Ave Maria Imaculada... Rezai o Terço todos os dias... Mãe da Eucaristia, rogai por nós...Rainha da JAM, rogai por nós... Vinde, Espirito Santo... Jesus, Maria, eu amo-Vos, salvai almas!

Namorar

O QUE É NAMORAR?

O namoro é dinâmico como a própria vida das pessoas.
Hoje a liberdade é enorme quando se fala deste assunto, o que, aliás, se torna ocasião para muitos desvirtuamentos em termos de namoro.

Coisas que para a geração anterior era impensável, hoje tornou-se comum entre os jovens; por exemplo, viajar juntos sem os pais; dormirem na mesma casa, etc.
Se por um lado esta liberdade pode até facilitar a maturidade dos jovens namorados, não há como negar que é uma oportunidade imensa para que o relacionamento deles ultrapasse os limites de namorados e precipite a vida sexual.
Lamentavelmente tornou-se comum entre os casais de namorados a vida sexual, inadequada nesta fase.

O namoro é o tempo de conhecer o outro, escolher o parceiro com quem a vida será vivida até à morte, e é o tempo de crescimento a dois.
Tudo isto será vivido através de um diálogo rico dos dois, pelo qual cada um se vai revelando ao outro, trocando as suas experiências e as suas riquezas interiores, e assim, começa a construção recíproca de cada um, o que continuará após o casamento.

