Natal
Por que se faz a “Missa do Galo” na noite de Natal?
- 11-12-2022
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“Missa do Galo” é o nome da celebração litúrgica da meia-noite, na véspera do Natal.
A expressão vem da tradição segundo a qual à meia-noite do
dia 24 de Dezembro um galo cantou mais fortemente que qualquer outro,
anunciando o nascimento do Menino Jesus.
Assim como o galo anuncia o nascer do sol e o seu canto
preludia o amanhecer, assim também a “Missa do Galo” comemora e canta o
nascimento de Jesus, o Sol nascente que, clareando a escuridão do pecado, nos
veio remir.
O galo foi escolhido como símbolo desta celebração porque ele
representa, histórica e tradicionalmente, a vigilância, a fidelidade e a fé
proclamada no auge das trevas.
Por isso podemos ver, no topo do campanário das igrejas, um
galo proclamando para todos os quadrantes que Jesus nasceu.
A celebração é feita à meia-noite porque o nascimento ocorreu
por volta dessa hora. A “Missa do Galo” foi celebrada pela primeira vez no
século V pelo Papa Xisto III na então nova basílica de Santa Maria Maior, onde
são hoje veneradas as relíquias do Santo Presépio, conservadas em artístico
relicário.
Nos primórdios da Igreja, os cristãos encontravam-se para
rezar na cidade de Belém à hora do primeiro canto do galo. Com a expansão da
Igreja, na vigília do Natal os fiéis reuniam-se na igreja mais próxima e
passavam a noite a rezar e a cantar.
Nalgumas aldeias espanholas era costume os camponeses levarem
um galo à igreja para que ele cantasse na missa.
A igreja era toda iluminada com lâmpadas de azeite e tochas.
As paredes eram revestidas com panos e tapetes. O templo era perfumado com
alecrim, rosmaninho e murta.
Desde o início desta devoção a véspera de Natal é suave e
nobremente jubilosa. Por isso é chamada Noite Santa. Os seus cânticos são
festivos, como o tradicional Glória litúrgico.
Segundo uma tradição católica muito generalizada, os fiéis
iam acendendo uma vela a mais em cada semana do Advento, ou período de quatro
domingos antes do Natal.
Elas já estavam todas acesas na “Missa do Galo”, solenemente
celebrada e na qual a comunhão era oferecida pelo nascimento do Messias.
Em Roma, o Papa deve conduzir pessoalmente a celebração, pois
ele é sucessor de Pedro, o Apóstolo designado pelo próprio Jesus para primeiro
monarca da Igreja (Mt 16,18).
O Natal é uma das raríssimas datas litúrgicas que contemplam
três Missas diferentes: a da noite, a da aurora e a do dia.
Segundo São Gregório Magno, a Missa da noite, ou “do Galo” in
galli cantu (à hora em que o galo canta) comemora a vinda de Jesus à Terra; a
Missa da aurora, celebrada logo depois, comemora o nascimento de Jesus no
coração dos fiéis; a Missa do dia, ou Missa de Natal propriamente dita, evoca o
nascimento do Verbo de Deus.
A Missa começava com um cântico natalício. No momento do
“Gloria in excelsis Deo”, as campainhas tocavam para assinalar o nascimento do
Redentor. No fim da celebração, todos iam beijar o Menino. Em algumas Igrejas,
o presépio permanecia coberto até ao momento do cântico.
De início jejuava-se durante a vigília, como forma de
desprendimento e convite à contemplação do grande mistério que se vai celebrar.
Comia-se apenas peixe — e em Portugal bacalhau.
Depois que se aboliu o jejum, o povo continuou a chamar à
ceia de Natal “consoada”, embora esta tenha passado a ser mais abundante.
“Consoada” significa pequena refeição e surgiu no século XVII. Era feita após a
“Missa do Galo”.
Até à revolução “pós-conciliar”, após a “Missa do Galo” as
famílias voltavam para suas casas, colocavam a imagem do Menino Jesus no
Presépio, cantavam e rezavam em seu louvor, faziam a Ceia de Natal e trocavam
presentes.
O nome “Missa do Galo” usa-se apenas em português e espanhol.
Na maior parte do mundo chama-se simplesmente Missa da noite de Natal ou Missa
da meia-noite.
Na Espanha havia uma tradição peculiar: “Antes de baterem as
12 badaladas da meia-noite de 24 de Dezembro, cada lavrador da província de
Toledo matava um galo, em memória daquele que cantou três vezes, quando Pedro
negou Jesus, por ocasião da sua morte”. Em seguida, a ave era levada para a igreja
e oferecida aos pobres.
Apesar do laicismo moderno e da escalada do ateísmo
materialista, nessa abençoada noite as catedrais de Paris, Londres, Barcelona e
muitas outras enchem-se, para acompanhar os coros que cantam as santas alegrias
do Natal iminente... até o galo cantar a anunciar a Boa Nova!
"Stille Nacht, Heilige Nacht" (Noite silenciosa,
noite santa, Alemanha)
"Il est né le Divin Enfant" (Nasceu o Divino
Menino, França)
"Gabriel, fram Heven-King" (Gabriel anunciou o Rei
do Céu, Inglaterra)
"Pastores loquebantur" (Os pastores falavam, Daniel
Bollius)
"Adeste fideles" (Vinde, fiéis, Daniel tradicional)
"Canta ruiseñor" (Canta rouxinol, Peru,
tradicional)
"O du fröhliche, o du seliche" (O você feliz, oh
você mesmo, Alemanha)
"Dormi Jesu dulcissime" (Dorme, oh meu docíssimo
Jesus, Pal Esterhazy, Áustria)