, carnaval é tempo para desafogar as mágoas acumuladas, para “tudo acabar na quarta-feira”. Para muitas famílias, é ocasião para uma agradável viagem, cultivo do relacionamento, descanso sadio.
Há também uma porção considerável da população que se dedica à oração, escuta e meditação da Palavra de Deus, formação e um pouco de diversão, sem os excessos correntes.
Seja qual for a opção que fizermos, é bom pensar nas consequências, para que o último dia de carnaval não deixe o gosto amargo do pecado, pois o divertimento é legítimo e importante!
O sadio equilíbrio no uso do tempo indica que deveríamos dividir em três partes o tempo do dia que nos é dado pelo Senhor, a sabe:
8 horas para o trabalho, 8 horas para o sono e 8 horas para outras actividades.
Certa vez, um sábio Diretor Espiritual aconselhou dedicar pelo menos a décima parte das 24 horas do dia à oração, nas suas várias formas, como um dízimo diário a ser devolvido ao Senhor, para não acumular actividades que esgotem as capacidades humanas e não correspondam à grande dignidade com que Deus nos criou.
Certamente há outras propostas para a organização do tempo, a serem seguidas de acordo com os valores que norteiam a vida das pessoas. Homens e mulheres muito santos e equilibrados foram capazes de fazer muito e com competência, nas respectivas áreas de actividades e competência, aprendendo e ensinando, ao formar discípulos na arte do bem viver, a disciplina pessoal, o uso adequado das forças físicas, o sustento da mente que passa pelos bons pensamentos, boas leituras e bons ambientes. Por outro lado, quantas foram as vezes em que nos foi recomendado não perder tempo, fugir da ociosidade, que é mãe de tantos vícios, planear, rever, avaliar, reconhecer com humildade e realismo os erros e acertos, pedir perdão, recomeçar!
São atitudes humanas a serem fecundadas com a unção de uma vida cristã autêntica, que não cancela, mas revigora, tudo o que é “de gente”.
O Papa Francisco perguntou um dia, com sabedoria: “O problema nos nossos dias não parece ser tanto a presença invasiva dos pais, mas ao contrário a sua ausência, o seu afastamento. Por vezes os pais estão tão concentrados em si mesmos e no próprio trabalho ou então nas próprias realizações pessoais, que se esquecem até da família. E deixam as crianças e os jovens sozinhos. Às vezes perguntava aos pais se brincavam com os filhos, se tinham a coragem e o amor de perder tempo com os filhos. E a resposta era feia, na maioria dos casos: ‘Mas, não posso, porque tenho tanto trabalho’. E o pai estava ausente daquele filho que crescia, não brincava com ele, não, não perdia tempo com ele… Gostaria de dizer a todas as comunidades cristãs que devemos estar mais atentos: a ausência da figura paterna da vida das crianças e dos jovens causa lacunas e feridas que podem até ser muito graves.
Com efeito os desvios das crianças e dos adolescentes em grande parte podem estar relacionados com esta falta, com a carência de exemplos e de guias respeitáveis na sua vida de todos os dias, com a falta de proximidade, com a carência de amor por parte dos pais.
É mais profundo de quanto pensamos o sentido de orfandade que vivem tantos jovens. São órfãos na família, não dão aos filhos, com o seu exemplo acompanhado pelas palavras, aqueles princípios, aqueles valores, aquelas regras de vida das quais precisam como do pão…
É verdade que deves ser companheiro do teu filho, mas sem esquecer que és o pai! Se te comportas só como um companheiro igual ao teu filho, isto não será bom para ele…
E vemos este problema também na comunidade civil. Os jovens permanecem órfãos de caminhos seguros para percorrer, órfãos de mestres nos quais confiar, órfãos de ideais que aqueçam o coração, órfãos de valores e de esperanças que os amparem diariamente. Talvez sejam ídolos em abundância mas é-lhes roubado o coração; são estimulados a sonhar divertimentos e prazeres, mas não lhes é dado trabalho; são iludidos com o deus dinheiro, mas são-lhes negadas as verdadeiras riquezas” (Audiência Geral do dia 28 de Janeiro de 2015).
A resposta do Papa é uma luz impressionante, para que ninguém se lamente, como muitos pais e mães o fazem em nossos dias.
Parece um refrão repetido, mas não há outra estrada, senão começar em casa, de novo, a formar, educar para as escolhas a serem feitas, ensinar a rezar, amar de verdade.
E um caminho simples é o da vivência da Palavra de Deus, pouco a pouco, sem pressa. Daremos um espectáculo diferente, quem sabe, silencioso, mas transformador. Comece de novo em casa!