O namoro é acima de tudo o encontro de duas pessoas, capazes de pensar, reflectir, cantar, sonhar, sorrir e chorar. O mar é belo e imenso, mas não sabe disso; a terra é bela e rica, mas não sabe disso; o pássaro é belo e não sabe disso. Tu és bela, inteligente, livre, dotada de vontade e de consciência; e sabes disso. Tu não és um objecto; és uma pessoa, Um ser espiritual e psíquico.
O namoro implica no reconhecimento da "pessoa" do outro, a sua aceitação e a comunicação com ela. É diferente conhecer uma pessoa e conhecer um objecto. O objecto é frio, a pessoa é um "mistério"; não pode ser entendida só pela inteligência, pois a sua realidade interior é muito mais rica do que a ideia que fazemos dela pelas aparências. Tu só poderás conhecer a pessoa pelo coração e pela revelação que ela faz de si mesma a ti.
No objecto vale a quantidade, o peso, o tamanho; a forma, o gosto; na pessoa vale a qualidade. O objecto é um problema a ser resolvido, a pessoa é mistério a ser revelado e compreendido. Tu estás diante de uma pessoa que é única (indivíduo), insubstituível, original, distinta de todos os outros... Alguém já disse que cada pessoa é "uma palavra de Deus que não se repete". Não fomos feitos numa forma.
No namoro terás que respeitar a "individualidade" do outro, para não o sufocar. Muitas crises surgem porque ambos não se respeitam como pessoas e únicos. É por isso que as comparações e os padrões rígidos podem ser prejudiciais. Não podes querer que a tua namorada seja igual àquela que conheces e admiras; o teu namorado não tem que ser igual ao seu pai... Cada um, é um. A liberdade é uma condição essencial da pessoa. Sem liberdade não há pessoa.
É no encontro com o outro que a pessoa se realiza; e aqui está a beleza do namoro vivido correctamente. Ele leva-te a abrires-te ao outro. A partir daí deixas de ser criança e começas a tornar-te adulto; porque já não olhas só para ti mesmo. O namoro é o tempo bonito de inter-comunicação entre duas almas. Mas toda a revelação implica num comprometimento de ambos. "Tu tornas-te eternamente responsável por aquele que cativas", disse o Pequeno Príncipe. Tornas-te responsável por aquele que se revela a ti do mais íntimo do teu ser. Cuidado, portanto, para não "coisificar" a tua namorada. Às vezes essa coisificação do outro torna-se até meio inconsciente hoje. Ela acontece, por exemplo, quando o noivo proíbe a noiva de usar batom, ou a proíbe de cortar os cabelos. O marido "coisifica" a esposa quando a obriga a ter uma relação sexual com ele, quando não a permite participar das "suas" decisões financeiras; quando proíbe que ela possa ter alguma actividade na Igreja, etc. O namorado "coisifica" a namorada quando faz chantagens emocionais com ela para conseguir o que quer. A namorada "coisifica" o namorado quando o sufoca fazendo-o ficar o tempo todo do seu lado, sem que o rapaz possa fazer outros programas com os amigos. O pai coisifica o filho quando o submete a si como se fosse um escravo... Não faças do outro um objecto, e não deixes que o vosso relacionamento se torne numa "dominação do outro", mas um "encontro" entre ambos. Nem Deus tira a nossa liberdade; Ele respeita-a, pois sem isto seríamos marionetes, robôs, e não pessoas. Ainda que o homem se ponha contra Ele – como acontece muito – ainda assim Ele te ama, e nunca te trata como um objecto. Coisificamos o outro quando o usamos; isto é triste.
O namoro é o tempo da "descoberta", do outro. E isto faz-se pelo diálogo, que é o alimento do amor. Há muitos desencontros porque falta o diálogo.
Namorar é dialogar! O diálogo é mais do que uma conversa; é um encontro de almas em busca do conhecimento e do crescimento mútuo. Sem um bom diálogo não há um namoro feliz e bonito. É pelo diálogo que o casal – seja de namorados ou cônjuges – aprende a conhecer-se, ajudam-se mutuamente a corrigir as suas falhas, vencem as dificuldades, cultivam o amor, aperfeiçoam-se e unem-se cada vez mais. Os namorados que sabem dialogar sabem escolher bem a pessoa adequada, fazendo uma escolha com lucidez e conhecimento maduro. Sem diálogo o casal não cresce, e o namoro não evolui, porque cada um fica trancado e isolado com os seus próprios problemas. Sem ele o casal pode cair na "crise do silêncio", ou apenas trocar palavras vazias, ou ainda, o que é pior, discutir e brigar. Por falta do diálogo, muitas vezes, cada um leva a "sua" vida e ignora o outro; ora, isto não é vida a dois, nem preparação para o casamento. São muitas as dificuldades para o diálogo, mas há também muitos pontos que o favorecem.
Vamos examiná-los.
