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Meditar faz bem

Cinco fases do coração rumo à maturidade

A palavra “coração”, no sentido bíblico, traz uma profundidade para nós enquanto pessoas. Olha os ditados que temos: “Ai que dor no coração!” Será que se fizermos um exame vamos ver o nosso coração partido? Não. E, com certeza, tu também já deves ter dito: “estou com o coração apertado!”

São expressões que representam o que sentimos e vivemos. As emoções não partem do coração, mas do cérebro. Nós, no entanto, temos estas expressões, porque as usamos de acordo com a analogia da Bíblia, para nos mostrar que Deus também tem sentimentos como os nossos. Independentemente dos erros que temos cometido, Ele ama-nos, é apaixonado por nós. Isto é belíssimo! Precisamos de entender como funciona o coração de Deus para estarmos em sintonia com Ele.

Quantos casamentos já acabaram, porque o homem está numa frequência e a esposa noutra? Por isso precisamos de aprender a sintonizar o nosso coração com o de Jesus. Talvez tu me digas: “Deus não está a falar comigo”. Pode ser é que tu não estejas em sintonia com Ele.

Deus ama-nos como somos. Independentemente das nossas situações e pecados, o Senhor está connosco e quer nos guiar.

 “A linguagem é a morada do ser” (Heidegger). Na nossa linguagem e nas nossas palavras está aquilo que precisamos de viver. O que quer dizer o culto ao coração de Jesus? Significa aquilo que cultivamos, ou seja, o nosso relacionamento com Jesus, que nada mais é do que ter uma relação cultivada por Ele. Há muitas pessoas cultivando dinheiro, mágoa e ódio.

Talvez me digas: “Padre, eu cultivo tanto o coração do meu filho e do meu marido, mas não tenho nada de retorno deles!” Continue a cultivar os seus em Deus, porque verá os frutos. É possível cultivar uma terra cheia de raízes? Não. É preciso limpar a terra, para depois conseguir cultivar alguma coisa nela. Assim é o nosso coração. Se você não tira o lixo dele, não vai conseguir cultivá-lo. “Purifica o teu coração antes de permitires que o amor entre nele, pois até o mel mais doce azeda num recipiente sujo”, (Pitágoras).

Para tornar mais pedagógica esta reflexão, veio ao meu coração a ideia de dividi-la em cinco fases, para que o coração amadureça e chegue ao cultivo com Cristo.

Cinco fases do coração rumo à maturidade:

Primeira fase: autoconhecimento. O autoconhecimento é essencial para a felicidade. Se o coração não se conhece, ele não se possui, e continua a ser um estrangeiro no próprio território. Quantas pessoas são escravas de coisas que ela traz em si e mal conhece! Talvez tenhas uma herança negativa na área psíquico-emocional e não saibas. Pode ser que tenhas crescido num ambiente de relacionamentos doentes e tragas lembranças negativas. Embora este relacionamento não seja regra para todos os outros, tu os bloqueia com votos íntimos e secretos. É preciso saber por que é que o teu coração tem tal comportamento. Se não te acha que o teu jeito doente está certo, e vai ferindo as pessoas. Se tu não trabalhares o teu coração, podes ir para a China, que vais ser infeliz lá também.

Segunda fase: Escutar-se; esta é importantíssima! O presidente e director executivo da Apple, Steven Paul Jobs, foi entrevistado e perguntaram-lhe: “Como é que o senhor criou toda esta tecnologia na sua vida?” Ele respondeu: “Eu somente escutei o meu coração, porque nele e na minha intuição já estava expresso o que eu me tornaria na vida”.

 “O coração é o lugar onde Deus mais se revela” (Santo Agostinho). É claro que tu precisas de discernir e buscar a cura do teu coração, mas precisas de escutar o que ele te diz. Quando sentes uma constante insatisfação, o teu coração está a mandar um recado para ti. Onde precisas de repensar e reconstruir a tua vida? É preciso escutar o coração e as emoções.

Terceira fase: Curar as feridas. O pior cego é aquele que não quer ver. A pessoa mais fraca é aquela que não reconhece a sua fraqueza. É preciso saber onde estão as tuas fraquezas e entrega-las a Deus. Só cresce quem tem a humildade de se reconhecer fraco. Deus pode curar as tuas feridas, mas a fechadura está do lado de dentro do teu coração, e tu precisas de a abrir para que Deus entre e cure. Ele quer curar as feridas mais profundas da tua alma.

Quarta fase: Investir nos próprios dons e maturidades. No teu há feridas, mas há também dons e potencialidades ainda não explorados. Muitas vezes, os nossos dons estão sufocados pelas feridas; e para amadurecer na estatura do coração de Jesus, precisamos de visionar esse coração. Ficamos apenas com o que é ruim, mas temos muitos dons e belezas profundas dentro de nós. Quem sabe se tens um talento sufocado, dentro de ti, para a arte, a música, as artes cénicas, para algum trabalho? A realização humana está também ligada à potencialidade do ser.

Quinta fase: Tornar o coração morada de Deus. Nós tivemos o batismo e Deus está dentro de nós, mas precisamos de cultivar o nosso relacionamento com o coração d’Ele. Precisamos de retirar muitos entulhos que estão no nosso coração, pois se ele estiver cheio de lixo, será difícil amar. É preciso buscar os sacramentos e oração constante. Além de rezar, precisamos de qualificar o tempo da nossa oração.

Guarda estas cinco fases do amadurecimento do teu coração, “pois onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mateus 6,21).

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