Carnaval é prazer e alegria?
O carnaval traz a busca frenética pelo prazer e pela alegria
A Bíblia afirma que a alegria do coração é a vida do homem, é um inesgotável tesouro de santidade. A alegria torna mais longa a vida dele (cf. Eclo 30,22-26). São Francisco de Sales dizia que um cristão triste é um triste cristão. A alegria verdadeira brota de um coração puro, que ama a Deus e ao próximo, tem a consciência tranquila e sabe que está nas mãos do Senhor.
Diferença entre satisfação do corpo e da alma
O mundo, no entanto, confunde alegria com prazer, quando, na verdade, não são a mesma coisa. Prazer é a satisfação do corpo; alegria é a satisfação da alma. Há prazeres justos e até necessários, como o sabor que Deus colocou nos alimentos, o prazer do acto sexual do casal unido pelo matrimónio. Mas há também prazeres injustos, por isso pecaminosos, quando se busca a satisfação do corpo apenas como um fim: a bebida, o sexo fora ou antes do casamento, as drogas, as aventuras que põem a vida em risco etc.
Isto acontece quando se abusa da liberdade e se usa mal as coisas boas. Isto tem nome: libertinagem. Por exemplo, pode ser um gesto de alegria beber um copo de vinho com os amigos, mas pode tornar-se um gesto de prazer desordenado se houver o abuso da bebida e se chegar à embriaguez. O mal quase sempre é o uso mau, o abuso das coisas boas. Quantos crimes e acidentes acontecem por causa destas libertinagens!
Está chegando mais um carnaval, tempo que para muitos se transformou em liberação de todos os instintos, busca frenética da alegria e do prazer. Mas o prazer ilícito, quando passa, deixa gosto de morte. A distorção da alegria nessa festa pode se transformar em sofrimento para a própria pessoa e para os outros, porque sabemos que o salário do pecado é a morte (cf. Rm 6,23).
Não penses que podes ser feliz no pecado, porque isso é ilusão. A tentação oferece-nos o pecado, assim como uma maçã avermelhada, mas envenenada. É mais ou menos como o terrível anzol que o peixe pica, porque está escondido dentro da isca. Depois de picar a isca, de sentir o prazer rápido que ela lhe dá, o peixe sente o gosto da morte no anzol que o fisga.
Vitimas dos prazeres do carnaval
O mesmo acontece com quem se entrega, no carnaval, aos prazeres da carne como o sexo a qualquer custo, a prática da homossexualidade, o uso das drogas, o abuso da bebida e os gestos de violência. O que tudo isso gera depois? Sabor de morte. Depois que rapidamente tudo isto passa, vem o vazio e a tristeza.
Temos visto um espectáculo deprimente nos últimos carnavais: as próprias autoridades, querendo impedir a Aids, acabam fomentando o pecado. Os governos da união e dos estados distribuem amplamente a famigerada camisinha para que os foliões brinquem, gozem, mas sem o perigo de se contaminarem. Preserva-se o corpo, mas mata-se a alma; defende-se o prazer e a orgia, mas afunda-se a moral, lança-se o povo nos antigos bacanais gregos. Ora, o correto é ensinar os jovens a viver o sexo no lugar certo, no casamento, e não estimulá-los fora de hora.
Será que não temos algo melhor para dar aos jovens e ao povo? Quantas crianças são geradas nas relações sexuais que acontecem nos carnavais! O que acontece depois? Algumas dessas podem ser abortadas; outras tornam-se filhos de uma mãe que vai criar e educar o filho sozinha. Isto não é justo, porque toda a criança que vem a este mundo tem o direito de ter um pai, uma mãe, um lar, de ser amada e desejada; e não ser apenas o fruto de um acto tresloucado.
O mal é o abuso daquilo que é bom. Se nós abusamos do bem, da comida, da bebida, do sexo fora do casamento, tudo isso se tornará um mal e trará consequências negativas; isso não é uma alegria autêntica. O sexo é lindo dentro do plano de Deus, mas se o tirarmos de dentro do plano divino, ele poderá ser causa de tristeza, adultério e doenças.
Caminho da morte e da vida
No pecado, encontramos o caminho da morte; na virtude, encontramos o caminho da paz. Nossa vida é consequência de nossas escolhas e nossos actos. São Paulo disse claramente aos gálatas: “Não erreis, de Deus não se zomba; porque tudo o que o homem semear, isso também colherá. O que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna” (Gl 6,8).
Quem faz do período carnavalesco uma oportunidade de extravasar os baixos instintos, colherá, sem dúvida, a tristeza depois. Quem dele se aproveitar para fazer o bem, colherá a alegria. Há um ditado popular que diz assim: “Fazer o bem sem olhar a quem”. A verdadeira alegria nasce de fazer o bem. Quanto mais bem você o faz às pessoas, mais será feliz.
O pecado é perfumado e se apresenta a você na hora da sua fragilidade. Cuidado! Santo Agostinho afirmava: A sua tristeza são os seus pecados. Deixe que a santidade seja sua alegria. Eu lhe dou a receita: vigie e ore. Os pecados entram pelas janelas da alma, que são os sentidos. Então, feche seus olhos, sua boca e suas mãos se você sabe que, por meio deles, pode chegar ao pecado.
Os dias de carnaval oferecem-nos grandes oportunidades para pecar, tanto nas ruas como na televisão, na internet e nos clubes. Mas não é nisso que reside a verdadeira alegria, esta pode ser encontrada no convívio saudável do lar com os filhos, na igreja, na leitura de bons livros e da Palavra de Deus, num tempo mais dedicado à oração, no ouvir uma boa pregação, num gesto de caridade a uma pessoa que precisa de ti.