EU VI JESUS NASCER
Foi um fim-de-semana em clima de oração, com abundante escuta da Palavra de Deus, marcado pela convivência fraterna de pessoas dos 13 aos 70 anos, tendo a Eucaristia como prenda.
Entretanto, o grupo integrava dois jovens de 25 e 30 anos que, como quaisquer outros comiam e bebiam, trabalhavam e gozavam, pondo Deus na prateleira.
Todavia, ao longo do tempo em que escutaram a Palavra que lhes era anunciada, foram dizendo: "nunca pensei que Deus me amasse como sou", "Ele tem conduzido a minha história até aqui", "se os meus amigos soubessem", se pensarmos bem, a vida sem Deus é mesmo um absurdo".
Não sei se pela idade, dei comigo várias vezes a puxar pelo lenço, para limpar algumas lágrimas de alegria. É que eu vi Jesus nascer, naqueles olhos sempre abertos para captarem toda a Boa Notícia, naqueles rostos tocados pela alegria vinda de dentro que os inundava, naquela postura de fraternidade com todo o grupo, naquela oração espontânea que deixaram brotar dos seus lábios.
Eu vi Jesus nascer, pela força da Palavra e pela acção do Espírito, como em Maria. E tive pena de me deixar enredar, como tantos, em tanta prenda bem embrulhada mas sem qualquer conteúdo.
Naquele fim-de-semana, aquele grupo e, particularmente aqueles dois jovens, um solteiro e outro casado, sentiram Jesus Cristo como a Grande Prenda de Deus para eles e para as suas famílias. Comungaram pela primeira vez e por isso um deles dizia:" "sinto‑me como um dos doze apóstolos à mesa da Última Ceia".
Naquele momento, senti um desejo enorme de poder gastar o meu tempo, o meu dinheiro, as minhas energias, para servir de "papel de embrulho" que a Igreja possa utilizar, para oferecer Jesus Cristo e só Ele, como a prenda que todos os homens esperam, mesmo sem disso se aperceberem.
Não há nada que pague tudo o que senti (e não só eu), ao ver aqueles jovens que precisaram da oração, da dança, do canto, do beijo, do abraço e até do "Porto", para traduzirem a sua felicidade.
"Porque não fazem o mesmo na minha terra?"‑ perguntava um deles.
Vamos a isto, senhores "cristãos de canudo"!
Está na hora de dar a ÚNICA PRENDA necessária a cada vizinho, a cada colega, a cada parente, a cada jovem ou adulto que espera ansiosamente "a manifestação dos filhos de Deus".
Passados dois mil anos do nascimento de Jesus, não podemos continuar a oferecer prendas iguais às de qualquer pessoa ou instituição. É preciso oferecer o Evangelho, que o mesmo é dizer Jesus Cristo, experienciado na nossa própria vida. E isto de mão em mão, de porta em porta.
Não podemos gastar todo o tempo a conservar os que já estão, mas é urgente ir, sem relógio, sem calcular despesas nem medir distâncias, sem esperar pelo fruto.
Estou cada vez mais convencido que é por aqui que o ministério se rejuvenesce, o matrimónio floresce, o "ser cristão" amadurece e a Igreja é verdadeiramente Sacramento de Salvação.