Muitos não conseguem dialogar porque não estavam habituados a isto antes do namoro. Pode ser que tenha vindo de uma família que não tinha este hábito. Neste caso, será preciso ter a intenção de dialogar, romper o mutismo e abrir-se. Também o orgulho, o medo de reconhecer os próprios erros, o não querer "dar o braço a torcer", a vaidade de querer sempre ter razão, bloqueiam o diálogo. A falta de tempo, o trabalho em demasia, a televisão, o jornal, a revista, a internet, podem prejudicar o diálogo; se não forem doseados... Há também os condicionamentos de infância; às vezes a autoridade excessiva dos pais, a falta de liberdade para expressar as próprias ideias e opiniões; a super protecção que sufocou o espírito de iniciativa; a falta de participação nas soluções dos problemas familiares; tudo isto dificulta o diálogo. Portanto, será preciso esforço, vontade de se vencer e acertar. Para haver diálogo precisas de aprender a ouvir o outro; ter paciência para entender o que ele quer dizer, e, só depois, concordar ou discordar.
Sê paciente, não cortes a palavra do outro antes dele a completar.
Lembra-te, diálogo não é discussão. É preferível "perder" uma discussão do que dominar o outro. Dialogar é acolher o outro com o coração disponível. É aprender a "olhar" o outro, conhecer a sua vida profissional, familiar, os seus gostos, as suas aspirações, dificuldades, lutas... com respeito e atenção. Deixa que o outro tenha "entrada franca" no coração.
Não ponhas "cães de guarda" nas portas do teu palácio interior pois o outro pode ficar com medo de entrar. Quem são esses cães? O teu orgulho refinado, subtil, mas que subjuga o outro... O teu egoísmo que chama tudo sempre para ti. A inveja do sucesso do outro, que o impede de crescer. A tua ironia que faz pouco caso do que ele está a dizer... A tua grosseria que magoa o outro... São estes – e muitos outros – os "cães de guarda" que pomos à porta do coração. Às vezes ela ou ele vai embora dizendo: "Não tive coragem de entrar... tive medo que ele se risse de mim... que não me compreendesse... tive medo de ser ridícula". Não deixes que ele fique à espera até desanimar. Para que tu possas acolher o outro é preciso despojar-te de ti mesmo, estar disponível. É preciso que aceites criar este vazio no teu interior para que o outro o possa ocupar. É preciso fazer silêncio em ti, para poder ouvir e entender a voz do outro. Só assim serás atencioso com ela; e então o diálogo acontecerá. Sabe sorrir para o outro; não custa nada e ilumina tanto!... Sabe fazer silêncio.... As palavras são os veículos da alma que se exprime, desabafa e se acalma. Aprende a escutar o teu namorado atenciosamente; presta-lhe esta homenagem. Sabe falar mais do que lhe interessa, do que aquilo que te interessa a ti.
Não fiques a pensar em ti enquanto o outro fala, pensa nele. Há um escrito que diz assim:
As cinco palavras mais importantes são: "Eu estou muito satisfeito contigo". As quatro palavras mais importantes: "Qual a tua opinião?" As três palavras mais importantes: "Faz o favor". As duas palavras mais importantes: "Muito obrigado". A palavra menos importante: - EU –!
Enquanto estiveres dominado pela vontade de falar de ti mesmo, é porque ainda não estás apto a acolher o outro. Entretanto, não arranques o outro do seu silêncio à força; respeita-o, e aos poucos, ajuda-o a falar. Não devasses a sua intimidade.
Estás a ver que o namoro é como uma escola, onde se educa o amor; por isso é belo e rico. Vai fazendo perguntas com suavidade sobre a sua vida, as suas preocupações, o seu passado, a sua família, a escola, etc. ... Deixa-o dizer tudo o que ele quiser, e não fiques com aquele olhar distante, longe, nas nuvens... O diálogo exige gratuidade.
Se estiveres nervoso, preocupado, irritado e de mau humor, então, pega nisto tudo e entrega-o a Deus, na fé, para estares disponível. O mau humor, a lamúria, a constante reclamação, são venenos mortais para o diálogo e o relacionamento. Sorri, ainda que o teu coração esteja a chorar, por amor; isto não é fingimento. Sabe caminhar em direcção ao outro, estende-lhe a mão para o ajudar a entrar em ti. Se ele vier a ti cheio de problemas e angústias, não tenhas pressa em querer dar-lhe a solução mágica para as suas dores. Não, apenas deixa que ele se esvazie; deixa-o falar; só depois, quando ele tiver "deitado tudo cá para fora", só então, lhe dirás uma palavra amiga, e de conforto. Quando o médico vai tratar um tumor, primeiro deixa-o vazar completamente, tira todo o material infeccioso, só depois coloca o remédio. Assim também ocorre com as "infecções da alma"; primeiro é preciso esvaziá-la, para depois as curar. A grande necessidade das pessoas hoje é ter alguém que as ouça com tempo e disponibilidade.
Não será o namoro uma bela oportunidade também para isto? Se quiseres que o teu namorado te abra a alma, e se revele do fundo do seu ser, então sabe ser receptiva, silenciosa, discreta...Então ouvirás muitas confidências, e ele irá embora aliviado e crescido. A experiência tem mostrado que a maioria das pessoas que nos procuram para resolver os seus problemas, mais do que conselhos, querem desabafar uma angústia que está no coração. E quando tu te dispões a ouvi-las com atenção e carinho, elas vão-se acalmando e encontrando o remédio que precisam, sem que às vezes a gente não diga nada. É a necessidade da alma humana de desabafar. Portanto, o que o outro mais precisa no diálogo é da tua atenção esmerada. Não sejas aéreo enquanto o outro fala, esquece de ti mesmo. Dialogar não é discutir. Na discussão gasta-se muita energia, irrita-se e chega-se ao nervosismo que não leva a nada, ao contrário, só destrói o relacionamento. O diálogo conduz ao amor; a discussão leva à briga. Eis a diferença. Na discussão cada um – cheio de si mesmo – acha-se o dono da verdade e da razão, e não abre mão disso. É o orgulho que impera. No diálogo ambos procuram a verdade juntos, não se acham cheios de razão, e não se preocupam com quem ela está. Na discussão são pessoas que se exibem querendo vencer a outra; no diálogo, são argumentos e ideias que são apresentadas. A discussão é uma luta entre dois egos orgulhosos; o diálogo é o encontro de duas almas queridas.
