Jovens com Valor
«Quero ser parte da equipa que restaura a verdade e a palavra de Jesus Cristo nesta terra»
- 27-04-2023
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Joe Reali, jovem norte-americano,
jogador de futebol, descobriu que mais importante que ganhar um jogo de futebol
é ganhar o céu e muitas almas para Cristo. Dizia: «Em vez de ganhar apenas
meros “jogos” de futebol, que eram a coisa mais importante para mim enquanto
miúdo, nós temos o poder de ganhar almas para Jesus Cristo, que para mim é
muito mais importante, e algo pelo que no fim da minha vida eu amaria cair
exausto, porque sinto que isto me daria o total cumprimento da minha vida.»
No dia 16 de Janeiro de 2015, morria inesperadamente Joseph “Joe” Reali, devido
a um problema cardíaco súbito. No entanto, esta morte seria o coroar de uma
vida intensa de procura constante por ser fiel a Deus e à vocação. Joe Reali
nasceu a 28 de Janeiro de 1989, no estado de Nova Iorque, Estados Unidos da
América. O mais novo de quatro irmãos, tinha duas irmãs e um irmão. Desde cedo,
na sua família se vive a fé católica. Família originariamente italiana, por
várias circunstâncias ligada ao Santo Padre Pio. Viveu os primeiros anos da sua
vida com os pais e os irmãos na casa dos avós paternos e aos sete anos
mudaram-se para Woodbury, também no estado de Nova Iorque. Participou na vida
da paróquia do Santíssimo Nome de Jesus, onde fez a primeira comunhão, recebeu
a Confirmação e foi acólito. o à
Muitas vezes estamos habituados a pensar
nos santos como personalidades distantes e especiais. No entanto, vamos sempre
aprendendo que a santidade não é algo estranho, mas a presença de Deus na nossa
vida normal. Isto é especialmente verdade no caso de Joe. Como testemunha a sua
mãe, Lisa, a este respeito: «Joe era um homem normal, tinha um grande grupo de
amigos com quem gostava de sair, estava envolvido no desporto escolar e viveu
como qualquer outro miúdo a sua adolescência e o início dos vinte anos.» Mais
sugestivo é o testemunho da sua irmã: «O mais espetacular sobre Joe era que ele
era um miúdo normal que se preocupava por parecer no seu melhor, estar em forma
(sempre a tentar ter um “6-pack”). Era um grande atleta. Amava carros e roupas
boas. Joe gostava muito de treinar e ter cuidado com o seu corpo. Gostava de
ter o cabelo cortado e a barba feita. Sempre queria ter a certeza de que
parecia bem e de que cheirava bem. Gostava de usar toneladas de colónia e até a
espalhava nas saídas do ar condicionado do seu carro. Gostava de sair, dançar e
divertir-se. Era a alma da festa – muitas vezes no meio do círculo de dança.
Gostava de pregar partidas. Conseguia transformar um dia normal em algo
especial. Joe era um miúdo muito simples e humilde, que estava sempre feliz e
viveu a vida ao máximo.»
Por que é, então, tão especial a vida de Joe e, ousamos dizer (sem em nada
querer antecipar o juízo da Igreja), um modelo de santidade? Por aquilo que a
mesma irmã de Joe diz a respeito dele: «No centro de tudo o que fazia estava
Jesus.» Isto mesmo encontramos em vários aspectos da sua vida. Desde logo, na
forma como vive a fé. Frequentou uma escola pública, onde muitas vezes a fé era
posta em causa, no entanto, não deixou de testemunhá-la, ter uma imagem de
Nossa Senhora no seu cacifo e querer levar todos para a Igreja, nomeadamente
levando a sua equipa de futebol a rezar antes de um jogo. Joe era um verdadeiro
apóstolo. Dizia ele: «A maior bênção para mim na vida são as pessoas que vêm
até mim, porque então posso levá-las até Cristo, que as salvou.» Este
apostolado sem limites deriva da consciência de que não há qualquer separação
entre a vida de fé e a vida do dia a dia. Só somos cristãos quando a nossa vida
pessoal e a vida cristã se fundem totalmente.
