Para o Natal...
já pouco faltava: uma meia dúzia de dias.
E o homem da Clarinha, emigrante em França, sem escrever, a dizer, se vinha ou não passar alguns dias com a família!
A vida dele devia correr mal... A mulher não fazia senão chorar, e os filhos estavam constantemente a perguntar
— Mãe! O pai quando vem?
— Rezai por ele, meus filhos, porque só Deus e a Santíssima Virgem o podem trazer.
E todos rezavam, até o mais pequenino. Erguia as mãozinhas e suplicava:
— Jesus! trazei, trazei o paizinho para casa para a mãezinha não chorar!
O que animava a Clarinha era a promessa que Jesus fez aos devotos ‘do Seu Coração, e que ela recorda muitas vezes:
— «Eu abençoarei as casas onde estiver exposta e venerada a. Minha Imagem... «Consolarei os seus moradores em todos os seus desgostos...
«Dar-lhes-ei paz nas suas famílias».
E ali estava exposta e venerada uma linda Imagem do Coração de Jesus.
Ali faziam oração, ao erguer e ao deitar, e tudo tinha corrido bem, até que o senhor Joaquim emigrou.
Companhias... falta da Santa Missa... da confissão e da oração... foram-lhe abalando a Fé; mas Nossa Senhora velava...
Chegou a véspera do Natal. Em todas as casas da aldeia há alegria. Quanta gente veio de fora!
E a festa da alegria, da Paz, do Amor.
Só no lar da Clarinha há tristeza. O pai, não teve sequer duas letras para os filhos e para a mulher.
Dez da noite...
Naquela casa, reza-se e chora-se de dor...
Eis senão quando batem à porta:
— Quem é? — Abri, que sou eu!
— Oh, mãe, é o paizinho! É ele! Era sim! E era a hora do Amor.