Natal
Tempo de Natal: nasceu para nós o Salvador
- 20-12-2018
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Tempo de Natal: nasceu para nós o Salvador!
No Natal,oamor de Deus invisível faz-se visível.Está aqui,junto de nós,no presépio
O que vamos fazer nestes diasdo tempode Natal, já desde a noite em que Jesus nasceu? Voltar os olhos e o coração inteiramente para a figura do Menino envolto nos paninhos que a Mãe trouxe de Nazaré e reclinadosobre as palhas do presépio. Não sentimosdesejos de olhar para Ele e Lhe dizer:Meu Senhor e meu Deus!? Porque esse Menino, que vemos na manjedoura, é Deus feito homem,que vem ao nosso encontro para nos salvar.Tanto amou Deus o mundo–dizia Jesus a Nicodemos–que lhe deu o Seu Filho único. O Senhor não enviou o Filho ao mundo para condená-Lo,mas para que o mundo fosse salvo por Ele(Jo3,16).Contemplando este mistérioda Encarnação do Verbo,estamos nocoração da nossa fé cristã.É um mistério que nos dá acerteza de que Deus é amor e nos quer com loucura.Esta é, precisamente, a certeza que fazia o apóstolo São João exclamar:“Deus é amor!”Nisto se manifestou o amor de Deus para connosco:em nos ter enviado o Seu Filho único para que vivamos por Ele(cf. 1Jo4,8-9).
Sim,no Natal,oamor de Deus invisível faz-se visível.Está aqui,junto de nós,no presépio. São João extasiava-se comesta maravilha da bondade de Deus,que é a vindado Verbo encarnado,e dizia:‘Ninguém jamais viu a Deus.O Filho único,que está no seio do Pai,foi quem o revelou’(Jo1,18).E,cheio de júbilo por tê-Lo conhecido,por ter convivido com Eledurante três anose ter experimentado o Seu carinho,exclamava:‘Nós o vimos com os nossos olhos,nós o contemplámos,nós o ouvimos,nós o tocámos com as mãos…!’ (cf.1Jo1,1-3) Por experiência própria,podiaafirmar:‘Aquele que não ama não conhece a Deus,porque Deus é Amor’ (1Jo4,8).
Jesus é Deus feito homem,que nos ama com toda a força do seu amor divino e humano. O Seu amor é grande e verdadeiro, tem os dois sinais claros da autenticidade.Primeiro,é uma doação plena.Amor que não se dá não é amor.Mas não é umdar-se qualquer,é uma doação que visa onosso bem.E aí está o segundo sinal de autenticidade:todo o verdadeiro amor,ao dar-se,quer bem,ou seja,dá-se procurando obem da pessoa amada.
E qual é obem,quais são osbensque Jesus nos traz? Todos os bens! A vida verdadeira,a vida eterna! A felicidade que não poderá morrer! Nessa infinita riqueza de bens divinos,podemos distinguirespecialmentetrês grandes tesouros.O tesouro daverdade,que Ele nos ensina; o tesouro docaminhodo Céu,que Ele abre e nos mostra; e o tesouro davida nova dos filhos de Deus,que Ele ganha para nós na cruz.
Tudo isto resumiu-o Jesus numa só frase:Eu sou o Caminho,a Verdade e a Vida(Jo14,6).Será que captamos a importância destas palavras? Tentemos arrancar, do fundo delas, a grande luz que encerram,meditando um pouco sobre o seu significado. Jesus traz-nos,primeiro,a luz da verdade.Vem-me à cabeça agora o pai de São João Batista,Zacarias–o marido de Santa Isabel–,que profetizou o nascimento de Jesus de uma maneira muito significativa.Dizia quea ternura e a misericórdia do nosso Deus nos vai trazer do alto a visita do Sol nascente,que há de iluminar os que jazem nas trevas e nas sombras da morte e dirigir os nossos passos no caminho da paz (Lc1,78-79).Desde antes de nascer,Jesus jáé anunciado como o Sol,como a Luz,a Luz da Verdade,que nos guiará parao bem e paraa paz,para a paz terrena e eterna.
Istoéo quetambémdiz São João no prólogo do seu Evangelho. Ele era a verdadeira Luz,que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. A luz resplandece nas trevas e estas não a compreenderam(cf.Jo1,9-11).Que pena se nós não a recebêssemos! Que pena se nós não a compreendêssemos! Porque a verdade que Ele nos traz não é uma verdade qualquer, mas a únicaverdade-verdadeira,a única verdade que salva:a verdade sobre Deus,sobre o mundo e sobre o homem.Só ela pode dar sentido à nossa vida.
Utilizando-nos de uma comparação do próprio Cristo,podemos dizerque a verdade ensinada por Ele é como a semente na mão do semeador.Pode cair nas pedras ou entre espinhos e morrer; ou pode cair numa boa terra e dar fruto (cf.Mt13,4ss.).Depende de nós. Se procurássemos acolher esta verdade com carinho,seria uma maravilha,seríamos–no empenho por edificar a nossa vida– como o construtor de que Jesus falava:’Aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente,que edificou a sua casa sobre a rocha’(Mt7,24).Nem a chuva,nem o vento,nem as tormentas conseguiriam derrubá-la.Porque esta verdade nos daria–como diz a Bíblia–umamor forte como a morte’ (cf. Cânticos 8,6).
Se continuarmos a olhar para Jesus Menino,veremos queEle nosdiz também,comojá mencionávamos, “Eu sou o Caminho”.Toda a vida d’Ele é exemplo e caminho para nós,é como a sinalização luminosa da estrada que conduz a Deus,o roteiro que devemos seguir para nos realizarmos nesta terra e na eternidade.
É por isso que Jesus diz,muitas vezes:‘Segue-me!’ Compara-nos às ovelhas que Ele,o Bom Pastor,conduz entre brumas e perigos atéo pasto que alimenta eorefúgio seguro.Ele é o Bom Pastor quecaminha adiante delas,adiante de nós,indicando-nos o caminho; mais:sendo,com o Seu exemplo,Ele próprio o caminho. Acontece que o caminho de Cristo é,essencialmente,ocaminho do amor.Caminhai no amor– escrevia São Paulo–,segundo o exemplo de Cristo,que nos amou e por nós se entregou (Ef5,2).
O amor que écaminho é o amor autêntico,com maiúscula,o Amor quevem deDeus(1Jo4,7).Não é fumaça cor de rosa,nem é uma teoria ou só uma paixão que arde e se evapora; é um amor vivo,sincero e realista,que semanifesta,no dia a dia,na prática dasvirtudes que são como o selo de garantia do amor.
Por isso,aquele que ama esforça-se por ser–com a graça de Deus–generoso,compreensivo,dedicado,paciente; etambémpor ser constante,por ser forte na adversidade,por ser sóbrio e moderado nos prazeres; por ser caridoso,gentil,prestativo; por ser justo,discreto; por dar a Deus cada dia mais amor,e aos irmãos também.Em suma,por levar a sério a prática das virtudes humanas e cristãs.
Nunca percamos de vista: aquele queamafaz,age,não fica só pensando e sentindo.É exactamente isto o quenos diz São João,o grande intérprete do amor de Cristo:”Meus filhinhos,não amemos com palavras nem com a língua,mas por actos e em verdade”(1Jo3,18).E é claro que isto se aplica tanto ao amor a Deus como ao amor ao próximo.Como dizo mesmoSão João:“Temos de Deus este mandamento:quem ama a Deus,ame também a seu irmão”(1Jo4,21).