Amava o futebol, mas tinha uma grande consciência das prioridades. Assim, tinha
Deus em primeiro lugar. Tudo era para Deus e para a vida de fé. Depois, a
família. Sabia que a família era um dom de Deus e por isso dedicava-se muito à
vida familiar a ajudar no que fosse necessário. Em terceiro lugar, o futebol.
Por exemplo, quando em 2009 a sua mãe teve de fazer tratamentos de
quimioterapia devido a um cancro do cólon, deixou de praticar futebol para
ajudar a família naquele momento difícil. Este jovem é, assim, um grande exemplo
de virtude, sabendo decidir as prioridades. amava o
futebol, mas tinha Deus em primeiro lugar, depois a
A vida espiritual de Joe Reali baseia-se
num tripé: Confissão, Eucaristia e Terço. Um sacerdote carismático disse certa
vez a um grupo de jovens, no qual estava Joe, que se se confessassem
frequentemente, fossem muitas vezes à missa e se rezassem o terço, era certo
que iriam para o Céu. Esta promessa tocou profundamente o coração do nosso
jovem.
Para Joe a confissão era como um
«banho espiritual». Tinha perfeita consciência de que recebia graças para a
luta contra o pecado, por isso, quando saía ao sábado à noite com os amigos,
antes ia confessar-se, para que o divertimento que teria naquela saída fosse
sem qualquer pecado. Para a confissão procurava sempre o padre que “puxasse”
por ele, isto é, que o ajudasse a querer uma vida de maior perfeição cristã.
No coração da vida espiritual de Joe
encontramos o sacramento da Eucaristia.
Com os compromissos desportivos, muitas vezes tinham deslocações para jogos.
Quando algum destes compromissos surgia ao domingo, ele não ia a não ser que o
treinador se comprometesse a levá-lo à missa. Quando foi para o ensino
secundário, começou a ir todos os dias à
missa. Tinha uma particular consciência da presença real de Jesus na
Eucaristia. Comungar era verdadeiramente unir-se à vida de Jesus e participar
da vida divina. Também ganhou um lugar muito importante a adoração eucarística.
Conta uma das suas irmãs que quando foi aprovado na carta de condução, a
primeira coisa que fez foi conduzir até a uma igreja para ir fazer adoração
eucarística.
Finalmente, o terço. Era o momento
de intimidade com Nossa Senhora, em que podia sentir a doce presença da Mãe do
Céu, por isso, dizia: «Tenho um amor pela Mãe Bendita, como nenhum outro.» Na
família de Joe era hábito rezar-se o terço todas as noites em família e, assim,
desde muito jovem, aprendeu a viver bem esta oração. Não passava um dia sem rezar o terço. Ao mesmo tempo, a devoção a
Nossa Senhora criou em Joe um grande respeito pela mulher. No ambiente
desportivo masculino podia ser fácil criar-se alguma forma de estar menos digna
a respeito do sexo feminino. Por isso, recomendava Joe: «Tratem as mulheres
como a vossa mãe – não – como se fosse Nossa Senhora.»
No final da vida, Joe sentiu que Deus o
chamava a dar-se. Ingressa no seminário para se formar padre. Também aqui vemos
como viveu a 100% o chamamento de Deus. Pouco antes de pedir a admissão ao
seminário, conheceu uma rapariga com quem podia formar uma bonita família
católica. No entanto, percebeu que essa não era a vocação de Deus para ele.
Conta este episódio na carta que escreve a pedir a admissão ao seminário e
completa: «Sinto que se Deus arriscou ao enviar o seu único Filho para salvar o
mundo e a mim, porque eu não arriscar em dar-Lhe de volta a minha vida
inteiramente por meio do serviço a Ele e trazendo outros para a nossa eterna
casa que é o Céu?»
Texto: Pe. Ricardo Figueiredo