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Esclerose Lateral Amiotrófica: especialista fala sobre doença rara
- 28-06-2018
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Esclerose Lateral Amiotrófica: especialista fala sobre
doença rara
Conhecida como ELA, é doença rara
A ELA ataca as células conhecidas como neurónios motores,
que são responsáveis pelos nossos movimentos voluntários, e acarreta paralisia
motora progressiva e irreversível. Assim, gradativamente, o paciente perde os
movimentos dos braços, das pernas, respiração e deglutição.
“O simples mancar,
ter dificuldades em girar uma chave ou abrir a tampa de uma garrafa são sinais
de que esta doença pode estar a desenvolver-se”, afirma o médico neurologista,
especializado em doenças neuromusculares, Marco António Chieia, quando
questionado sobre os primeiros sintomas aparentes.
A doença costuma desenvolver-se em homens e mulheres, mas a
idade pode variar. “Tudo vai depender do tipo de neurónio acometido”, explica
Chieia. “Quando a doença atinge braços e pernas, ela tem uma idade de início
que varia de 40 a 75 anos. Mas quando se inicia mais pela musculatura, a fala e
deglutição, varia de 50 a 80 anos. A forma que acomete membros é mais comum em
homens. Quando a doença atinge a fala e deglutição, atinge mais as mulheres”.
A doença pode ser identificada por meio de um exame
conhecido por eletroneuromiografia. Trata-se de um exame que avaliará a
presença de lesões que atingem nervos e músculos. “Neste exame espetamos um
músculo e verificamos se existe perda da actividade do nervo. A seguir
verificamos também a condição motora para sabermos como está a vitalidade do
neurónio motor”, esclarece o médico.
Outros exames (de sangue, ressonância magnética de crânio e
coluna cervical, por exemplo) podem ser feitos para que se possam distinguir
doenças que mimetizam a ELA. Mas a ciência ainda não desenvolveu nenhum exame
que possa antever a presença da doença. “Não há um exame que dê um diagnóstico
preciso. Este diagnóstico é feito por uma avaliação médica numa clínica, com
eletroneuromiografia que ajudará na análise e por exclusão de outras doenças
possíveis”, disse Chieia.
Não é uma doença genética
A origem da doença ainda está a ser estudada. Pesquisas
apontam que há alguma relação genética no seu desenvolvimento. Mas há outros
indícios com relação ao seu surgimento.
“Os mecanismos que
causam a doença mostram que existe uma correlação comprovada com o nosso DNA.
Os pacientes chegam com o DNA alterado desde muito tempo antes do
desenvolvimento da doença”, analisa o neurologista. “O DNA codifica a produção
das nossas proteínas dentro do nosso neurónio motor. E as proteínas funcionam
como uma rede intrínseca, como se fosse um computador. Se uma dessas funções
passa a funcionar errado, isto leva a perdas importantes e à degeneração dos neurónios”,
acrescenta.
A doença tem origem genética em 10% dos casos analisados.
Por outro lado, ela também se desenvolve em pessoas que não possuem quaisquer
indícios genéticos. “Uma falha pode ser herdada pelo DNA. Pode não se
desenvolver, já que podemos ter mecanismos protectores ou mecanismos conhecidos
como epigenéticos, que propiciam o desenvolvimento da doença perante uma
predisposição”, adverte Chieia.
Um dado curioso: a doença pode manifestar-se em atletas que
excedem nas actividades físicas. “O conhecido overtraining, que é comum em
jogadores de futebol e futebol americano. Desportos de alto impacto geram tudo
isto. O fumo também está associado ao surgimento da doença. Trabalhadores da
indústria braçal, o estresse da vida quotidiana, tudo isto pode contribuir de
uma maneira para que a doença surja em pessoas que tenham predisposição no seu
DNA”.
Doença não tem cura
A cura para a ELA não existe. O que a ciência desenvolveu
foram drogas e formas de tratamento que diminuem a sua progressão. “Não existe uma
cura”, afirma Chieia. “O que existe são tratamentos medicamentosos e
não-medicamentosos que atenuam ou reduzem a degeneração do aparelho motor”.