Namorar
A castidade até ao casamento é um belo exercício de autodomínio para o jovem
- 23-11-2022
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Na Encíclica “Veritatis
Splendor” e noutros documentos pontifícios, o saudoso Papa São João Paulo II, e
depois dele Bento XVI, têm falado insistentemente sobre o perigo do relativismo
moral e religioso, que consiste em cada um querer fazer a “sua” religião e a
“sua” moral, e não obedecer ao que ensina o Magistério da Igreja.
Isto destruiria a fé e a
moral católica que Jesus nos deixou para a nossa salvação. Cristo confiou à
Igreja a missão de cuidar daquilo que São Paulo chamava “sã doutrina da fé” ou
“depósito da fé” (cf. Tito 1,9; 1Timóteo 1, 10).
Quando aprovou e
apresentou o Catecismo para a Igreja, o Papa São João Paulo II declarou:
“Guardar o depósito da fé é a missão que o Senhor confiou à Igreja e que ela
cumpre em todos os tempos” (“Fidei Depositum”). A instituição criada por Cristo
precisou de fazer 21 Concílios universais nestes dois mil anos de história,
para impedir que as heresias e os relativismos esfacelassem a doutrina da
salvação que Cristo nos deixou. Muitas vezes, ela teve de enfrentar cismas,
martírios e perseguições para manter intacta a doutrina da salvação.
Jesus confiou aos
Apóstolos a missão de ensinar em Seu Nome e com a Sua Autoridade e de ninguém
mais. Jesus disse: “Quem vos ouve a mim ouve, quem vos rejeita a mim rejeita,
quem me rejeita, rejeita Aquele que me enviou” (Lc 10,16). E enviou-os pelo
mundo a pregar o Evangelho. “Ide, pois, ensinai a todas as nações...” (Mt
28,19). E, na Última Ceia, Cristo prometeu-lhes que o Espírito Santo os
assistiria e guiaria para que ensinassem “toda a verdade”. “Muitas coisas ainda
tenho a dizer-vos, mas não estais preparados para ouvir agora; mas quando vier
o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade” (João 16,
12-13). São Paulo disse a Timóteo que “a Igreja é a coluna e o fundamento da
verdade” (1Tm 3, 15).
Portanto, a Igreja ensina
“toda a verdade” que nos conduz ao céu; e o bom católico nunca pode duvidar
disto ou viver diferente disto, mesmo que encontre por si mesmo as melhores
justificativas para agir diferentemente. Seria mergulhar no relativismo
religioso, coisa que fizeram muitos hereges e dissidentes da Igreja.
O ensinamento claro da
Igreja é que a vida sexual só deve ser vivida no casamento, no qual o casal tem
condições de realizar a dupla finalidade do sexo: unitiva e procriativa. No
namoro e no noivado o casal ainda não está unido oficialmente nem diante de
Deus nem diante dos homens; então, não há como viver o aspecto unitivo plenamente.
O acto sexual é o selo desse compromisso e união definitiva, assumida
publicamente. Qual é a certeza que um casal de namorados tem de que se vão
casar? E os noivos? Quantos noivados já se dissolveram!
Por outro lado, o sexo é
procriativo, e não é moral, ensina a Igreja, impedir por meio artificial a
concepção (camisinha, DIU, pílula, etc.); e é claro que o casal que começa a
viver a vida sexual no namoro terá de apelar para estes métodos,
egoisticamente, de modo a evitar a gravidez e gozar apenas do prazer sexual.
Ora, isto é contra a lei de Deus. O acto sexual deve estar aberto à vida; e no
namoro e noivado isto ainda não é possível. Não há uma estrutura para se
receber o filho, fruto do amor conjugal celebrado no acto sexual.
Ora, se o acto sexual
gera a vida de um novo ser humano, este precisa de ser acolhido num lar, pelos
seus pais. É um direito da criança que vem a este mundo. Nem o namoro nem o
noivado oferecem ainda uma família sólida e estável para o filho. Não existe
ainda um compromisso “até que a morte os separe”.
O Catecismo da Igreja
Católica ensina com clareza a doutrina de Cristo:
§2363 – “Pela união dos
esposos realiza-se o duplo fim do matrimónio: o bem dos cônjuges e a
transmissão da vida. Estes dois significados ou valores do casamento não podem
ser separados sem alterar a vida espiritual do casal e sem comprometer os bens
matrimoniais e o futuro da família. Assim, o amor conjugal entre o homem e a
mulher atende à dupla exigência da fidelidade e da fecundidade”.
§2390 – “O acto sexual
deve ocorrer exclusivamente no casamento; fora dele, é sempre um pecado grave e
exclui da comunhão sacramental”.
§2391 – “A união carnal
não é moralmente legítima, a não ser quando se instaura uma comunidade de vida
definitiva entre o homem e a mulher. O amor humano não tolera a
"experiência". Ele exige uma doação total e definitiva das pessoas
entre si”.
§ 2350 – “Os noivos são
convidados a viver a castidade na continência. Nessa provação eles verão uma
descoberta do respeito mútuo, uma aprendizagem da fidelidade e da esperança de
se receberem ambos da parte de Deus. Reservarão para o tempo do casamento as
manifestações de ternura específicas do amor conjugal. Ajudar-se-ão mutuamente
a crescer na castidade”.
Se Deus nos dá uma lei,
faz isto por amor, não por maldade. E ninguém nos pode dar uma lei melhor do
que o Senhor, pois ninguém é mais sábio, santo, douto, e nos ama como Ele.
Então, passar por cima da lei de Deus, com as nossas pobres justificativas,
seria grande ofensa, pecado.
No plano de Deus a vida
sexual só tem lugar no casamento. São Paulo, há dois mil anos, já ensinava aos
Coríntios: “A mulher não pode dispor do seu corpo: ele pertence ao seu marido.
E também o marido não pode dispor do seu corpo: ele pertence à sua esposa” (1
Cor 7,4). O grande Apóstolo não diz que o corpo da namorada pertence ao
namorado, nem que o corpo da noiva pertence ao noivo.
Além do mais, a castidade
até ao casamento é um belo exercício de autodomínio para o jovem; uma garantia
de fidelidade depois do casamento. Mahatma Gandhi, célebre indiano hindu, que
não era católico, dizia: “A castidade não é uma cultura de estufa (…). A
castidade é uma das maiores disciplinas, sem a qual a mente não pode alcançar a
firmeza necessária”. E “A vida sem castidade parece-me vazia e animalesca”.
Salientando que “Um homem entregue aos prazeres perde o seu vigor, torna-se
efeminado e vive cheio de medo. A mente daquele que segue as paixões baixas é
incapaz de qualquer grande esforço” (Toschi Tomás, "Gandhi, mensagem para
hoje", Editora Mundo Três, SP, 1977, pg. 105ss).