Falta pouco para o Natal!
Meditemos sobre o nascimento de Deus menino
Natal do Menino Jesus
Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo
Vendo-se repelidos por toda a gente, São José e a Bem Aventurada Virgem saem da cidade para achar, fora dela, ao menos algum abrigo.
Os pobres viajantes caminham na escuridão, errando e espreitando;
Afinal depara-se-lhes ao pé dos muros de Belém uma rocha escavada em forma de gruta que servia de estábulo para os animais.
Disse então Maria: José, meu esposo, não precisamos de ir mais longe; entremos nesta gruta e deixemo-nos ficar aqui.
– Mas como? Responde São José; não vês, minha esposa, que esta gruta é tão fria e húmida que a água escorre por toda parte?
Não vês que não é uma morada para homens, mas uma estribaria para animais? Como queres passar aqui a noite e dar à luz?
– Contudo, é verdade, tornou Maria, que este estábulo é o paço real onde quer nascer na terra o Filho eterno de Deus.
Ah! Que terão dito os Anjos vendo a divina Mãe entrar naquela gruta para dar à luz!
Os filhos dos príncipes nascem em quartos adornados de ouro; preparam-se-lhes berços incrustados com pedras preciosas, e mantilhas preciosas; e fazem-lhe cortejo os primeiros senhores do reino. E ao Rei do céu prepara-se uma gruta fria e sem lume para nela nascer, uns pobres paninhos para cobri-lo; um pouco de palha para o leito e uma vil manjedoura para o colocar?
Ubi aula, ubi thronus? Meu Deus, assim pergunta São Bernardo, onde está a corte, onde está o trono real deste Rei do céu;
É que não vejo senão dois animais para lhe fazerem companhia, e uma manjedoura de irracionais, na qual deve ser posto?
Ó gruta ditosa, que tiveste a ventura de ver o Verbo divino nascido dentro de ti! Ó presépio ditoso, que tiveste a honra de receber em ti o Senhor do céu!
Ó palha ditosa, que serviste de leito àquele cujo trono é sustentado pelos serafins!
Sim, fostes ditosos, ó gruta, ó presépio, ó palha; mais ditosos, porém, são os corações que terna e fervorosamente amam este amabilíssimo Senhor, e que abrasados em amor o recebem na santa Comunhão.
Ó, com que alegria e satisfação vai Jesus Cristo pousar no coração que o ama!
Um Deus que quer começar a sua infância num estábulo, confunde o nosso orgulho; e, segundo a reflexão de São Bernardo, já prega com o exemplo o que mais tarde havia de pregar de viva voz: Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração.
Eis porque ao contemplarmos o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo e ao ouvirmos falar em gruta, manjedoura, em palha, em leite, em vagidos; estas palavras deveriam ser para nós como que chamas de amor, e como que setas que nos fizessem amantes da santa humildade.
É verdade, ó meu Jesus, Vós, tão desprezado por nosso amor, com o vosso exemplo fizestes os desprezos excessivamente caros e amáveis aos que Vos amam.
Mas, como é então possível que eu, em vez de os abraçar, como Vós os abraçastes, ao receber algum desprezo por parte dos homens, me tenha mostrado tão orgulhoso; e tenha ainda chegado a ofender-Vos, ó Majestade infinita? Pecador e orgulhoso!
Ah Senhor, já o compreendo: não soube aceitar com paciência as humilhações e as afrontas, porque não Vos soube amar. Se Vos tivesse amor, ter-me-iam sido doces e amáveis. Mas visto que prometeis o perdão a quem se arrepende, de toda a minha alma arrependo-me de toda minha vida desordenada, tão diferente da vossa.
Quero emendar-me, e por isso Vos prometo que para o futuro aceitarei com paz todos os desprezos que me vierem, e que os sofrerei por vosso amor, ó Jesus meu, que por meu amor tendes sido tão desprezado.
Compreendo que as humilhações são as minas preciosas por meio das quais quereis enriquecer as almas com tesouros eternos. Já sou digno de outras humilhações e de outros desprezos, porque desprezei a vossa graça. Mereço ser pisado aos pés do demónio.
Mas os vossos merecimentos são a minha esperança. Quero mudar de vida; não quer mais causar-Vos desgosto; para o futuro não quero buscar senão a vossa vontade, e por isso vos dou todo o meu coração. Possui-o, e possui-o para sempre, para que eu seja sempre vosso e todo vosso. “E Vós, ó Pai eterno, que cada ano nos alegrais com a esperança da nossa Redenção, concedei-me que com confiança possa esperar a vinda do vosso Filho unigénito como Juiz, a quem agora recebo alegremente como Salvador”.
Fazei-o pelo amor do mesmo Jesus Cristo e de Maria Santíssima.
Jesus nasceu! Vinde, ó reis, príncipes e todos os homens da terra, vinde adorar o vosso Rei.
Mas quem é que se apresenta? …Ah, o Filho de Deus veio ao mundo, e o mundo não o quis conhecer.
Mas, se não vêm os homens, vêm ao menos os Anjos adorar o seu Senhor, e cantam jubilosos: “Glória a Deus nas alturas, e na terra paz aos homens de boa vontade”.
Glória à divina Misericórdia, que, em vez de castigar os homens rebeldes, fez o próprio Deus tomar o castigo sobre si, e assim os salvou.
Glória à divina Sabedoria, que achou meio de satisfazer à Justiça, e ao mesmo tempo, de livrar os homens da morte merecida.
Glória ao divino Poder, que de um modo tão admirável venceu as forças do inferno.
Glória finalmente ao divino Amor, que induziu um Deus a fazer-se homem e a levar uma vida tão pobre, humilde e penosa.
– Meu irmão, unamos as nossas adorações às dos Anjos e digamos com a nossa Santa Madre Igreja:
Glória a Deus nas alturas, e na terra paz aos homens de boa vontade.
Nós Vos louvamos, Vos bendizemos, Vos adoramos, Vos glorificamos. Graças Vos damos pela vossa grande glória, Senhor Deus, Rei do Céu, Deus Pai todo-poderoso.
Ó Senhor, Filho unigénito de Deus, Jesus Cristo, Senhor Deus, Cordeiro de Deus, Filho do Pai: Vós, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.
Vós, que tirais o pecado do mundo, aceitai as nossas súplicas. Vós, que estais sentado à direita do Pai, tende piedade de nós.
Porque só Vós, ó Jesus Cristo, sois Santo, só Vós o Senhor, só Vós o Altíssimo, com o Santo Espírito, na glória de Deus Pai. Assim seja”. Um Santo Natal!