Meditar faz bem
A nossa existência pode interferir na alegria de Deus?
- 04-02-2022
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“Tu és a alegria do
Senhor Teu Deus” (Is 62,5)
Que verdade maravilhosa esta que o profeta Isaías nos
comunica: “somos a alegria de Deus”. O grande padre da Igreja dos primeiros
séculos, Santo Irineu, já tinha dito, por volta do ano 160, que “o homem é a
glória de Deus”. Esta criatura tão frágil e tão grande é a glória e a alegria
do Todo-poderoso. Como podemos ter certeza disto? Será que somos mesmo tão
importantes para o Senhor? Será que a nossa existência pode, de facto, afectar
a alegria d’Ele? Sim. Esta é a resposta. Vamos meditar:
São Paulo diz, na Carta aos Efésios, que “do alto do céu o
Pai nos abençoou com toda a bênção espiritual em Cristo e nos escolheu n’Ele
antes da criação do mundo”. (Ef 1,3)
Não viemos ao mundo por acaso. O Senhor desejou-nos desde
antes da criação do mundo; e sem “violentar” a liberdade dos nossos pais
terrenos, Ele deu-nos a vida. Deus é o grande amigo da vida, Ele rejubila
quando uma criança nasce, porque é mais uma criatura gerada à Sua imagem e
semelhança, que vem a este mundo para o enriquecer. Lamentavelmente, perdemos
esta percepção.
“Não tenham medo da
vida!”
O que mais vale no mundo é a vida, e nada tem tanto valor
como uma criança. Por isso, a Igreja costuma dizer que o sorriso de uma criança
vem do céu. Assim, entendemos por que a Igreja não quer um controle irracional
da natalidade como acontece hoje em dia, onde a maioria dos países já não
consegue repor a população, por isso começa a diminuir os seus habitantes. É a
desvalorização da vida.
Disse Daniel Rops, um dos maiores historiadores católicos do
século XX, que “um povo que não se quer reproduzir é um povo doente”. É
verdade! Se a civilização despreza o maior valor – a vida –, se temos medo
dela, então, há algo de muito errado com esta civilização, que já não está mais
disposta a defender o que há de mais sagrado.
A frase que São João Paulo II mais repetiu aos casais, no
Jubileu do Ano 2000, foi esta: “Não tenham medo da vida!” São Paulo continua a dizer-nos
na Carta aos Efésios: “No seu amor predestinou-nos para sermos adoptados como
filhos seus por Jesus Cristo, segundo o beneplácito da sua livre vontade” (v.
5). Somos filhos de Deus, e somo-lo de facto! Diz também o Apóstolo São João:
“Considerai com que
amor nos amou o Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos de
facto” (1Jo 3,1). Ora, qual é a grande alegria dos pais? Não são os seus
filhos? Então, o profeta Isaías está convencido em dizer: “Tu és a alegria do teu
Deus.”
Celebrar a glória de Deus
Cada um de nós, tão pequenino, toca o coração de Deus. São
Paulo também disse aos efésios que fomos criados “para celebrar a glória de
Deus”:
“Nele é que fomos
escolhidos, predestinados segundo o desígnio daquele que tudo realiza por um acto
deliberado da sua vontade, para servirmos à celebração da sua glória” (vv.
11-12).
A vida do homem “celebra a glória de Deus”, porque é a sua
mais bela criatura visível. Nada se lhe compara. A ninguém o Senhor deu
inteligência, liberdade, vontade, consciência, capacidade de amar, cantar,
sorrir e chorar. A ninguém ele deu poder de voar no alto dos céus, de construir
as belas catedrais, de tocar o “chão” da lua, de perscrutar as estrelas. O
salmista já rezava admirado:
“Que é o homem para
pensardes nele? Que são os filhos de Adão, para que vos ocupeis com eles?
Entretanto, vós o fizestes quase igual aos anjos, de glória e honra o
coroastes. Destes-lhe poder sobre as obras das vossas mãos, vós lhe submetestes
todo o universo” (Sl 8,5-6).
Somos filhos amados de Deus
Fomos criados por amor, como filhos amados, para reinar,
neste mundo, em nome do Criador e dar-Lhe honra e glória pelo que somos e
fazemos. Não podemos viver uma vida pequena, mesquinha, desvalorizada,
desprezada, simplesmente porque o Criador não nos fez para isso. Ele nos quer
grandes por dentro, não por fora.
São Paulo ainda repete, uma vez mais, aos efésios que Ele nos
“adquiriu para o louvor da sua glória” (v. 14). A Beata Elisabete da Trindade
fez desta verdade o lema da sua vida e assim se santificou. Ela fez de cada
instante da sua vida, prisioneira no Carmelo, um acto de louvor a Deus.
Quando a humanidade experimentou o sabor horrendo do pecado
e, em consequência, o sabor amargo da morte, Cristo prontificou-se a
oferecer-se pelo nosso resgate das mãos cruéis do demónio. São Pedro explica
como ninguém:
“Porque vós sabeis que
não é por bens perecíveis, como a prata e o ouro, que tendes sido resgatados da
vossa vã maneira de viver, recebida por tradição dos vossos pais, mas pelo
precioso Sangue de Cristo, o Cordeiro imaculado e sem defeito algum, aquele que
foi predestinado antes da criação do mundo.” (1Pd 1,18.19).
Fomos criados pelo amor e pelo poder de Deus, e fomos
resgatados da morte pelo Seu amor, porque somos filhos d’Ele. Isto é, Deus fez
por nós o que cada um está disposto a fazer pelo seu próprio filho.
A nossa alma é esposa do Altíssimo
“Tu és a alegria do
Senhor teu Deus” (Is 62,5). Esta é a razão pela qual Jesus deseja,
ardentemente, ser recebido no nosso coração, na comunhão sacramental ou mesmo
na espiritual, muitas vezes durante o dia.
O que o Amado mais deseja é estar em comunhão com a Sua
amada. A nossa alma é esposa do Altíssimo. Santa Teresinha do Menino Jesus
dizia que Cristo não desceu do Céu à Eucaristia para ficar numa âmbula de ouro,
mas para viver no nosso coração. Portanto, o nosso coração é o refúgio do
Coração de Jesus, é o travesseiro onde Ele pode reclinar a Sua cabeça. Daí, a
importância de comungarmos com frequência e devoção, oferecendo ao Amado todo o
nosso amor e a nossa adoração. Não esqueças nunca:
“Tu és a alegria do
Senhor teu Deus” (Is 62,5).