Como ajudar um alcoólico?
O consumo de álcool prejudica a quem o consome e a quem convive com o alcoólico.
A primeira atitude positiva a ser tomada é a informação de que o álcool pode causar dependência; de que o consumo é incentivado pela sociedade consumista, meios de comunicações e até pela família por não terem ainda entendimento de que além do álcool ser considerado porta de entrada para drogas dificulta a adaptação à família, estudo, trabalho e consequentemente a sociedade. A visão social que tende a simplificar e minimizar as consequências do uso do álcool é factor determinante no início do uso e duração da negação do problema. Conhecer a verdade permite maior capacidade de prevenção e diagnóstico.
Todos os profissionais que acompanham dependentes químicos são unânimes num ponto básico: a família tem um peso muito grande na recuperação do alcoólico.
Raramente o alcoólico quer deixar de beber e nunca acha que o álcool é o causador do problema. Se ele não vê no consumo uma situação problema, é muito provável que não procure a ajuda de um profissional para sair da situação. A família que é a mais prejudicada pelo consumo precisa de assumir uma postura madura de busca de informações e persistência nas suas decisões para poder ajudar o alcoólico.
Os dependentes não podem se manter sozinhos. Por causa das suas necessidades, eles apoiam-se em pessoas próximas a eles. Desta forma, as pessoas mais significativas na vida de um dependente químico podem perpetuar o seu comportamento ou abrir caminho para a sua recuperação.
O programa de recuperação Amor Exigente citam 10 princípios importantes para a reflexão da família do dependente, os 10 princípios propostos estão grifados, acrescento as explicações:
:: Os problemas familiares têm raízes na cultura. A sociedade influencia o consumo do álcool, mas culturas familiares alcoólicas geram dependência emocional que mantêm padrões co-dependentes. "A co-dependência é uma síndrome emocional de pessoas que só sabem estabelecer relacionamentos baseados em problemas".
:: Os familiares são humanos. E como seres humanos reagem ao ambiente e acabam tão envolvidos com o problema que assumem responsabilidade pelo bebedor esquecendo-se de si mesma.
:: Os recursos materiais e emocionais dos familiares são limitados. O amor pode tornar-se uma obsessão e para salvar o que consideram amor, os familiares podem desligar-se totalmente de si e tornam-se imprudentes para salvar o nome ou a vida do alcoólico.
:: Pais e filhos não são iguais. A hierarquia na família tem que existir. Se um dos pais é alcoólico, o outro precisa de se mobilizar para que a família toda não sofra as consequências. Se o filho é alcoólico, os pais precisam de educar mais do que negar, culpar ou acreditar em promessas ou mentiras.
:: A acusação dos dependentes mantêm os familiares sentindo-se culpados. Os dependentes assumem um papel de vítima e os familiares acabam, no mínimo, por ficar confusos e sentido-se culpados.
:: O comportamento do dependente afecta a família. O comportamento da família afecta o dependente. Por isso quando a família procura tratar-se, acaba por gerar, no mínimo, um questionamento no dependente.
:: A tomada de atitude precipita a crise. Ser firme, persistente e corajoso colocando limites adequados, precipita a crise, pois a família começa a tirar a protecção afectiva que mantinha o problema. O dependente com certeza vai inicialmente acusá-lo mais ainda.
:: De uma crise bem-controlada advém uma mudança positiva. A família precisa de se libertar do temor. É necessário analisar cada momento e decidir a próxima atitude, sabendo que é um processo de mudança gradual.
:: A fim de que melhorem, as famílias precisam dar e receber apoio na sua comunidade. A família não pode e não deve continuar a esconder os problemas que tem pelo consumo inadequado do álcool. Não deve e não pode continuar a tapar todos os buracos abertos pelo dependente.
:: A essência da vida é a cooperação entre os seus membros, não a intimidade entre os membros. A cooperação baseia-se na aceitação de uma liderança sóbria e de uma hierarquia familiar, sendo ambas voltadas unicamente para o bem de todos os membros - "somos uma família em que há cooperação, vivemos e trabalhamos juntos, portanto não toleramos que qualquer um faça apenas o que o quer à custa dos demais".
Não é tarde demais para começar a mudança. Também não se iluda que é fácil e rápido, mas é possível. Tu precisas de ter atitudes construtivas contigo e com a família em primeiro lugar.
Se tu que estás a ler, és dependente, encara-te de frente. Tu não és um problema, mas tens um grande problema para resolver. Pede ajuda. Procura informações correctas, não deixes que outros dependentes te orientem. Quem sempre te ajudou nas mentiras e na dor é lógico que pode e quer ajudar-te a sair desta. Dá o primeiro passo: pedir ajuda é essencial.