Namoro na adolescência
A experiência de namoro, assim como os demais relacionamentos da adolescência, deve ser colocada dentro de um contexto mais amplo...
Isto porque há uma série de profundas mudanças que o adolescente começa a descobrir nesta fase e que, embora todas elas possam ser fascinantes e positivas, devem ocorrer dentro de um ritmo de normalidade e sem qualquer agressão ou violência sobre o seu processo de crescimento global, sob pena de graves e irremediáveis consequências.
O adolescente, por óbvio que possa parecer, não é ainda um adulto. Não tem os seus sentimentos e as suas emoções sujeitos a um saudável e necessário controle, mas pelo contrário, exactamente por estar a iniciar e a descobrir a sua trajectória de vida, é mais induzido a fantasias e impulsos que escapam da sua razão ou moderação.
E nestas fantasias e impulsos entra, sem sombra de dúvida, um factor muito forte que é o afecto. Afecto do qual todos os seres humanos sentem a falta, em maior ou menor escala, em qualquer etapa das suas vidas, mas que pode e deve ser administrado segundo um critério de oportunidade e conveniência. Por exemplo, se falta afecto a um homem casado em determinado momento da sua vida, ele deve procurar compensação fora da vida conjugal? Não é o caso. Ele deve acolher aquela fase como uma oportunidade de crescimento pessoal e do próprio casamento, esforçando-se, a começar por ele mesmo, a gerar e desenvolver o afecto do qual sente a ausência.
Situação semelhante é a da adolescência, ocasião em que a carga afectiva é ainda mais impetuosa e forte. Como administrá-la? Procurando, antes de mais nada, ter uma vida saudável, por exemplo com a prática de desporto que permita descarregar a energia naturalmente existente. Ao mesmo tempo, desenvolvendo ao seu redor um clima de harmonia, solidariedade e amor para com todos e para com tudo, a começar pela natureza.
O namoro entre um e uma adolescente com as suas características particulares de troca de afecto, pode e deve ser substituído por uma amizade especial entre os dois. Amizade que não deve ser oprimida ou reprimida, mas respeitada e inserida numa maior abertura e participação na convivência com os pais e na vida normal e quotidiana da sociedade, nunca num fechamento obsessivo a dois. Amizade que pressupõe a arte do verdadeiro diálogo, maiores oportunidades de encontros, de convivência e de relacionamento, mas que é, sobretudo uma ocasião de grandes descobertas. Seja na vida pessoal, como na vida do outro. Estas descobertas devem ser respeitadas, acolhidas e jamais banalizadas. Devem ser objecto de construção da verdadeira personalidade que se desenvolve em cada um e nunca motivo de vulgarização ou de humilhação. O outro nunca é um ser descartável. Ele ou ela tem sentimentos… afectos… é um ser humano. Esta atitude prepara o adolescente para um discernimento maduro sobre a sua futura vocação, sendo a melhor preparação para um namoro sadio e enriquecedor, em vista a um matrimónio com hipóteses de ser duradouro e feliz.
O namoro, quando chegado o momento, assim como toda a experiência na vida tanto do adolescente como do adulto, pode e deve ser uma ocasião de crescimento e desenvolvimento de toda a potencialidade existente e muitas vezes adormecida. A atenção e o cuidado, no entanto, devem estar voltados para o desvirtuamento das propostas, circunstância hoje tão difundida na sociedade e da qual os adolescentes são talvez os primeiros a sentir o peso. A sugestão é não se deixar manipular por instrumentos e/ou pessoas que têm interesses na difusão de certa mentalidade permissiva, mas lutar e agir para que prevaleça o amor verdadeiro. Amar ao próximo como a si mesmo.