O que é um pré-namoro?
O pré-namoro gera no outro uma maturidade de conhecimento e respeito
Ao se tratar de afectividade, é bem perceptível quanto as gerações mais recentes têm absorvido novos pensamentos e outra cultura em relação à geração anterior à sua. Nós não temos os mesmos conceitos sobre relacionamento que os nossos pais tinham; eles, por sua vez, viveram diferentemente dos nossos avós.
Os casais de hoje têm melhores meios de fazer uma escolha consciente pelo par, pois têm mais acesso às informações sobre sexualidade e afectividade.
Na contramão, a cultura do ‘amor livre’, que avança desde a década de 60 em nome de um falso conhecimento, vem implantando cada vez mais a sua ideologia, convencendo as pessoas de que os parâmetros de moral e ética são apenas uma imposição cultural de um tempo passado.
A prática do “ficar” e o sexo sem compromisso, por exemplo, tomaram uma proporção tamanha, que quem nasceu e cresceu vendo isto à sua volta e nos programas de TV, considera-os normais. Contudo, temos também presenciado as consequências desastrosas na vida da pessoa que “se dá o direito” de usar o seu corpo e os seus afectos para preencher desejos de momento.
No meio de tudo isto, é crescente o número de jovens que têm notado as repercussões infelizes que o não compromisso tem causado. Contrários a tudo o que a mentalidade corrente diz e propaga sobre o “amor livre” – para o qual vale tudo –, cada vez mais pessoas estão dispostas a cercar-se de seguranças para proteger o que há no seu coração, na sua essência e alma. Quando o assunto é proteger o dom do amor, muitos não medem esforços.
Por causa disso, surgiu um novo modo de relacionamento, o chamado pré-namoro, cujo termo e prática surgiram entre os jovens cristãos, católicos e protestantes, os quais já pregavam a castidade como principal modo de purificar o amor.
É interessante notar que, apesar desta prática ser uma iniciativa cristã, o assunto já chama à atenção também no meio secular, onde, geralmente, as pessoas recusam regras.
O que não é o pré-namoro. Não tem nada a ver com o “ficar” nem com “estar de rolo”, ou seja, trocar beijos e abraços, durante semanas ou meses, sem assumir um compromisso sério entre as partes nem entre os amigos. Também não é ter um amigo que lhe seja mais especial que os outros, embora tu o consideres somente amigo; só que ele acaba por se apaixonar por ti. Então, para não perder a amizade ou por proposta dele, vocês combinam discernir o que fazer por meio de um pré-namoro. Mas isso só vai servir para desgastar a amizade.
Para que haja um pré-namoro, é necessário que as duas pessoas se sintam apaixonadas uma pela outra e declarem essa paixão. Mas, em vez de iniciar imediatamente um namoro, o casal faz um acordo e esperam para adentrar num “nível” maior de diálogo e convívio. Um diz ao outro os seus sentimentos e vê se é recíproco. Se o for, então propõem esse caminho.
Podes ter uma amizade com uma pessoa há muito tempo, mas quando começar a surgir uma atracção recíproca, o nível de cumplicidade e envolvimento aumentará. Sabendo que se gostam, as conversas aprofundam-se e as coisas que fazem juntos têm maior significado.
Mas para quê tudo isto? Ora, não basta o sentimento! Quem de nós nunca foi enganado pelas próprias emoções, pelo menos uma vez na vida? Ninguém quer começar um relacionamento que pode não dar certo. Se as diferenças forem muito grandes e os planos desiguais demais? E se a pessoa for diferente de tudo o que viste até agora? Para diminuir estas dúvidas é que se trilha o pré-namoro, pois ele ajuda a saber se o sentimento é só “fogo de palha”, algo vindo das carências, ou se é algo que pode perdurar e transformar-se em namoro.
Como agir no pré-namoro? O que fazer com a outra pessoa e o que dizer às famílias e aos amigos?
Como ainda não é namoro, então o casal mantém o que é próprio de amigos e não
de namorados.
Não se beijam, não andam de mãos dadas, não se abraçam (amigos se abraçam,
então podem dar um abraço quando se encontram ou se despedem, também na hora de
dar a ‘paz de Cristo’ na Missa…). Eles conversam, conversam muito. Continuam a
encontrar-se, saindo juntos, exactamente para se conhecerem mais, para falarem
dos seus sentimentos, das impressões que estão a ter um do outro.
Conheça a história de vida do seu amado, ajude-o nos seus afazeres no dia a dia, perceba as reacções dele, a sua índole, o seu temperamento e carácter. Assim, o casal passa pela fase da pura paixão e até se decepciona um com o outro. Isto dá-lhes mais condições de decidir não só sobre o sentimento, mas também racionalmente. Será mesmo que compensa namorar com ele?
Ah, vocês podem frequentar a casa um do outro e dizer aos familiares: “Estou a gostar e a pensar em namorar com esta pessoa, mas preferimos conhecer-nos melhor”.
Quanto tempo deve durar o pré-namoro? É relativo o tempo que cada casal pode viver esta experiência. Uns combinam um determinado número de meses, quatro ou cinco, por exemplo; outros simplesmente começam a pré-namorar até sentirem que dá para namorar ou não.
O importante é chegarem à conclusão de que conseguem tomar uma decisão, mesmo tendo algumas decepções um com o outro devido a tudo o que conheceram, seja de bom ou ruim.
E é necessário mesmo trilhar o pré-namoro? Algumas pessoas, podem perguntar: “Se um declara ao outro os seus sentimentos, eles vão aguentar continuar a sair sem nenhuma demonstração de afecto como namorados? Não parece necessária esta privação”.
Não, não é obrigatório! Não é uma nova lei de namoro cristão. Aliás, se, por exemplo, a jovem propõe o pré-namoro ao rapaz e ele achar desnecessário, que ele se sinta livre para dizer que não quer pré-namorar; e ela também seja livre para acolher a opção dele ou não.
O pré-namoro é somente uma forma de proteger o sagrado que há em ti. A verdadeira prova de amor é a que mostra o sacrifício próprio pelo amado, sem pedir que ele dê de si.