Entendeste a diferença? Na discussão um quer arrasar os argumentos e ideias do outro, e desmoralizar os seus raciocínios; no diálogo cada um esforça-se para compreender os argumentos e ideias do outro, em vez de os atacar apressadamente. Quando discutes, já dás a resposta antes mesmo que o outro termine de dizer o que queria expor; no diálogo, queres que ele repita o que disse para que possas entendê-lo melhor.
Há um sabor mórbido em arrasar o outro numa discussão.
É próprio dos adversários quando se encontram; não de namorados que se amam e querem construir-se mutuamente. O que podes lucrar em "dobrar" o outro numa discussão? Nada, a não ser um pouco mais de orgulho e de arrogância! Além disso deixas o outro ferido e magoado, mais longe de ti... talvez até com mágoa e ressentimento, e com ódio no coração. A discussão termina com um vencido e um vencedor, como se fosse uma guerra. Será que isto deve acontecer entre duas pessoas que se amam?
O diálogo autêntico e necessário no namoro, não admite portanto, palavras, expressões ou gestos que humilhem o outro, ou que demonstrem pouco caso, cinismo, soberba, arrogância, prepotência... "tu tens um raciocínio de criança imatura!""A tua argumentação está toda vazia e furada!""Pareces louca, no mundo da lua!""Acho que estás a precisar de um psiquiatra!""Será que não vais crescer nunca?""Até quando vais continuar com este teu jeito de bebé chorão?" Expressões deste tipo ferem e magoam; e exigem que se peça perdão. Ao contrário são expressões do tipo: "Tu fizeste algo importante!""A tua opinião é muito importante!""Esta palavra que disseste, fez-me feliz". "A minha vida é melhor porque estás a meu lado..."
E tudo isto pode e deve ser dito sem fingimento, sem a preocupação de entrar numa arena de disputa, mas num coração para amar. Enfim, na discussão estás diante de um adversário a ser vencido; no diálogo, estás diante de uma pessoa a ser construída pelo amor. No entanto, se a conversa se transformar numa discussão, há uma saída nobre: deixa que o outro "vença" para que ela acabe o mais rápido possível.
Perder nesta "guerra" será uma vitória do amor. No diálogo, deve-se começar sempre observando o lado positivo das coisas e dos acontecimentos, e não se deixar derrotar pelo pessimismo que só vê o lado negativo. Lembra-te que tanto o pessimismo como o optimismo, contagiam facilmente as pessoas, com a diferença que o optimismo eleva os ânimos.
Outra coisa importante no diálogo, é fazer-se compreender. Se a diferença de cultura existir entre o casal, então cada um precisa de se esforçar para levar o outro a compreendê-lo. E esta será mais uma tarefa do amor. Mesmo a diferença cultural e científica pode ser superada pelo diálogo e pelo amor. É importante dizer que o compromisso de cada um, mais do que consigo mesmo, deve ser com a verdade. Se, como fruto do diálogo, perceberes que a verdade é diferente do que pensavas, então, por coerência, sabe aceitar a opinião do outro. Isto nunca será uma derrota tua, antes, uma vitória de ambos.
Numa discussão ninguém muda de opinião, pois o orgulho não permite. No diálogo, vence a verdade, surge a luz, reina a paz. Talvez agora estejas a começar a entender porque o diálogo autêntico é o instrumento indispensável para que possas descobrir as riquezas que estão escondidas no interior da pessoa que tu amas. Tudo que se faz de bom exige sacrifícios e tem um preço. Para que o casal cresça no namoro, têm que pagar o preço da renúncia ao próprio ego soberbo e arrogante, prepotente, exibicionista ou cheio de amor-próprio.
No diálogo, preocupa-te em procurar e apresentar "a" verdade, mas não a "tua" verdade. Não podemos ser donos da verdade; ela é autónoma, não depende de nós.
Só Jesus é a Verdade; todas as outras dependem d’Ele.
Na medida em que o tempo for passando, o diálogo for amadurecendo, e o namoro se for firmando, então será necessário conversar sobre as coisas do futuro, para se saber quais as aspirações que cada um traz no coração, e se elas se coadunam mutuamente. Não se trata de ficar a sonhar no vazio sobre o futuro, mas de começar a escolher e a preparar a vida que ambos vão viver e construir amanhã: a família, os filhos, etc.
Nada de real se faz nesta vida sem um sonho, um projecto, um plano e uma construção. Se de um lado, sonhar no vazio é uma doce ilusão, reflectir sobre o que se quer construir no futuro é uma necessidade.
É assim que nasce um lar.

 

 

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